terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Dario Argento


Mestre do "Horror Italiano", Dario Argento nasceu em Roma, no dia 7 de setembro de 1940. Sua mãe era uma fotógrafa brasileira que se casou com um italiano, Salvatore Argento (produtor de cinema), e decidiu morar na Itália. Por esse motivo, Dario considera-se meio brasileiro. Diz ter familiares e muitos amigos no Brasil.

Considerado pela crítica como uma espécie de Alfred Hitchcock italiano, principalmente quando assina obras geniosas de suspense como O Pássaro das Plumas de Cristal e O Gato das Nove Caudas. Da mesma forma como Hitchcock descobriu Psicose, Dario descobriu o horror. Virou o mestre europeu do gênero. "Até os americanos me reconhecem como mestre", admite sem falsa modéstia.

Ele não consegue explicar de onde veio sua atração pelo 'giallo', o nome como o gênero policial é tratado na Itália, porque os pulps, antigamente, tinham capas amarelas (uma característica que não era só italiana; no Brasil também houve a Série Amarela). Mas arrisca uma interpretação. "Não tenho medo de olhar para o meu lado escuro, não vejo os olhos quando vejo a violência do mundo à minha volta." Foi assim que, em sua carreira, o suspense progressivamente foi sendo substituído pelo horror e, por meio dele, Argento gosta de explorar os limites do medo na tela. Mas não prega sustos só por pregar. Está sinceramente interessado em discutir a angústia contemporânea.

Diz que se interessa muito por psicanálise. Jung? Não, Freud. "A Interpretação dos Sonhos é a minha Bíblia; sempre que vou a Viena, nunca deixo de visitar a casa dele." O freudianismo transparece no filme A Síndrome de Stendhal, que costuma passar na TV paga, mas o preferido de Argento é Suspiria. "É belíssimo", define. Belíssima, para ele, também é a sua versão de O Fantasma da Ópera, que saiu só em vídeo no Brasil, com Julian Sands e Asia Argento, sua filha.

Muitos diretores como Brian De Palma e Stanley Kubrick aprenderam com ele a usar um estilo único de movimentação de câmera e mistura de cores que criam efeitos impressionantes na tela.

Filmografia

- 1969: As Plumas de Cristal
- 1975: Prelúdio Para Matar
- 1977: Suspiria
- 1980: A Mansão do Inferno
- 1985:Demons (produção)
- 1986:Demons 2 (produção)
- 1986:Terror na Ópera
- 1990:Dois Olhos Satânicos
- 1993:Trauma


Fonte: baseado num texto de Luiz Carlos Merten

George Romero


George Romero é o mais lendário e aclamado realizador de filmes de zumbis (considerados um gênero próprio pelos fãs nos EUA), com títulos como A Noite dos Mortos-Vivos, Despertar dos mortos e O Dia dos Mortos no seu currículo de escritor/cineasta.

Recentemente, Romero apostou em remakes da sua obra, e assim estreou em 2005 o filme Terra dos mortos para voltar a fazer as delícias dos fãs do gênero. Alguns anos antes, o nome de Romero tinha sido considerado para realizar a adaptação do jogo de vídeo Resident Evil, mas acabou por ser retirado do projeto em detrimento de Paul W. S. Anderson.

Continuando a retomada iniciada em 2005, Romero rodou o filme Diary of the Dead, lançado em 2007. O filme foi produzido com um orçamento menor que o Terra dos mortos. Existem boatos de que ele realize uma continuação direta para Diary of the Dead.

George A. Romero (por Gabriel Paixão)

"Meus filmes sobre zumbis foram tão longe que eu fui capaz de refletir os climas sócio-políticos de décadas diferentes. Eu tenho um conceito de que eles têm uma pequena parte de uma crônica, um diário cinemático do que está acontecendo”.

Se fôssemos capazes de resumir em uma única palavra o que George A. Romero representa para o gênero terror, ela seria nada menos do que Mestre. Considerado como o pai dos filmes modernos sobre zumbis, Romero sempre foi respeitado, homenageado e referenciado neste sub-gênero que ajudou a promover com excelência.

Sua figura simpática, acessível e por vezes tímida na vida pessoal se transforma em um homem com o pulso firme de uma pessoa que sabe o que quer, quando está dirigindo uma produção e tornando-a mais um sucesso.

George Andrew Romero (sim, o A é de Andrew), nasceu no dia 4 de fevereiro de 1940, na cidade de Nova York, Estados Unidos, com descendência cubana, e entrou na renomada universidade Carnegie-Mellon em Pittsburgh no estado da Pennsylvania. Depois de graduado, Romero passa a dirigir pequenos curtas e comerciais.

Ele e alguns amigos formaram a produtora Image Ten Productions no final dos anos 60. Fizeram uma espécie de "vaquinha" levantando cerca de 10 mil dólares para cada um e produzir o que se tornaria um dos filmes de terror mais celebrados de todos os tempos: A Noite dos Mortos Vivos (1968).

Filmado em preto e branco com um orçamento de um pouco mais de 100 mil dólares, a visão de Romero, combinada com um roteiro sólido de autoria própria com auxílio do co-fundador da Image, John A. Russo, trouxe para a produtora um excelente retorno financeiro, alçando status de cult. A importância da produção foi tamanha que em 1999 o filme foi indicado para entrar no registro nacional de filmes do congresso dos Estados Unidos.

Antes de retornar aos mortos-vivos os próximos filmes de Romero foram menos aclamados e conseqüentemente menos vistos, mas não menos curiosos. Nesta fase estão filmes como Estrnhas Mutações (1973) e Martin (1977). Apesar de não obterem o sucesso atingido com A Noite..., estes filmes tem sua assinatura nas críticas e comentários sociais, normalmente relacionados com o terror. Como a maioria de seus filmes, eles foram rodados na cidade favorita de Romero (Pittsburgh, Pennsylvania) ou arredores.

Até que chega 1978 e Romero retorna ao gênero dos zumbis com o filme que conseguiu superar o resultado obtido anteriormente com A Noite dos Mortos Vivos. Despertar dos Mortos foi produzido sem o envolvimento da Image Ten, até então detentora da franquia, pois devido a um erro da produtora na hora de registrar A Noite... acabou transformando-o em um filme de domínio público, como resultado Romero e os investidores originais não receberiam nenhum dinheiro sobre os lançamentos em vídeo.

Filmando em um shopping na Pennsylvania durante a madrugada, Romero conta à história de quatro pessoas que escapam de uma série de ataques de zumbis e se trancam dentro de um lugar em que pensam que é um paraiso até que se tornam vitimas de si mesmos, da cobiça e de uma gang de motoqueiros.

Filmado com um orçamento de apenas 500 mil dólares (dizem que a cifra de 1,5 milhões divulgada foi apenas uma jogada de marketing para ajudar os produtores nas negociações com os distribuidores), o filme arrecadou mais de 40 milhões no mundo inteiro e foi nomeado como um dos filmes mais "cults" de todos os tempos pela revista Entertainment Weekly no ano de 2003. O filme também marcou o início de uma amizade e parceria duradoura entre Romero e o brilhante artista em maquiagem e efeitos Tom Savini.

Despertar dos Mortos abriu as portas para Romero trabalhar com maiores orçamentos e elencos mais estrelados. O primeiro filme desta fase foi Cavaleiros de Aço (1981), onde trabalhou com o ator Ed Harris e em seguida Creepshow (1982) que marcou a primeira, mas não a última, adaptação de um trabalho do escritor Stephen King. Creepshow fez sucesso suficiente para que fosse habilitada uma continuação em 1987 também roteirizada por Romero.

A carreira de Romero deu uma declinada com o encerramento da então trilogia dos mortos com o filme Dia dos Mortos (1985). Sem o mesmo brilhantismo de seus dois filmes anteriores sobre zumbis, a produção derrapou na mão dos críticos que o consideraram bem "nhé", não tendo o sucesso esperado na bilheteria e fazendo com que Romero voltasse ao assunto quase 20 anos depois.

Na seqüência Romero dirige Comando Assassino (1988), sobre um homem tetraplégico e um macaco treinado que vira aos poucos seu instrumento de vingança. Ganhou prêmios em alguns festivais, mas não foi muito celebrado pelo público médio. Depois reparte uma adaptação de um conto de Edgar Allan Poeno filme Dois Olhos Satânicos (1990) com o diretor Dario Argento e em seguida mais uma adaptação de Stephen King com o interessante e subestimado A Metade Negra de 1993.

Sem obter o mesmo reconhecimento em termos de bilheteria dos seus filmes de zumbis, Romero só voltaria à cadeira de diretor após um hiato de sete anos com o filme A Máscara do Terror, sobre um homem cuja face se torna gradualmente uma máscara branca, que também não foi bem e entrou no hiato novamente, desta vez por mais cinco anos.

Mas um pouco antes, em 1998, Romero foi contratado pela produtora de games Capcom para rodar um comercial de 30 segundos para promover o popular game Resident Evil 2, acontece que o comercial foi divulgado nas semanas que seguiram do lançamento jogo e se tornou muito popular no Japão, fato este que fez com que a Capcom formalizasse um convite para que Romero dirigisse a versão cinematográfica do game. Como bem sabemos Romero recusou, em suas palavras: "Não quero fazer mais um filme de zumbis e não quero fazer um filme baseado em alguma coisa que não é minha...". Entretanto um pouco depois o diretor reconsiderou e chegou a escrever um roteiro, embora tenha recebido vários elogios, foi descartado para dar lugar ao tratamento de Paul W. S. Anderson.

Romero demonstrou admiração pelo diretor Zack Snyder após os bons resultados do remake de Despertar dos Mortos, lançado no Brasil como Madrugada dos Mortos (2004), fato este que contribuiu para o retorno do diretor em transformar a trilogia em quadrilogia, não antes de se aventurar no mundo dos quadrinhos ao escrever uma minissérie pela DC Comics em 6 partes chamada "Toe Tags Featuring George Romero" (com arte de Tommy Castillo e Rodney Ramos).

Em 2005 finalmente sai Terra dos Mortos e com criticas positivas e bom retorno financeiro, Romero anunciou mais um filme sobre zumbis: Diary of the Dead, mas rumores que, no começo do mês outubro de 2006, o diretor teria sido hospitalizado por um colapso preocuparam os fãs. Surpreendentemente na metade deste mesmo mês o mestre se sentiu bem o suficiente para continuar sua mais nova obra. Atualmente o filme se encontra em pós-produção para lançamento em meados de 2007.

Curiosidades

- George Romero é casado com a atriz Christine Forrest que conheceu nos sets de Season of the Witch e que quase sempre faz ponta nos seus filmes;

- Foi candidato para dirigir uma versão cinematográfica do livro "A Dança da Morte" de Stephen King, adaptado por Rospo Pallenberg, mas o filme nunca se materializou. Ao invés disto foi adaptada pelo próprio King em uma minissérie de TV;

- Também foi contatado para dirigir Cemitério Maldito, mas desistiu devido a diversos atrasos, passou o bastão para o amigo Tom Savini, que também caiu fora até que finalmente Mary Lambert ficou com o trabalho;

- Começou a fazer filmes quando ainda tinha 14 anos em uma câmera de 8mm;

- Romero colaborou com a empresa de games Hip Interactive na produção de um jogo chamado City of the Dead, mas o jogo foi cancelado devido a problemas financeiros da empresa;

- Segundo George Romero seus 10 filmes favoritos são: Irmãos Karamazov (1958), Casablanca (1942), Dr. Fantástico (1964), Matar Ou Morrer (1952), As Minas do Rei Salomão (1950), Intriga Internacional (1959), Depois Do Vendaval (1952), Repulsa Ao Sexo (1965), A Marca Da Maldade (1958) e Os Contos de Hoffman (1951), muito embora afirme que foi este último que o fez ter vontade de fazer filmes;

Filmografia

2005: Terra dos mortos (Land of the dead)
2000: A Máscara Do Terror (Bruiser)
1993: A Metade Negra (Dark half, The)
1990: Dois olhos satânicos (Due occhi diabolici)
1988: Comando assassino (Monkey shines)
1985: O Dia dos Mortos (Day of the dead)
1982: Creepshow - Show de horrores (Creepshow)
1981: Cavaleiros de aço (Knightriders)
1978: Despertar dos mortos (Dawn of the dead)
1977: Martin (Martin)
1974: O.J. Simpson: Juice on the loose (TV)
1973: Exército de Extermínio (The Crazies)
1972: Season of the Witch / Hungry wives
1971: There's always vanilla
1968: A Noite dos Mortos-Vivos (Night of the living dead)

Fontes: Wikipédia; George A. Romero.

Lima Barreto

Chamado "o romancista da primeira república", Lima Barreto foi um crítico virulento da vida carioca nesse período histórico. Não se limitou a estigmatizar o farisaísmo e a mediocridade arrogante da burguesia nascente, mas recriou também o panorama social da existência miserável e triste dos subúrbios, com seu rebuliço e sua áspera luta pela vida.

Entre o realismo psicológico machadiano e a explosão modernista, foi esteticamente um solitário, que se orientou pela linha inovadora de um realismo crítico de cunho popular e rebelde.

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 13 de maio de 1881. Mulato, de família muito pobre, perdeu a mãe aos sete anos. Estudou no Colégio Paula Freitas, onde também se preparou para a Escola Politécnica, em cujo vestibular foi aprovado em 1896. Em 1902, seu pai enlouqueceu e, no ano seguinte, o escritor abandonou o curso de engenharia para trabalhar na Diretoria de Expediente da Secretaria da Guerra. Em 1904, Lima Barreto começou a escrever a primeira versão de Clara dos Anjos.

O escritor foi rejeitado pela maioria dos escritores de seu tempo, não propriamente por sua origem de classe e de raça, mas por não ter abdicado dessa condição na consciência e na prática, já que sempre rejeitou as receitas éticas e estéticas impostas de cima para baixo, o falso refinamento e a gramática da intelligentsia ainda submissa aos padrões estrangeiros.

Ao erigir uma obra em estilo brasileiro, impregnada de tipicidades do linguajar carioca e voltada para a crítica social, foi um dos primeiros a romper com o complexo colonial da literatura brasileira. Boicotado por críticos, jornais e editores, enfrentou muitas dificuldades para publicar seus livros. O primeiro a aparecer foi Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909), itinerário de um anti-herói negro, em tom autobiográfico.

Angustiado, presa do álcool e da vida boêmia, o escritor teve em 1914 sua primeira internação no Hospício Nacional, para onde voltaria cinco anos depois. Em 1915 editou O triste fim de Policarpo Quaresma, sua obra-prima, que traça o destino tragicômico de um homem tomado pelo patriotismo ingênuo, em quixotesca luta contra a corrupção dos políticos.

Em Numa e a ninfa (1915), criou uma galeria grotesca de figurões da República Velha, recheados de vícios e de apetite pelo dinheiro. Particularmente interessante é o retrato do deputado Numa Pompílio de Castro, paradigma do bom-mocismo cínico e da estupidez atarefada. Em 1918, divulgou no semanário ABC seu manifesto de apoio à revolução russa.

No ano seguinte, candidatou-se à Academia Brasileira de Letras, mas recebeu apenas dois votos. Sua verve satírica reservou um lugar especial para a diplomacia brasileira em Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919), onde a principal personagem é a cidade do Rio de Janeiro, poucas vezes tão bem retratada. Em 1920, publicou Histórias e sonhos, livro de contos.

Muitas obras de Lima Barreto foram publicadas postumamente. Merecem referência especial os romances Clara dos Anjos, inacabado, e Cemitério dos vivos, de que o escritor deixou apenas fragmentos. No primeiro, retomou o tema do preconceito racial na vida de uma moça de subúrbio, seduzida e abandonada por um conquistador de camada social superior.

A fragilidade do argumento revela um Lima Barreto decadente e minado pela doença. Apesar disso, nos dois únicos capítulos de Cemitério dos Vivos, onde predomina a atmosfera do hospício, percebe-se o quanto ainda poderia realizar o talento do romancista se contasse com melhores condições materiais e de saúde.

O descaso crítico e editorial com relação à obra do autor foi amplamente compensado com a organização das Obras de Lima Barreto, publicadas em 1956 em 17 volumes. A coleção reúne não só as obras citadas, como também as coletâneas de crônicas e artigos Bagatelas, Feiras e mafuás, Vida urbana e Marginália, as sátiras Os Bruzundangas e Coisas do reino do Jambon, o livro de crítica literária Impressões de leitura, além do Diário íntimo e de dois tomos de Correspondência.

Lima Barreto morreu no Rio de Janeiro em 1º de novembro de 1922.

Fonte: ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.