domingo, 30 de setembro de 2012

Assassinado e reencarnado

O dr. Ian Stevenson é o mais notável conhecedor de reencarnação do mundo, um especialista em sair ao encalço de casos de crianças que parecem se lembrar de vidas passadas. 

Particularmente surpreendentes são os casos em que a criança nasce com marcas de nascença aparentemente herdadas de sua existência anterior. Um de seus casos mais dramáticos o de Ravi Shankar, que nasceu na cidade de Kanauj, Estado de Uttar Pradesh, Índia, em 1951.

Desde sua infância, Ravi afirmava que, na verdade, era filho de um homem chamado Jageshwar, um barbeiro que morava em um distrito nas redondezas. Ele dizia também que fora assassinado. Seu pai da vida presente não acreditava em uma só palavra do que dizia, e começou a espancá-lo para fazer com que parasse de falar bobagens.

Os castigos corporais de pouco adiantavam para reprimir as lembranças de Ravi, e ele ficou ainda mais obcecado com as revivificações de sua vida passada à medida que ia ficando mais velho. Chegou mesmo a desenvolver a estranha ilusão de que seus assassinos da vida anterior ainda estavam querendo pegá-lo. Embora a história toda fosse fantástica, Ravi nascera com uma bizarra marca. Era uma cicatriz de 5 centímetros de comprimento sob o queixo, que lembrava um tipo de ferimento feito por faca.

As lembranças e a idéia fixa de Ravi finalmente foram associadas a um assassinato ocorrido naquela região, seis meses antes de seu nascimento. No dia 19 de julho de 1951, o jovem filho de Jageshwar Prasad - um barbeiro local - foi assassinado por dois homens, que o decapitaram. Os homens, na verdade parentes da vítima, queriam herdar os bens imóveis do pai do rapaz. Embora os assassinos tenham sido presos, tiveram de ser libertados, devido a um recurso jurídico impetrado pelo advogado.

Quando Jageshwar Prasad ficou sabendo das declarações de Ravi, decidiu visitar a família Shankar para verificar os relatos pessoalmente. O barbeiro conversou com Ravi durante um longo tempo, e o rapaz, gradativamente, reconheceu-o como seu pai de uma vida anterior.

Ravi chegou até a dar-lhe informações detalhadas sobre seu assassinato, informações conhecidas apenas por Jageshwar e pela polícia. E, mesmo nos dias de hoje, Ravi ainda exibe aquela estranha marca de nascença sob seu queixo, um indício de seu assassinato em uma vida anterior na índia.

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Fonte: O Livro Dos Fenômenos Estranhos - Charles Berlitz

Visões da Morte

No mundo inteiro, as pessoas há muito tempo levam a sério as visões daqueles que se aproximam da morte. Durante a Segunda Guerra Mundial, registros suplementares foram mantidos em pelo menos um hospital de campanha na URSS, com relação aos soldados seriamente feridos que, literalmente, haviam sido trazidos de volta à vida, após estarem à beira da morte. De acordo com estudo de numerosos casos relativos àqueles que "voltaram", depois de praticamente já estarem "do outro lado'', muitas dessas pessoas tiveram rápida visão de natureza religiosa, conforme suas convicções individuais.

Entre os principais grupos, os católicos ortodoxos viram santos antigos e ouviram hinos; os muçulmanos chegaram às portas de um paraíso verdejante e promissor; enquanto os comunistas convictos, adeptos do materialismo dialético, não se lembraram de nada. Muitos disseram também ter visto membros da família que já haviam morrido.

O caso de Thomas Edison é especialmente interessante, pois, como cientista, era de esperar que relatasse as últimas impressões com certa imparcialidade. Em seu leito de morte, ele parecia estar em coma. De repente, levantou-se e disse com voz clara:

- Estou surpreso. Lá é muito bonito!

Não fez mais nenhum comentário sobre o que vira, morrendo logo em seguida. Voltaire, famoso filósofo francês e crítico da Igreja tradicional, estava em estado semiconsciente, morrendo. Durante sua vida produtiva e controvertida, os inimigos sempre o haviam ameaçado, dizendo que ele receberia justa punição após a morte, presumivelmente no inferno. Pouco antes de morrer, as chamas das toras na lareira de seu quarto aumentaram de intensidade. O pensador olhou para o fogo e, com a conhecida sagacidade, perguntou aos amigos: Quoi! Les flammes déjà? (O quê! Já são as chamas?)

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Fonte: O Livro Dos Fenômenos Estranhos - Charles Berlitz

A história de três titãs

O maior desastre marítimo de todos os tempos aconteceu com o Titanic, da White Star Line, o mais importante transatlântico já construído e que teve terrível destino. A tragédia desse navio só pode ser comparada com a do Titan, luxuoso transatlântico fictício, que também afundou com elevado número de passageiros em abril de 1898, catorze anos antes da colisão do Titanic com um iceberg que o mandou para a sepultura marítima, também em uma noite de abril.

O Titan navegou apenas nas páginas do romance de Morgan Robertson, adequadamente denominado Futility (Futilidade). Mas os paralelos entre os dois gigantescos navios de turismo desafiam a imaginação. O profético Titan, do romance de Robertson, partiu de Southampton, Inglaterra, em sua viagem inaugural, exatamente como o "insubmergível" Titanic. Ambos os navios eram mais ou menos do mesmo tamanho - 243 metros e 252 metros de comprimento - e tinham capacidade de carga comparável - 70 mil e 6 mil toneladas, respectivamente. Cada um tinha três hélices e capacidade para 3 mil pessoas.

Lotados de milionários, os dois navios colidiram com um iceberg no mesmo local e afundaram. Em ambos, o número de mortos foi terrivelmente elevado, porque nenhum deles dispunha de quantidade suficiente de barcos salva-vidas. No caso do Titanic, 1 513 passageiros morreram, a maioria devido à exposição ao frio do sul da Terra Nova, no Atlântico.

Um dos que morreram a bordo do Titanic foi o famoso espiritualista e jornalista W. T. Stead, autor de um conto que previa acontecimento similar em 1892. Contudo, nem Futility nem o conto de Stead puderam salvar o Titanic da colisão fatal.
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Fonte: O Livro Dos Fenômenos Estranhos - Charles Berlitz

A floresta do além

A floresta de Aokigahara se situa na base do monte Fuji no Japão, onde existem várias cavernas que não degelam, mesmo durante o verão. Contam-se muitas lendas acerca dessa floresta, segundo uma, as rochas da montanha contêm grandes depósitos de ferro que provocam erros nas bússolas e até o GPS deixa de funcionar fazendo com que seja extremamente fácil as pessoas perderem-se embora todos acreditem nessa estória os cientistas dizem que não é real.

As lendas de monstros, fantasmas e assombrações que vagam nesse local são diversas. Devido ao motivo de Aokigahara Jukai - "O Mar das Árvores" - ser considerado a zona do Japão onde ocorrem mais suicídios, diz-se que os espíritos dos suicidas para sempre vagueiam na área, a quantidade de corpos descobertos, em média trinta por ano, levaram as autoridades a colocar sinais proibindo o suicídio na floresta. Varias pessoas que estiveram no local e percorreram toda a extensão da floresta, puderam comprovar que o lugar é realmente assustador. Diversos vídeos já foram gravados, contando assim as verdades e mitos sobre o tenebroso bosque dos suicidas.

Restos mortais de uma vítima do local
Faz pelo menos duzentos anos que Aokigahara carrega a fama de abrigar os yurei – como são chamadas as almas penadas de gente que partiu antes da hora. Estudiosos em manifestações paranormais dizem que as árvores do bosque dos suicidas têm energia maligna por causa dos números de suicídios que ali ocorrem, e por esse motivo, não querem que as pessoas deixem o bosque.

Nesse lugar macabro alguns profissionais trabalham apenas para buscar corpos de suicidas. Pelotões de busca, formados por voluntários e bombeiros, se revezam em turnos e sempre acabam encontrando corpos em diferentes estágios de decomposição. Os cadáveres não estão imunes a animais da área e são encontrados parcialmente devorados, partes de corpos são levadas para longe dificultando assim o trabalho da policia.

É um bosque tão fechado que, quando o sol brilha sobre ele, a luz que penetra mal consegue passar pelos vãos entre as copas das árvores. A floresta tem um aspecto fantasmagórico, cercada ainda hoje por mistérios que por mais que tentem as pessoas não conseguem entender, por todos os lados se vêem objetos pessoais que  pertenceram aos suicidas que ali foram apenas para morrer.

Depois de um tempo caminhando em meio à vegetação baixa, as árvores vão se fechando de tal maneira que é impossível ouvir algo além dos sons que a própria natureza produz. É um isolamento total dos sons do mundo lá fora, talvez dando assim um ar de tranqüilidade e cumplicidade aos que pretendem tirar a própria vida.

Outro corpo. O que teria acontecido?
Digamos que você não saiba da reputação de Aokigahara e resolva fazer um passeio, com certeza iria se sentir meio perdido. A fama do lugar fez com que a autoridades mudassem a postura. Ao invés de enviar gente para buscar os corpos, o governo designa pessoas para ficarem alertas ao menor sinal de atividade suspeita no local e assim fazer de tudo para evitar o suicídio resolveram tomar atitudes como a de espalhar placas  por toda floresta  todas com mensagens alertando os possíveis visitantes "Por favor, reconsidere" ou "Antes de decidir morrer, consulte a polícia" "Volte e não faça isso!"

Anualmente, cerca de 70 pessoas vão para Aokigahara e nunca mais voltam.

Acredita-se que, se o morto ficar sozinho nessa noite o yurei vai berrar a noite inteira. Para evitar que isso aconteça, os cata-corpos como são chamados tiram a sorte para ver quem é que vai dividir o quarto com o cadáver.

Existem registros de que, por volta de 1830, quando o Japão passava por uma gigantesca dificuldade econômica, as famílias de camponeses famintos abandonavam bebês e idosos inválidos no bosque para que eles morressem e, assim, diminuísse o número de bocas para alimentar na família.

Fonte: http://alem-tumulo.webnode.com.br

sábado, 29 de setembro de 2012

Buda descoberto por nazistas veio do espaço


Ler Buda, nazistas e espaço no título acima parece roteiro de filme ruim e surreal, embora a história seja bastante verdadeira. Pesquisadores descreveram a descoberta de uma estátua de Buda na revista Meteoritics & Planetary Science. Até aí, tudo bem. O que ela tem de interessante? Aparentemente, o pesado objeto foi trazido da fronteira entre a Sibéria e a Mongólia para a Europa pelos nazistas. Também, aparentemente, a estátua foi esculpida a partir de um meteorito que caiu provavelmente há 10.000 anos na Terra.

Em uma expedição ao Tibete entre 1938 e 1939, o zoólogo e etnologista Ernst Schäfer, enviado à região pelo partido nazista para encontrar as raízes (origens) arianas, trouxe o “homem de ferro” (apelido que os pesquisadores deram à estátua) à Alemanha. Em seguida, o objeto passou para as mãos de um proprietário privado.

O “Buda do espaço” é de idade desconhecida. As melhores estimativas colocam o surgimento da estátua em algum momento entre os séculos VIII e X. A escultura retrata um homem, provavelmente um deus budista, com as pernas dobradas, segurando algo na mão esquerda. Em seu peito há uma suástica budista, um símbolo de sorte comum na cultura oriental que decora muitas estátuas hindus e budistas, que mais tarde foi usado pelo partido nazista da Alemanha.

“Pode-se especular que o símbolo da suástica na estátua foi uma motivação potencial para trazer o artefato para a Alemanha”, disseram os pesquisadores.

A identidade do homem esculpido não é totalmente clara, mas os pesquisadores suspeitam que ele pode ser o deus budista Vaisravana, também conhecido como Jambhala. Vaisravana é o deus da riqueza ou da guerra, muitas vezes retratado segurando um limão (símbolo de riqueza) ou saco de dinheiro na mão.

O homem de ferro tem um objeto não identificado em sua mão. A estátua tem cerca de 24 centímetros de altura e pesa cerca de 10,6 kg.

Meteorito e religião

O cientista da Universidade de Stuttgart (Alemanha) Elmar Bucher e seus colegas analisaram a estátua em 2007, quando o proprietário lhes permitiu levar cinco amostras minúsculas do objeto. Em 2009, a equipe pode analisar amostras maiores do interior da estátua, que é menos propenso ao desgaste ou contaminação por manipulação humana do que o exterior. Eles descobriram que a estátua foi esculpida a partir de uma classe rara de rochas espaciais, conhecida como meteoritos ataxite. Estes meteoritos são feitos principalmente de ferro e têm um nível elevado de níquel.

O maior exemplo conhecido desse tipo de rocha, o meteorito Hoba da Namíbia, pode pesar mais de 60 toneladas. Uma análise química das amostras do homem de ferro revelou que ele vem de outro meteorito ataxite, o Chinga. Essa rocha espacial caiu na Terra entre 10.000 e 20.000 anos atrás, perto da fronteira entre a Sibéria e Mongólia. Conforme atingiu o solo, ele se fragmentou em diversos pedaços, e apenas dois mais pesados do que 10 kg eram conhecidos antes da nova análise. A estátua se tornou a terceira peça grande desse meteorito, com 10,6 kg.

Segundo Bucher, muitas culturas utilizavam meteoritos de ferro para fazer punhais e até joias. Cientistas suspeitam que outros objetos venerados podem ter origens extraterrestres semelhantes, incluindo a Pedra Negra, em Meca, Arábia Saudita, mas é difícil verificar essas suposições porque os objetos nunca foram completamente analisados cientificamente.

Também, nenhum desses fragmentos de meteoritos foi supostamente esculpido por motivos religiosos. “Metais de meteoritos estão associados a uma série de culturas antigas. Há relatos de colares egípcios feitos com metal de meteoros, mas não há nenhuma evidência de que os egípcios tinham conhecimento de sua procedência extraterrestre”, explica Matthew Genge, do Imperial College de Londres (Reino Unido).

Sendo assim, afirma Bucher, apesar da adoração ao meteorito ser comum entre culturas antigas, a escultura de Buda é única. “A estátua do homem de ferro é o único exemplo conhecido de uma figura humana esculpida a partir de um meteorito, o que significa que nada pode ser comparado a ela para avaliar seu valor”, afirma.

Mas esse valor é alto, com certeza. “Apenas suas origens já valorizaram a estátua em US$ 20.000 (cerca de R$ 40 mil), no entanto, se a nossa estimativa da sua idade estiver correta e ela tiver quase mil anos de idade, seu valor pode ser inestimável”, opina Bucher.

E porque será que alguém resolveu esculpir tal estátua religiosa nesse material? Os especialistas acreditam que há uma boa chance dos povos antigos terem se maravilhado com o fenômeno de meteoritos caindo do céu.

“Não há nenhuma evidência definitiva de que povos antigos testemunharam e reverenciaram quedas de meteorito”, diz Genge. “No entanto, as chances são boas. Há tantas testemunhas de quedas modernas que os povos antigos também devem tê-las presenciado. E tais eventos especiais que devem ter atraído admiração e especulação”.

Fontes: MSN, NewScientist, MedicalDaily

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Superstições

Muitas são as superstições que andam pelo interior do país, proporcionando vários aspectos do mais vivo interesse folclórico. Entre nós, mineiros, são conhecidíssimas algumas, entre as quais a assombração, o lobisomem, a mula-sem-cabeça.

E o que há de mais interessante é que são diversas as variações sobre estes seres imaginários, de região para região. Sobre a mula-sem-cabeça, por exemplo, dizem uns que um animal gigantesco, de cor branca, que por onde passa faz devastações. Outros, que tem cor escura e no lugar da cabeça há uma bola. Outros mais, na sua alucinação, chegam de cometer o paradoxo de afirmar que a mula-sem-cabeça põe fogo pelos olhos.

A quaresma é sobretudo a época propícia à ação maléfica de todos esses seres, produtos da imaginação fértil do povo. Por isto mesmo, nesta quadra do ano, todos se resguardam, recolhendo-se mais cedo, não trabalhando senão nas horas em que os mesmos são indiferentes. À boquinha da noite, tudo é silêncio. Ninguém ousa arriscar a sua curiosidade. Muito menos afrontar o perigo.

Tudo isto será arraigado nos usos e costumes e nas tradições do povo do interior que chega a constituir, em épocas determinadas, verdadeiros entraves ao trabalho e ao progresso.

Numa fazenda bem próxima a Juiz de Fora, de alto prestígio no passado, de casa grande e senhoril, soubemos de um caso interessantíssimo. Fechada permanentemente, a grande casa, de vez que os proprietários residiam na cidade e rarissimamente visitavam aquela propriedade, os morcegos passaram a habitá-la sem cerimônia.

Acontece que a velha fazenda foi vendida e os novos proprietários passaram a frequentá-la. No princípio, foi uma dificuldade, esconderijo que era de tantos e tão incômodos animais.

Na grande sala encontrava-se duas mesas de bilhar e, de vez em quando, a um movimento qualquer, as bolas, em deslizando pelo tablado, produziam ruídos que, à noite, comunicavam algo de estranho e fantástico. Algumas pessoas mais amedrontadas sugeriam sempre a presença de um espírito mau, de uma assombração, dizendo, então, que a casa estava mal assombrada. Toda casa de mais de um pavimento, seja dito casa velha, tem sempre uma escada de madeira, a qual emite, à noite, ruídos que assustam, o que é francamente explicável. Todavia, para com certas pessoas adiantaram qualquer explicação.

Entre os que começaram a frequentar a casa da velha fazenda, uma senhora que, em verdadeira crise de superstição — para não falarmos em neurose ou psicose do medo — não suportou a idéia de permanecer lá nem mais um minuto, tal o seu horror pela assombração.

E estava tão convencida da veracidade do que, por sua imaginação via e ouvia, que chegou ao cúmulo de afirmar que a casa estava realmente mal assombrada.

É que os morcegos, de noite, voavam em toda a extensão da sala e, de vez em quando, iam de encontro às bolas que, então, em se encontrando, produziam barulho.
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Bastos, Wilson de Lima. “Superstições”. A Tarde. Juiz de Fora, 29 de maio de 1967

Mitos secundários do Maranhão e Piauí - II

É o Piauí um viveiro de mitos, que não lhes transpuseram as fronteiras. Três deles são notáveis, tanto pelas denominações, quanto pelas lendas que os nimbam: o pé-de-garrafa, o cabeça-de-cuia e o barba-ruiva.

O pé-de-garrafa é uma espécie de caapora, pois, segundo Vale Cabral, além de habitar nas matas, "grita como um homem e deixa nas estradas as suas enormes pegadas, que, por se assemelharem ao pé da garrafa, lhe tomaram o nome".

O cabeça-de-cuia, mito fluvial, proveio da lenda de um filho mau, amaldiçoado pela justa cólera materna. Vive nas águas do Paranaíba, e, conforme o autor citado, "é alto, magro, de grande cabelo, que lhe cai pela testa, e, quando nada, o sacode"; além de comer, de sete em sete anos, qualquer moça que tenha o nome de Maria, até tragar ao todo sete Marias, o que lhe permitirá desencantar-se. Também devora os meninos que se atrevam a banhar-se naquele rio.

O barba-ruiva (que, não obstante tal designação, diverge totalmente do Barbarossa germânico, do poemeto de Rückert), mito lacustre anfíbio, promanou de um caso de infanticídio. É homem alvo, de estatura regular e cabelo avermelhado, que mora na lagoa de Parnaguá, ao sul do Piauí. Inofensivo para com os entes do seu sexo, a cuja aproximação se escapole para o fundo das águas, atira-se sofregamente às mulheres, somente, porém, para as abraçar e beijar… Diz Nogueira Paranaguá (‘A lagoa encantada’, in Litericultura, II, 53-56), que este duende é ali vulgarmente conhecido por "filho da mãe d’água".

Estudados por João Alfredo de Freitas, em seu trabalho sobre Superstições e lendas do norte do Brasil (Recife, 1884), também o foram esses mitos estudados por Leônidas e Sá, que, em dois artigos intitulados O folklore piauiense (Litericultura, II, 125-128 e 363-370), completou as asserções de Vale Cabral quanto aos acima definidos e ainda trouxe à coleção os da zona de Oeiras, denominados urué (ou barba-nova) e cabeças vermelhas, que se referem a pactos com o diabo, e uma espécie de velocino sertanejo, o carneiro-de-ouro (Campo Maior), de menor importância para o nosso folclore. A essa última crendice também dá registo F. J. de Santana Néri (op. cit, 32-33), que afirma haver-se ela propagado até às margens maranhenses do Parnaíba.

Como se vê por aí, foi fecundo na criação de mitos o imaginoso espírito do mestiço piauiense, certo influenciado por antigas lendas neerlandesas (holandesas), de um lado, e, do outro lado, pelas superstições de fundo católico.

Fonte: Jangada Brasil in O Folklore do Brasil - Basílio de Magalhães
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Basílio de Magalhães, professor, historiador, jornalista e folclorista, nasceu em São João del Rei, MG, em 17/6/1874, e faleceu na cidade de Lambari, MG, em 14/12/1957. Mestre do folclore brasileiro, foi um dos primeiros a aprofundar seu estudo e a atribuir-lhe significação erudita. Entre abril de 1941 e agosto de 1942 escreveu em Cultura Política, Rio de Janeiro, uma série de artigos sob o título “O povo brasileiro através do folclore”. Sobre folclore publicou O folclore no Brasil (com uma coletânea de contos organizada por João da Silva Campos), Rio de Janeiro, 1928 (2ª. ed., Rio de Janeiro, 1939; 3ª. ed., revista por Aurélio Buarque de Holanda, Rio de Janeiro, 1960); O café. Na história, no fo/clore e nas belas artes, Rio de Janeiro, 1937 (2ª. ed., aumentada e melhorada, São Paulo, 1939).

Mitos secundários do Maranhão e Piauí - I

No interior do Maranhão (donde parece não ter migrado para nenhuma outra circunscrição política do Brasil), existe um mito singular, que se liga simultaneamente aos da lobis-mulher e do mboi-tatá: é a curacanga.

Conforme dados fidedignos, ouvidos de quem nasceu naquela zona e que me foram transmitidos pelo senhor J. da Silva Campos, é a seguinte a tradição ali corrente:

- Quando qualquer mulher tem sete filhas, a última vira curacanga, isto é, a cabeça lhe sai do corpo, à noite, e, em forma de bola de fogo, gira à toa pelos campos, apavorando a quem encontrar nessa estranha vagabundeação. Há, porém, meio infalível de evitar-se esse horrido fadário: - é tomar a mãe a filha mais velha para madrinha da ultimogênita, ou seja, a filha mais nova, caçula. [1]

1. Pádua Carvalho (apud F. J. de Santana Néri, Folklore brésilien, p. 31) refere-se ao capelobo, que no Pará é conhecido pelo nome de kumacanga, e que tanto pode ser o sétimo filho varão, oriundo de conúbio sacrílego, quanto a concubina de padre. Pelas noites de sexta-feira, o corpo fica em casa, despojado da cabeça, a qual sai pelos ares, transformada em bola de fogo. Assim, o mito da curacanga do Maranhão é o mesmo que o do Pará, divergindo apenas no nome, quanto à uma consoante. Viriato Correia, num dos seus livros de contos, dá à mula-sem-cabeça a apelação de cavalacanga, que ouviu entre os habitantes do interior maranhense.

Estudou o doutor Walter Hough os mitos de origem ígena do Novo Mundo (ver ‘Fire origin myths of the New World, in Anais do XX Congresso Internacional de Americanistas, I, 179-184), mas apenas se referiu ao dos índios norte-americanos. Se continuar tais investigações, por certo não se esquecerá ele de que na América do Sul há os do mboitatá, da curacanga e dos yakãrendys.

Fonte: Jangada Brasil in O Folklore do Brasil - Basílio de Magalhães
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Basílio de Magalhães, professor, historiador, jornalista e folclorista, nasceu em São João del Rei, MG, em 17/6/1874, e faleceu na cidade de Lambari, MG, em 14/12/1957. Mestre do folclore brasileiro, foi um dos primeiros a aprofundar seu estudo e a atribuir-lhe significação erudita. Entre abril de 1941 e agosto de 1942 escreveu em Cultura Política, Rio de Janeiro, uma série de artigos sob o título “O povo brasileiro através do folclore”. Sobre folclore publicou O folclore no Brasil (com uma coletânea de contos organizada por João da Silva Campos), Rio de Janeiro, 1928 (2ª. ed., Rio de Janeiro, 1939; 3ª. ed., revista por Aurélio Buarque de Holanda, Rio de Janeiro, 1960); O café. Na história, no fo/clore e nas belas artes, Rio de Janeiro, 1937 (2ª. ed., aumentada e melhorada, São Paulo, 1939).

Crendices de dias, meses, anos e números

Há dias fastos e nefastos. A existência deles se deve em parte à religião oficial. Nos dias de guarda e festa religiosa, não se deve trabalhar, são nefastos para quem deseja ter saúde, fortuna, felicidade. O domingo é um dia fasto para quem o guarda, o observa, porém, nefasto para aqueles que não o guardam. 

"Trabalho de dia de domingo não vai para frente". Quando uma cousa é começada, não é terminada e durante o transcorrer dos trabalhos nela empregados não há sucesso, logo dizem: "isso é trabalho de domingo".

Joca Machado, barreou sua casa nova lá na rua do Socorro num domingo. Passados alguns meses, o barro havia caído todo... Manuel Dores observou: "tá vendo, isso é trabalho de domingo, não vai pra frente".

Outra recomendação para não se iniciar serviço algum é-nos dada através deste provérbio rimado:

Quando mingua a lua
não comece coisa alguma.


As fases da lua têm grande influência na vida agrícola, de guarda. Afirmam que antigamente nem feira havia. "Já se foi o tempo que na Sexta-Feira da Paixão, havia tanto respeito que os homens de bem da cidade, iam à igreja de luto fechado, só o tiravam no sábado depois da aleluia", suspirou o velho Pedro de Castro, narrando cousas do passado de sua terra natal. No Dia da Hora ou da Ascensão é comum encontrarmos nas casas ramos verdes – é a simpatia para que as moscas mudem para a casa dos amancebados. Há outro pedido que deve ser feito em jejum, em qualquer sexta-feira pela manhã:

Moscas malvadas,
da sexta pro sábado
estejam mudadas.


Coincide com os dias das feiras na comunidade a data da mudança das moscas incômodas que aborrecem os moradores.

Não percebemos a existência de mês aziago além de agosto. "Mês de agosto não presta pra fazê negócio". "Eu evito trabalhá nas matas no mês de agosto", disse o velho Anísio Jacaré, "eu não sei porque é, mas não gosto".

"Meis bom e feliz é o de São João e de Santana" (junho e julho), dizem várias pessoas da cidade, unindo a estas referências o fato das festas das fogueiras. O mês do São João é muito alegre na comunidade. Em três dias distintos há festas: Santo Antônio, São João e São Pedro. Com a festa de Santana (26 de julho) encerram-se as festas cíclicas do solstício do inverno, as festas das fogueiras.

"Quando eu era mais moço", disse Porfírio, "o meis que eu mais gostava era o de São João, eu festava o que dava".

É provável que o fato das festas, da alegria reinante por ocasião do solstício de inverno, lhes condicione uma apreciação favorável ao mês nos quais elas se realizam.

O mês de agosto é também deixado de lado para os casamentos, "não presta casá em agosto, morre logo um"; "não presta casá em agosto, a gente nunca é feliz, tudo dá pra trás na casa". "Não presta também casar-se na Quaresma".

Dos anos, só o bissexto é perigoso. Alguns dos acontecimentos de triste memória acontecidos na comunidade, quando relembrados, passaram-se num ano bissexto, ou relacionam com ele.

Mané das Dores, o maior conhecedor de adivinhas, de parlendas, de lendas, verdadeiro almanaque vivo da população, ao se referir aos meses veio com esta parlenda e depois fez uma conta nas juntas dos dedos com os ossos do metacarpo para elucidar melhor o que procurou ensinar:

De trinta dias é setembro;
abril, junho e novembro;
fevereiro vintoito dias tem
sendo bissexto mais um lhe dêm,
e os mais mês sete são
trinta-um dias todos terão.


O número 13 é o único portador de azar. O 7 é número de mentiroso. Há um parlenda infantil que ensina a contar, e o número "3 foi o Cão quem fez". O Cão é o diabo. Aliás, tal parlenda existe no estado de São Paulo: "um, dois, três foi o diabo quem fez". A variante de Piaçabuçu é: "um, dois, feijão com arroz; três, quatro, feijão no prato; cinco, seis... foi o Cão quem fez". Acreditamos que não signifique número de azar, porém, um rima fácil apenas, auxiliadora da memorização.

Os jogadores acreditam que este ou aquele número seja de sorte ou de azar, e como o jogo é bastante disseminado, há as mais variadas prevenções contra os números e cartas do baralho.

Disse um informante, "eu gosto muito do barrufo ou do francês, mas quando jogo os dados a primeira vez e cai a soma três, já sei que esse dia estou com o azar trepado no cangote, mas si dá o cinco, eu sei, tá prá mim, desforro".

Fonte: Medicina rústica - Alceu Maynard Araújo

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Floresta pré-histórica preservada na China


Cientistas americanos e chineses estão boquiabertos depois de descobrirem uma floresta gigante de 298 milhões de anos enterrada intacta sob uma mina de carvão perto de Wuda, na Mongólia Interior, na China.

Eles estão a chamando de "Pompéia do período Permiano", porque, como a antiga cidade romana, foi coberta e preservada por cinzas vulcânicas.

Como Pompéia, esta floresta de brejo está tão perfeitamente mantida que os cientistas sabem onde cada planta estava originalmente. Isso lhes permitiu mapear e criar as imagens acima. Este achado é extraordinário, de acordo com o paleobotânico Hermann Pfefferkorn, da Universidade da Pensilvânia, que a caracterizou como "uma cápsula do tempo".

Eles estão de fato encontrando árvores inteiras e plantas exatamente como eram no momento da erupção vulcânica, como os arqueólogos encontraram em Pompéia seres humanos, animais e edifícios na base do Monte Vesúvio, perto de Nápoles, na região italiana da Campânia. A única diferença é que a Pompéia foi sepultada no ano 79 dC e esta floresta foi coberta de cinzas 298 milhões de anos atrás, durante o período Permiano.

Até agora, eles identificaram seis grupos de árvores, algumas delas de 24 metros de altura. Algumas delas são Sigillaria e Cordaites, mas também encontraram grandes grupos de um tipo chamado Noeggerathiales, que agora estão completamente extintas.

Fonte: Gizmodo

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Misterioso Dia Escuro de 1780


O fenômeno aconteceu em 19 de maio de 1780 na Nova Inglaterra (EUA) e Canadá, e foi conhecido como o Dark Day ou Dia Escuro. Pelo nome, você já entendeu: foi um dia escuro. Nos últimos 232 anos, historiadores e cientistas têm discutido a origem do evento: seria um vulcão, uma nuvem de fumaça, um asteroide, ou algo mais sinistro?

Com o pouco conhecimento da época, as pessoas estavam com medo, e alguns advogados de Connecticut (EUA) achavam que estava ocorrendo o Julgamento Final, principalmente porque nos dias anteriores, tanto o sol quanto a lua tiveram uma luz avermelhada. Mas o que poderia ter acontecido naquele dia de 1780?

O Departamento de Meteorologia apontou que uma nuvem espessa poderia baixar o suficiente para fazer as luzes das ruas acenderem e os carros terem que ligar os faróis. Mas é improvável que uma nuvem fosse capaz de causar todos os eventos do Dia Escuro. Um eclipse também foi descartado, por que esses eventos são previsíveis, e não há registro de um naquele dia. Além do mais, eclipses duram poucos minutos.

Outra possibilidade seria a erupção de um vulcão - a erupção do Eyjafjallajokull espalhou cinzas na atmosfera o suficiente para obrigar aeroportos a cancelarem pousos e decolagens por toda a Europa Setentrional. Além disso, as cinzas vulcânicas podem causar "dias amarelos". Só que não há registro de atividade vulcânica naquele ano de 1780, o que faz com que uma nuvem vulcânica seja improvável. E a queda de um asteroide também é improvável, embora não possa ser descartada.

A resposta para esse enigma pode estar nas árvores, acreditam alguns cientistas. Acadêmicos do Departamento de Silvicultura da Universidade do Missouri (EUA) analisaram troncos de árvores da Nova Inglaterra, em uma região em que prevalecem os ventos vindos do oeste. Eles encontraram anéis com marcas de incêndio datando daquela época.

O professor associado de geografia William Blake, da Universidade de Plymouth (EUA), aponta que houve uma seca na região em 1780, fazendo com que um incêndio seja provável. Mas um incêndio florestal poderia causar um escurecimento como o relatado?

O professor Blake conta que testemunhou incêndios na Austrália e que, quanto maior o incêndio, mais ele escurece o céu. E a combinação de fuligem e neblina pode fazer cair uma escuridão.

O relato de testemunhas oculares dá força à hipótese do incêndio florestal, já que alguns relatam que sentiram um cheiro estranho que parecia com o de uma casa de malte ou um forno a carvão.

O curioso é que dias escuros não são novidade. William Corliss, físico e cronista de eventos inexplicáveis, conseguiu reunir o relato de 46 dias escuros entre 1091 e 1971. Um deles assustou a população da mesma região em 1950, causado por um incêndio em Alberta (EUA). Algumas pessoas acharam que se tratava de um ataque nuclear ou um eclipse solar, pois a escuridão era tanta que parecia meia-noite para quem acordasse ao meio-dia.

E você, tem alguma outra explicação para o misterioso Dia Escuro?

Possível explicação: o clima ruim

Em maio de 1780 o sol não sumiu em todos os lugares, somente na Nova Inglaterra. Foi um fenômeno local e na verdade não envolveu diretamente o Sol. Até hoje essa região costuma ser palco de fenômenos climáticos inesperados, e foi exatamente isso o que aconteceu.

A famosa escuridão daquele dia foi resultado de uma densa nuvem de fumaça de incêndios florestais a oeste da Nova Inglaterra, tornando o céu diurno opaco à luz do Sol, mudando o comportamento dos animais e fazendo muitas pessoas crerem em ira divina.

O clima no noroeste da América do Norte permanece instável e surpreendente. Particularmente no mês de maio ocorrem incêndios florestais espontâneos e existe 60% de chances de um dia com céu limpo mudar repentinamente, podendo ocorrer desde neve até um tornado (embora a Nova Inglaterra não seja uma região de ocorrência típica dos tornados).

É que em maio começam os primeiros dias quentes após o rigoroso inverno dessa região. O solo começa a aquecer rapidamente – bem mais depressa que as regiões costeiras, ainda sujeitas aos ventos gelados do norte, que acabam trazendo brisas frias para o continente. O choque térmico costuma provocar densas neblinas – ou coisa muito pior

Fonte: BBC