quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Na ilha do Medo


O primeiro homem com quem falamos sobre a ilha do Medo, no porto de Salvador, olhou-nos de alto a baixo e emudeceu. Era um camarada de gestos mecânicos e poucas palavras, mas sabia muita coisa das vizinhanças do mar.


– O senhor sabe onde fica a ilha do Medo?

– Sei.

– Fica longe?

– Sim.

– Quantas milhas, mais ou menos, da costa?

– Umas doze ou quinze – disse ele. E empacou novamente.

O outro era um rapaz de olhos vivos e ariscos, blusão de zuarte desbotado aberto no peito e músculos saltados. Falou-nos de distâncias marinhas, peixes, alimentação e embarcações. Mas quando perguntamos se conhecia a ilha do Medo, desfez o sorriso que tinha amontoado num canto da boca e respondeu com secura: “Conheço”.

– Como é que poderíamos ir até lá?

– O senhor pretende ir à ilha do Medo?

– Sim.

– Fazer o que?

– Nada.

Notamos novamente o mesmo olhar do outro homem, nos olhos do rapaz de zuarte. As palavras começaram a diminuir, foram encurtando até virar monossílabos, que saíam angustiados de sua boca.

– Que diabo, rapaz, o que há com a ilha do Medo? Queremos ir até lá por curiosidade, ver o mato, os bichos, as ruínas dos holandeses. Outros querem ver as igrejas, os fortes ou o candomblé. Nós queremos ver a ilha do Medo.

– Mas nunca vai ninguém lá, – disse ele – a ilha está deserta. Só existem bichos selvagens no mato, depois…

– Depois o que?

– Contam coisas de arrepiar os cabelos.

– Que coisas, por exemplo?

O rapaz nos olhou mais uma vez, desconfiado, e disse, retirando-se:

– Se o senhor quiser ir, pode ir, mas eu não levo ninguém lá. Aquela ilha é mal assombrada, está cheia de fantasmas.

Bruxas de goelas de fogo

Miguel estava sentado no casco de um saveiro, emborcado na praia. Ao chegar, cumprimentamos, mas ele apenas levantou um pouco dos olhos a aba do chapéu e nos encarou demoradamente. Só respondeu ao cumprimento depois de familiarizar-se com a nossa presença. Soltou um “boa tarde” atrasado, olhou novamente para um ponto qualquer e começou a falar com desembaraço:

– Gilberto me disse que os senhores querem ir à ilha do Medo.

– Estamos aqui para isso. – Falamos com o moço no porto. – Ele nos informou que o senhor tem um saveiro grande.

– É o Leviatã. Está ali no meio daqueles barcos.

– Será possível sairmos amanhã?

– Sim, mas se não quiserem voltar tarde da noite, terão de se mexer muito cedo, ainda de madrugadinha.

– Bem, nós pretendemos passar o dia na ilha.

O homem fez a volta do saveiro e mexeu no leme, depois pegou uma lata de tinta que havia sobre a areia e encaminhou-se para nós de olhar muito vago e sem interesse.

– Bem moço, não que aquela ilha seja um inferno, mas contam coisas dela. Dizem que é mal assombrada. Os pescadores que se atrasam no mar ouvem gritos que partem de lá, e às vezes chamados pelo seu nome. Esses gritos são roucos e estranhos, como um choro. Vêm da ilha com o vento reboando pelo mar, depois somem e tornam a voltar mais fortes. Quando o mar está calmo, ouvem-se lamentos e uivos. E no meio disso tudo, o chamado, o chamado insistente, entrando pelos ouvidos deles, quando o saveiro está quase parado por falta de vento.

– Não vive ninguém na ilha?

– Ninguém. Faz muito tempo que ela está deserta. Desde o tempo dos holandeses, que tinham lá uma fábrica de pólvora.

E Miguel continua a sua narração estropiadamente, na sua linguagem meio do mar, meio da terra:

– Já viram coisas danadas na ilha do Medo. Uma vez, um pescador voltou dizendo que tinha visto uma mulher de cara negra e feia como a morte, que caminhou da ilha até o seu saveiro, sobre as águas. Tinha a boca imensa e as goelas incendiadas de labaredas vermelhas. Quando cegou ao lado do saveiro, ele sentiu um cheiro de enxofre e pano queimado.

– Mas a mulher fez alguma coisa ao pescador?

E Miguel respondeu:

– Não, mas depois que ele contou a história perdeu a fala para sempre.

– A alma danada dos holandeses que morreram na guerra habita a ilha do Medo, desde aqueles tempos. Se o senhor quiser ir, vá, mas eu não me responsabilizo pelo que houver. Os danados dos holandeses nunca abandonaram aquele lugar. Vivem até hoje na ilha, assustando os homens que se atrasam no mar. Também vão para lá os pescadores que morrem afogados na baía de Todos os Santos. É por isso que quando o mar está calmo, se houvem lamentos e uivos, vindos daquele lado.


Fonte: Jangada Brasil in "Sem indicação de autoria. “Na ilha do Medo há coisas de arrepiar os cabelos”. Folha de Minas. 29 de julho de 1951".

A casa mal-assombrada

De um momento para outro o alferes de milícias de Vila Rica, João Rufino, apresentou-se cheio de dinheiro, naquelas Minas, bem enroupado, melhor montado, com armas garantidas, e a fazer uns gastos tão em desacordo com a sua anterior pobreza, que punha toda a gente de boca aberta.

Onde fora ele desentranhar dinheiro? Heranças não recebera, pois bem conhecida era toda sua família, paupérrima; no jogo, também não era possível, pois nunca o tinham visto com semelhante defeito; para se dizer que passara algum contrabando de ouro ou diamantes, também não se podia admitir, pois João Rufino na verdade era um indivíduo muito alegre e folgazão, porém de conduta irrepreensível.

O certo foi que os pacatíssimos mineiros não atinaram com aquele mistério, e João Rufino continuava a assombrá-los com as suas incomparáveis despesas.

No entanto o dinheiro de João Rufino, a acreditar na lenda que ele próprio se encarregara de divulgar, viera por bom caminho. E assim, depois de se ter divertido durante algum tempo com a curiosidade dos patrícios, deliberou contar-lhes tudo, escolhendo para isso uma noite em que dava a cear a diversos amigos.

* * *

Achavam-se os seus convivas na sobremesa, tendo já devorado uma excelente canja feita de três galinhas que rachavam de gordas, uma bem tortada leitoa e outras coisas suculentas, tudo regado com excelente vinho, quando João Rufino, dirigindo-se a eles, lhes falou deste modo:

– Senhores, reservo uma surpresa para rematar esta modesta ceia. Em geral os meus amigos e conhecidos e quase a população de Vila Rica têm-se admirado da minha rápida fortuna e sobre ela feito comentários os mais variados. Em verdade é para merecer reparo uma transformação tão rápida, e por isso não podiam espantar-me, por mais extravagantes que fossem, mesmo quando fossem lesivos à minha reputação. E, se até esta data não vos fiz sabedor do que me sucedeu, é porque há coisas tão espantosas que a mente recusa acreditá-las. Todavia não tenho o direito de prolongar por mais tempo a vossa justa ansiedade, e hoje vos informarei dos extraordinários acontecimentos que me conduziram à opulência.

Este exórdio de revelação encheu os convivas da maior satisfação, pois a curiosidade era geral e rumores aprobativos fizeram-se ouvir em toda a mesa.

João Rufino, então, passando os convidados para uma outra sala, onde fez servir perfumoso café, narrou a sua aventura, em meio da mais circunspecta atenção.

Assim falou João Rufino:

– Senhores, a fortuna que hoje desfruto chegou-me por vias honestas; e, se é certo que a não alcancei pelo trabalho e por uma rigorosa economia, durante longos anos, devo-a no entanto à minha coragem, e, por conseguinte, é com toda a justiça que a gozo.

Sabeis perfeitamente que um dezembro do ano passado, isto é, há quatro meses, fui encarregado pelo comandante do meu regimento de milícias de ir ao Rio de Janeiro comprar fardamento para a tropa e arreios para a nossa cavalhada. Parti daqui na antevéspera de Natal, e no dia de Reis já me achava muito além de Matias Barbosa, apesar do péssimo estado dos caminhos. Nunca havia feito tal viagem, e assim era fácil desviar-me da verdadeira estrada. Foi o que me aconteceu.

Pouco adiante de Matias Barbosa, deixei o verdadeiro caminho à direita e tomei à esquerda. Por ele andei cerca de três horas, e já ia anoitecendo, sem encontrar pouso, quando deparei alguns viajantes que vinham para Matias. Disseram-me eles que me achava errado, mas que não me era preciso voltar atrás para ganhar a estrada; dali à distância de légua e meia, existia um caminho à direita que ia desembocar na referida estrada. Informando-me mais se existia alguma casa que me servisse de pouso, responderam-me que a primeira pousada era para mais de quatro léguas puxadas. Em todo esse percurso só havia uma casa, completamente isolada, onde ninguém pernoitava por ser considerada mal assombrada.

Voltar para Matias, com os viajantes, não me era possível; retroceder ao ponto em que havia errado o caminho, nada adiantava. Assim, só me cumpria prosseguir na direção que levava.

Perguntei-lhes, então, em que consistia a assombração da única casa que ficava à beira da estrada, e eles disseram-me que ali vivera outrora um indivíduo extremamente avarento; e que, desde o dia de sua morte, alguns viajantes perdidos, que por acaso pernoitavam na sua habitação, ouviam à noite ruídos estranhos: arrastar de correntes, som de passos pelas salas, bem como eram visitados por visões assombrosas.

Agradeci aos viajantes todas essas informações, e despedi-me deles, disposto a viajar toda a noite a fim de reganhar a estrada real.

Caminhando, ia pensando nos mistérios da casa assombrada, nos quais, para dizer com franqueza, pouco acreditava.

O sol entrava na sua agonia sanguinolenta do ocaso. Já nos pontos em que o caminho serpenteava por baixo de moitas sentia-se a invasão das sombras crepusculares, e os insetos noturnos davam os primeiros chilros prenunciadores da grande harmonia da noite, quando senti que o meu cavalo começava a ganhar-se de suor frio, e da andadura ia pouco a pouco descambando para o passo pesado. E essa?! O pobre bicho ia afrouxando, e naquele andar não deitaria mais de meia légua. Conheceis perfeitamente o meu tordilho, não? Era um animal valente, mas desde Vila Rica eu ia puxando por ele, em marchas diárias de seis léguas, e naquele dia já havia vencido sete. Não era, pois, de admirar que o pobre animal desse de si.

Isso, no entanto, contrariou-me extraordinariamente, mas continuei a caminhar.

Daí a um quarto de hora cheguei à porteira de um largo pasto todo gramado, em cujo centro existia uma grande casa silenciosa. Era a casa mal-assombrada! Nem uma voz humana, nem o latir de um cão, nem o pio de uma ave doméstica! Tudo parecia morto ali!

O sol acabava de sumir por trás das grimpas da Mantiqueira, e a noite aproximou-se.

Pus-me a pensar: O meu cavalo estava quase frouxo; avançar mais, seria arriscar-me a estragar o animal, sem nada adiantar; ali, pelo contrário, estava um bom pasto para o pobre bruto, e uma casa que me daria guarida durante a noite. Por que, pois, desprezar tão providenciais comodidades, somente com medo de fantasmas, coisas naturalmente criadas pela imaginação do vulgo ignorante e supersticioso?

Eu nunca fui medroso, graças a Deus! Dispus-me, pois, a passar a noite ali mesmo. Estava bem armado, que podia, temer, portanto?! …

Tomada essa deliberação, abri resolutamente a porteira e penetrei no pasto. A porteira rangeu no enorme gonzo, e fechou-se em seguida, esbarrando com orça no batente de cabiúna. Logo após, ouvi um grande gemido, muito prolongado e alto, partido não sei de onde, mas que me produziu um arrepio em todo o corpo. O meu cavalo espetou as orelhas e estacou nas patas dianteiras, mas não esmoreci: quando tomo uma resolução, tenho por costume levá-la até o fim, custe o que custar.

Assim, dei uma chibatada no animal e orientei-o para a casa.

Antes de chegar ao terreiro, era preciso transpor a porteira de um curral. Abri-a, e, exatamente como sucedeu com a primeira, logo se fez ouvir outro gemido, mais soturno e mais prolongado ainda do que o anterior. Os cabelos tornaram a arrepiar-se-me, e o cavalo bufou. Não me importei. Apeei-me e tratei de tirar a sela do pobre animal, pois queria passar minuciosa revista na casa, antes que anoitecesse de todo.

Fiz isso. Depois de soltar o bicho no pasto, carreguei os arreios nos braços, e subi com eles a escada de uma varanda já um tanto carcomida, que havia na frente da casa, e penetrei na primeira sala da habitação, cujas janelas e portas estavam abertas de par em par. Mal apenas colocara eu o pé na soleira da porta, um outro gemido, ainda mais lúgubre e duradouro que os outros, fez-se ouvir, e parecia tão lancinante, tão magoado, que bem contra a vontade senti o sangue esfriar-me no corpo, e os arreios caíram-me das mãos trêmulas! O meu tordilho, que já então se espojava satisfeito no pasto, ao ouvir essa coisa medonha, ergueu-se de um salto, e disparou, dando a prova mais cabal de se haver também assustado.

Todavia eu tinha que dormir naquela habitação, quer fosse mal assombrada, quer não; havia feito tal propósito, e nada me poderia demover dele. Por isso tirei dos coldres as pistolas, e enchendo-me de ânimo devassei toda a casa; atravessando salas, quartos, corredores e nada encontrei. Tudo estava silencioso!

Quando voltava, porém, para a frente da habitação, vi em um dos cantos da primeira sala um frango pelado, de pernas muito compridas, que ali procurava aninhar-se, como se tivesse aquele costume.

Admirou-me ver aquela ave, pois quando atravessara a primeira vez a sala não a tinha percebido. Contudo não me preocupei por muito tempo. Seria, pensei eu, algum pinto perdido por qualquer pombeiro, e que entrasse enquanto me ocupara em revistar a casa.

* * *

Devia ser isso mesmo, e nem podia ser outra coisa. Quanto aos gemidos, não os regougam tão tétricos as corujas grandes? Conduzi para dentro da sala os arreios; tirei de um picuá o resto do meu almoço; comi-o tranqüilamente, e, depois, estendendo a manta, o bairetro e o capote, fiz deles um leito em que me deitei, confiante em Deus e na minha coragem, tendo antes posto ao alcance das mãos as pistolas e o meu facão de viagem.

Deitei-me, porém não adormeci, embora estivesse bastante cansado. Contra a minha vontade, rolavam-me no cérebro coisas fantásticas, e, à medida que a noite se adiantava, cada vez mais me visitavam tais pensamentos.

Devia de ser mais de onze e meia, e ainda eu me conservava acordado, quando pouco e pouco vi a sala ir se enchendo de uma claridade dúbia, quase insensível no começo, mas que mais e mais ia aumentando. Não podia perceber de onde vinha essa luz estranha, amarelada, lívida, pois não era noite de luar.

Tanto cresceu a claridade, que a sala ficou toda iluminada, e então presenciei uma cena da qual nunca mais me lembrarei sem que se me arrepiem as carnes.

O pinto magro, pelado, que dormia no canto da sala, saiu para o centro. Batendo asas e suspendendo o pescoço, cantou desentoadamente, com um esganiçar irritante, pronunciando estas palavras que ouvi arrepiado de horror:

– É meia-noite: não vens hoje? – E recolheu-se ao canto.

Imediatamente do teto da casa partiu uma voz assombrosa que gritava:

– Gaspar, eu caio!

O pinto lá do seu canto respondeu:

– Não caias!

A voz tornou a gritar:

– Gaspar, eu caio!

E o pinto outra vez respondeu:

– Não caias.

Ainda uma terceira vez a voz falou:

– Gaspar, eu caio!

E eu, cheio de impaciência e ao mesmo tempo apavorado com o que estava presenciando, exclamei:

– Pois, caia!

Mal havia proferido tal frase, quando vi despenhar-se do teto da casa um braço humano e cair no meio da sala com um ruído abafado.

O meu coração batia de modo que parecia querer estalar. Um suor frio inundava-me a fronte, e pela primeira vez na minha vida tive medo deveras.

Daí a alguns minutos a voz tornou a gritar:

– Gaspar, eu caio!

De novo o pinto pelado esganiçou-se e suspendendo o pescoço repetiu:

– Não caias.

Segunda vez a voz falou:

– Gaspar, eu caio!

Na terceira, eu berrei:

– Pois caia!

Caiu outro braço.

A mesma cena repetiu-se por quatro vezes; e eu que vencendo o terror me achava possuído da mais viva curiosidade pelo desenlace daquela comédia horrenda, ia mandando que caísse.

Assim, caiu primeiramente junto aos dois braços uma perna, depois outra, em seguida o tronco e finalmente uma cabeça, que, mal chegou ao soalho, reuniu-se aos diversos pedaços. .. E surgiu à minha vista um fantasma, envolto num longo sudário negro e com os braços cruzados obre o peito!…

O medo que tal aparição me causou não se pode descrever com palavras. São dessas coisas que se sentem, mas não se definem. No entanto, tive forças para empunhar o meu facão de viagem e pôr-me logo em guarda, esperando um ataque. Mas o espectro, estendendo para mim um longo braço descarnado, pronunciou estas palavras com voz sepulcral:

– Nada temas, viandante; não te pretendo fazer mal; a tua coragem salvou-me.

Então balbuciei:

– Quem és tu?

E a aparição respondeu-me:

– A alma-penada de um miserável avarento que, desde o dia que deixou os vivos, vagueia errante, em conseqüência da misérrima paixão que tanto o atormentou em vida. Fui rico e levando meu amor ao ouro até a hora da morte, enterrei uma grande quantidade dele no pasto desta casa. Foi a minha perdição. Minha alma acha-se presa a estes sítios e deles não se apartará, enquanto o dinheiro ali se conservar. Tu tiveste coragem de afrontar o assombro desta habitação. Vou fazer a tua fortuna e libertar-me deste fadário.

Quando o dia romper, irás à porteira do pasto, e na direção de quatro braças ao nascente do batente da mesma porteira, cavarás até a profundidade de quatro palmos. Aí encontrarás um cofre de moedas de ouro em boa espécie. Toma-o para ti e manda dizer sete missas pela alma do finado Gaspar, na igreja que quiseres.

E ao dizer estas últimas palavras tudo desapareceu: fantasma, pinto pelado, luz amarela e tudo.

Os meus nervos não podiam suportar a furiosa tensão a que os havia forçado: afrouxaram repentinamente, e eu, caindo prostrado no leito improvisado, adormeci de sono pesado, sem sonhos, que se prolongou até às 7 horas da manhã do outro dia.

Logo que acordei, pouco me lembrava das terríveis cenas da noite, porém, pouco a pouco elas me foram chegando à memória, e pus-me a pensar se tudo aquilo não seria um delírio da minha imaginação escandecida pela narração dos viajantes e pelo desolado aspecto da habitação.

Todavia procurei uma enxada que logo encontrei no porão da casa e dirigi-me à porteira do pasto. Aí chegado, medi quatro braças ao nascente do batente e pus-me a cavar.

O meu cavalo, que pastava tranqüilamente, a poucos passos distante de mim, levantou a cabeça e pôs-se a encarar-me, e eu me ria comigo mesmo pensando que talvez estivesse representando um papel tão ridículo que até o próprio cavalo dele se admirava.

Contudo continuava a cavar, e de uma das enxadadas senti que o ferro batera em outro ferro. O meu espírito alvoroçou-se com isto; amiudei as pancadas, e dentro em pouco tempo ficou a descoberto um cofre de ferro, tendo por cima um grande argolão. Puxei por ele e o cofre saiu para fora. Estava descoberto o tesouro!

Corri imediatamente os fechos da peça e escancarando-a encontrei-me diante de um monte de belas e reluzentes moedas de ouro. Introduzi-as no picuá e no capote e segui a desempenhar a minha comissão no Rio de Janeiro.

Eis, senhores, como do dia para a noite fiquei rico. Devo esta ventura à minha coragem e ao meu sangue frio.

* * *

De então por diante nunca mais se falou em Vila Rica sobre a fortuna do alferes João Rufino. Pois não era tão natural que ele encontrasse um tesouro enterrado?
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por Viriato Padilha

Fonte: Jangada Brasil - (Padilha, Viriato. O livro dos fantasmas. Rio de Janeiro, Spiker, 1956)

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O segredo do Lago Nemi


O lago Nemi é um local próximo a Roma onde foram, no século XI, encontrados vestígios de duas embarcações que se acreditava serem da época do Império Romano. Após várias escavações que ocorreram durante séculos, esse lago, sob ordens de Mussolini, passou a ser drenado. A drenagem fez vir à tona duas enormes embarcações, que suscitaram novas pesquisas acerca da construção naval romana, além de estudos sobre a escavação destas. Além disso, ela revelou, também, que ambas as embarcações eram de grande luxo, possuindo colunas de mármore e mosaicos como piso, entre outros. Depois que as bombas pararam de funcionar, um museu foi construído na região e, durante a Segunda Guerra Mundial, os barcos foram queimados por alemães.

No início do século XV, o humanista Flavio Biondo, em suas obras histórico-geográficas Roma instarurata e Italia illustrata, comenta a existência de alguma coisa muito antiga sob as águas do lago. Em 1464, Leon Battista Alberti, realizou algumas sondagens e recuperou alguns objetos que o permitiram afirmar que deveria tratar-se de um naufrágio.

As primeiras tentativas de resgate foram realizadas por Francesco De Marchi em 1535, utilizando um tipo de escafandro por ele inventado. Mais alguns objetos foram recuperados nesta tentativa.

Houve então uma lacuna e, apenas em 1895, o antiquário Eliseo Borghi realizou algumas explorações que lhe permitiram trazer a tona algumas peças de madeira e o primeiro objeto de bronze: parte de um timão. O resgate continuou e mais objetos foram recuperados, incluíndo os cabeços de amarração em bronze com formato de cabeça de animais reproduzidos aqui nas margens. Todos os objetos confirmaram a existência de pelo menos uma embarcação submersa.

Com a exposição do que foi resgatado no Museu Nazionale Romano, o Ministero della Pubblica Istruzione (um nosso Ministério da Cultura) decidiu realizar prospecções mais detalhadas. Trabalhos estes que culminaram com a confirmação da existência não de uma mas sim de duas embarcações romanas afundadas.

A primeira delas estava a cerca de 50 metros da margem numa profundidade que variava dos 5 aos 12 metros e, a segunda localizada a cerca de 70 metros da margem e a uma profundidade variando dos 16 aos 21 metros.

Decidiu-se pela remoção das embarcações mas, só depois de muitos anos, em 1928, foi decidido o método a ser utilizado para tal: o lago seria parcialmente esvaziado.

Com o apoio financeiro e logístico de industriais e de sociedades, foi utilizado um antigo aqueduto romano para auxiliar nos trabalhos. Todos os processos iniciaram-se no dia 20 de Outubro de 1928. Apenas em 28 de Março de 1929, quando o nível do lago havia baixado em 5 metros, a primeira embarcação começou a surgir. A segunda só despontou no dia 30 de Janeiro de 1930.

O esvaziamento parcial do lago terminou em Outubro de 1932 e calculou-se que foram retirados cerca de 50.000.000 de metros cúbicos de água.

As embarcações que surgiram tinham as seguintes medidas:

A primeira (prima nave) 71,30  X 20 X 3,5 e a segunda (soconda nave) 73 X 24,4 X 2,7. Ambas movidas por uma fileira de remos de cada lado. A primeira embarcação possuía características de uma embarcação militar pois tinha dois lemes na popa e possuía o esporão na proa.

Após grandes discussões sobre sua data, chegou-se a conclusão que haviam sido construídas sob o governo de Calígula e uma foi construída para ser um templo à Diana e outra como um palácio flutuante.

Além da grande quantidade de objetos recuperados, as próprias embarcações permitiram um enorme estudo sobre a construção naval romana do séc. I d.C.

Ambas foram instaladas num museu e durante mais de uma década puderam ser apreciadas até que na noite do dia 31 de Maio de 1944 um incêndio, destruiu o museu e as duas embarcações.

O museu foi reconstruído em 1953 e abriga os objetos que haviam sido resgatados e 2 quilhas.

Recentemente foi fechado um acordo entre diversas empresas para construir réplicas em tamanho natural para novamente serem abrigadas pelo museu.
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Fontes: historiahistoria.com.br; Marcello De Ferrari - naufragios.com.br

A princesa de Amon-Rá


O relato que se segue, andei guardando-o por meses a fio, até que saísse de moda e a leitora não se zangasse ao ver o assunto novamente em pauta. Ele serve bem para ilustrar os tesouros que se pode encontrar na grande Rede, desde que se tenha paciência para ler um monte de porcaria antes de se deparar com algo que preste. Encontrei este pseudo-conto num dos artigos postados nos newsgroups sobre Egiptologia e História Antiga na Usenet, pelo colega Steve Abatangle.

Voltando bastante no tempo, a saga se inicia com a princesa de Amon-Ra, que viveu cerca de 1.500 anos antes de Cristo. Quando faleceu a nobre donzela, seu belo corpo foi depositado num lindamente ornamentado caixão de madeira e enterrado profundamente numa câmara em Luxor, ou melhor, do outro lado do Nilo, no Vale dos Reis.

No final da década de 1890, quatro ingleses abastados, visitando as escavações na região, foram contatados por um indivíduo que lhes ofereceu um misterioso sarcófago contendo os restos mortais da princesa de Amon-Ra. Eles iniciaram uma disputa monetária pela peça e ofereceram lances cada vez mais altos, tal como num leilão. O vencedor acabou pagando vários milhares de libras esterlinas pelo raríssimo artefato e mandou que o entregassem em seu hotel. Horas mais tarde, o tal cavalheiro foi visto caminhando sozinho deserto adentro. Nunca mais foi encontrado.

No dia seguinte, um dos três mancebos remanescentes da disputa levou um tiro acidental de um serviçal egípcio que limpava uma arma no salão em que estava. Seu braço foi tão gravemente ferido que teve que ser amputado.

O terceiro homem do quarteto de janotas britânicos, ao retornar para a Inglaterra, teve a infeliz notícia de que o banco em que guardava toda sua poupança de vida acabara de falir. O quarto cidadão do grupo, pobre homem, foi acometido de grave enfermidade. Perdeu seu emprego e reduziu-se a um vendedor de fósforos nas ruas da cidade.

Sabe-se lá como, mas o sarcófago acabou chegando à Inglaterra, obviamente causando uma série de desgraças durante o caminho. Em pouco tempo foi adquirido por um negociante residindo em Londres. Depois de ter três de seus familiares feridos em um acidente de estrada e de ter sua casa destruída por um incêndio, o tal sujeito rapidamente resolveu doar a peça ao Museu Britânico. Ao descarregar o esquife do caminhão, no pátio do museu, o motor do veículo subitamente engrenou a ré e esmagou um transeunte. Ao levar a urna escada acima, um dos dois carregadores tropeçou e quebrou uma perna. O outro, aparentemente em perfeito estado de saúde, morreu estupidamente dois dias depois.

Uma vez instalado o sarcófago da princesa na Sala Egípcia, aí sim é que a encrenca realmente começou. Os vigias noturnos ouviam soluços e batidas provenientes do interior do caixão. Um dos vigias faleceu em serviço, fazendo com que os outros decidissem abandonar o emprego. Até o pessoal da limpeza passou a se recusar a trabalhar perto da princesa.

Um visitante zombeteiramente esfregou um pano de limpeza no rosto pintado sobre o sarcófago. Seu filho morreu de sarampo dias depois. Por fim, as autoridades acharam melhor transferir a problemática múmia para uma sala isolada no porão, imaginando que lá embaixo ela não poderia causar maiores complicações. Após uma semana, um dos funcionários caiu seriamente enfermo e o supervisor da tarefa de transferir a peça foi encontrado morto em seu escritório.

A essa altura, a imprensa já estava se ocupando do caso. Um fotógrafo retratou a pintura do esquife e, quando foi revelar a chapa, deparou-se com a horripilante figura de um rosto humano estampada na tampa do caixão. O assustado profissional foi direto para casa, trancou-se no quarto e se matou com um taco no quengo. Pouco tempo depois, a múmia foi vendida para um colecionador particular. Após vários infortúnios e mortes, o novo dono guardou o malfadado sarcófago no sótão.

A venerável iniciada e expert em ocultismo, Madame Helena Petrovna Blavatsky, visitou a morada do colecionador. Logo que adentrou o domicílio foi tomada por um ataque de tremedeira e imediatamente passou a vasculhar a casa inteira em busca de uma "influência maligna de incrível intensidade". Finalmente chegou ao sótão e encontrou a urna funerária da princesa. Perguntada se poderia exorcizar o mau espírito, Madame Blavatsky disse que o mal permanece mau para sempre e que nada podia ser feito. Ela implorou para que o dono se livrasse daquele sarcófago o mais rápido possível.

No entanto, nenhum museu na Inglaterra queria segurar aquela batata quente. Num período de 10 anos, mais de 20 pessoas sofreram alguma desventura grave, desastre ou morte, apenas por chegar perto ou manusear o sarcófago.

Mas, como se isso tudo não bastasse, um arqueólogo americano cabeça-dura, que reputava os acontecimentos sinistros aos caprichos do destino, pagou vultosa soma e providenciou a remoção da múmia e sua urna para Nova York.

Em abril de 1912, o novo dono do abacaxi embarcou seu tesouro num grande navio e acompanhou-o nessa viagem. Na noite de 14 de abril, com cenas de horror sem precedentes, a princesa de Amon-Ra acompanhou os 1.500 passageiros da embarcação em sua morte, nas profundezas do Oceano Atlântico. O nome do navio era Titanic.

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Fonte: Carlos Alberto Teixeira (colunista de "OGlobo")

Assombração em Hollywood

Joe Hyams e Elke Sommer

Os fantasmas não costumam assombrar apenas casas velhas, caindo aos pedaços. Até mesmo mansões milionárias de Hollywood algumas vezes vêem-se às voltas com eles. Essa triste situação era um aborrecimento constante para a atriz alemã Elke Sommer e seu marido, o escritor Joe Hyams, nos anos 60.

O casal chegou à conclusão de que a casa era mal-assombrada, logo depois de a terem adquirido em 1964. A primeira testemunha foi uma jornalista alemã, que estava tomando sol à beira da piscina, quando viu um estranho no jardim.

O homem, aparentemente com mais de 50 anos, estava muito bem vestido, com camisa branca, gravata e terno preto. A jornalista falou a respeito da aparição com seus anfitriões, que ficaram surpresos com o incidente, pois não conheciam ninguém que correspondesse à descrição.

Duas semanas depois, o estranho apareceu uma segunda vez, quando a mãe de Elke Sommer acordou e o viu. A velha já estava se preparando para gritar, quando a figura simplesmente desapareceu.

As duas aparições representaram apenas o começo dos problemas do casal. A partir daquela ocasião, estranhos ruídos passaram a ser ouvidos na casa, altas horas da noite, com freqüência cada vez maior. Eles ouviam curiosos sussurros, e, algumas vezes, tinham até a impressão de que as cadeiras da sala de jantar estavam sendo arrastadas de um lado para outro.

A princípio, Hyams não pensou que o problema pudesse ser causado pelo sobrenatural. Assim, cortou árvores e arbustos para terminar com os ruídos. Contudo, tal providência de pouco valeu. Toda noite, antes de se recolher, ele trancava cuidadosamente portas e janelas, mas, pela manhã, encontrava uma janela, em particular, aberta. Amiúde, Hyams ouvia a porta da frente abrir e fechar durante a noite inteira, porém sempre a encontrava trancada pela manhã. Frustrado, o escritor instalou três pequenos radiotransmissores ao redor da propriedade, mas não conseguiu pegar nenhum gatuno responsável pelos distúrbios noturnos.

Finalmente, na primavera de 1965, Sommer e Hyams deixaram a casa aos cuidados de um caseiro amigo durante viagem à Europa. Por mais que o caseiro trancasse a porta da frente, antes de dormir, ela aparecia escancarada no dia seguinte. E, naquele mês de agosto, o fantasma fez mais uma visita. O caseiro viu um estranho espreitando-o da sala de jantar. O intruso tinha cerca de 1,80 metro, era musculoso e usava camisa e gravata. Assustado, o amigo do casal Hyams pensou tratar-se de um ladrão, até o homem desaparecer diante de seus olhos.

Sem encontrar explicação para o problema, Hyams finalmente entrou em contato com a Sociedade para Pesquisa Psíquica da Califórnia do Sul, entidade que se dedica a estudos mediúnicos, e o caso passou para a dra. Thelma Moss, psicóloga do Instituto de Neuropsiquiatria da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Ela levou vários médiuns para a casa, inclusive alguns sensitivos locais bastante conhecidos, como Lotte van Strahl e Branda Crenshaw. Alguns dos médiuns sentiram imediatamente a presença do fantasma, e suas descrições combinadas corresponderam aos relatos das testemunhas oculares. Como os médiuns não tiveram acesso anterior a todas aquelas informações, a dra. Thelma achou essas correlações extremamente significativas. Os sensitivos descreveram o estranho como um cavalheiro de cinqüenta e poucos anos, que morrera de ataque cardíaco. De alguma forma, ele ficara ligado à casa, e não queria ir embora.

Enquanto as investigações ainda estavam em curso, Hyams fez algumas perguntas aos ex-proprietários. Chegou à conclusão de que eles, também, haviam sido permanentemente assombrados, porém o escritor californiano não se mostrou intimidado com a descoberta.

- Quem quer que seja o fantasma - declarou Hyams em matéria publicada no Saturday Evening Post -, não pretendemos sair assustados de nossa casa.

Mas, finalmente, eles acabaram abandonando a casa. Depois que a psicóloga completou sua investigação, Sommer e Hyams ainda convidaram mais uma médium para investigar a situação da casa. Jacqueline Eastlund visitou a residência em 1966, e então fez a seguinte advertência ao casal:

- Vejo a sala de jantar em chamas no ano que vem. Tenham cuidado.

Exausto, o casal afinal decidiu vender a casa em 1967, mas um misterioso incêndio irrompeu na sala de jantar, antes que eles tivessem mudado. A origem do fogo, assim como da própria assombração, jamais foi explicada.
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Fonte: O Livro Dos Fenômenos Estranhos - Charles Berlitz

Os 10 piratas mais famosos


Conheça dez piratas famosos que realmente existiram e escolha seu preferido:

Os irmãos Barbarossa (ou Barba-Ruiva)

“Rossa”, em italiano, significa vermelho, ruivo e talvez os nomes Aruj e Hizir não sejam familiares, mas com certeza muitos já ouviram falar do pirata Barba-Ruiva. Barbarossa foi o nome dado aos irmãos turcos pelos corsários europeus. Sua base era na África e eles atacavam várias cidades costeiras, se tornando os homens mais temidos da região.

Sir Francis Drake


Um dos mais famosos piratas que navegavam pelas águas do Caribe, Francis Drake (1540 - 27 de Janeiro 1596) era considerado um nobre por alguns (Rainha Elizabeth I da Inglaterra o condecorou cavaleiro em 1581) e um bandido por outros (Espanha). Ele navegou pelo mundo e derrotou boa parte da Armada Espanhola. Suas pilhagens pela costa do Caribe, especialmente nas colônias espanholas, representam uma das maiores quantias arrecadadas com a pirataria. Ele morreu de disenteria em janeiro 1596, depois de um mau ataque a San Juan, Porto Rico.

Calico Jack

Calico Jack Rackham foi o primeiro a usar o emblema “oficial” dos piratas – a bandeira com a caveira e duas espadas cruzadas (conhecida no Caribe antigo como Jolly Roger). Ele é mais conhecido pela associação com Anne Bonny e por sua “clássica morte pirata” do que por seus feitos e pilhagens. Ele foi capturado na Jamaica e, para servir de aviso para outros piratas, foi enforcado e pendurado em um lugar alto, hoje conhecido como Rackham’s Cay.

Henry Morgan

Morgan é tão popular que hoje existe uma marca de rum que carrega seu nome. Henry Morgan (País de Gales 1635 — Jamaica, 25 de agosto de 1688) foi um oficial que se coverteu em corsário, associando-se com o pirata holandês Eduard Mansvelt e tendo o governador da Jamaica, Thomas Modyford como protetor, saqueou grande parte do Caribe, principalmente o Panamá, na época uma colônia espanhola.

Capitão Kidd

William Kidd (Greenock, 22 de janeiro de 1645 - 23 de maio de 1701) Levado para o mar ainda criança, emigrou para a América do Norte, residindo em Nova Iorque. Possuiu o próprio navio e em 1689 distinguiu-se como capitão a serviço da Inglaterra contra a França e na captura de embarcações piratas. Mas, ao atacar embarcações islâmicas, no mar Vermelho, foi rechaçado por um navio inglês que fazia escolta à essa frota mercante. Depois de outros incidentes infelizes, foi considerado à margem da lei pelos ingleses, sendo então preso e enforcado como pirata. Até hoje persistem boatos sobre a localização do enorme tesouro que ele teria reunido nos anos de pirataria e enterrado em alguma ilha perdida.

Bartholomeu Roberts

Bartholomeu Roberts (1682 — 1722), também conhecido por Black Bart, foi um pirata dos primeiros anos do século XVIII que embora não sendo o mais famoso, foi o mais bem sucedido era de ouro da pirataria, nas águas africanas e caribenhas. Derrotou mais de 400 outros barcos em apenas quatro anos de pirataria. Era um homem de muito sangue frio e raramente deixava algum inimigo viver. Foi intensamente caçado pelo governo britânico e, por fim, morreu no mar.

Ching Shih

E quem disse que as mulheres não participaram ativamente da era de ouro da pirataria? Ching Shih foi capturada por piratas de um bordel cantonês e logo orquestrou seu caminho para a glória, se tornando uma das primeiras capitãs. Ela chegou a comandar uma frota com mais de cem navios e terminou a sua carreira em 1810, aceitando uma oferta de anistia do governo chinês. Ela manteve ainda seu barco, casou-se com o seu tenente e abriu uma casa de jogos. Morreu em 1844, com a idade de 69 anos.

Capitão Samuel Bellamy

Samuel Bellamy (23 de fevereiro de 1689 – 26 de abril de 1717), pirata inglês, mais conhecido pela alcunha de "Black Sam" Bellamy, apesar de ter morrido com apenas 28 anos, marcou seu nome na história pirata, capturando vários navios, incluindo o famoso Whydah Gally, um navio negreiro que vinha carregado com escravos e ouro. Ele tomou o Gally como seu “navio sede”, mas acabou morrendo com ele, em meio a uma enorme tempestade em 1717.

Anne Bonny

Já comentamos mais acima sobre Anne Bonny (8 de março de 1702 – possivelmente 22 ou 24 de abril de 1782), parceira de Calico Jack. Ela é a mais famosa pirata da história e dizem que era bonita, esperta e tão terrível como qualquer homem pirata. Ela era filha de latifundiários, mas abandonou sua vida tranqüila em 1700 e resolveu se tornar um “homem” do mar. Segundo a lenda, ela só foi poupada de ser morta com Calico Jack e com o resto de sua tripulação porque estava grávida (do próprio capitão).

Barba Negra

Barba Negra em gravura (circa 1736).

Barba Negra (Black Beard) se chamava na verdade Edward Teach (circa 1680 - Ocracoke, 22 de novembro de 1718). Ele era um corsário a ativo a favor dos ingleses, mas depois da Guerra da Sucessão Espanhola, se tornou pirata. Apesar da exuberância que ganhou o apelido dele, o aspecto mais proeminente da lenda de Barba Negra é o grande tesouro que teria sido enterrado por ele e que nunca foi encontrado. Porém, até hoje há dúvida de que o tesouro tenha existido. Sua embarcação foi encontrada em 1996 no litoral da Flórida, a uma profundidade aproximada de 10 metros; vários outros artefatos do navio foram resgatados, recuperados e conservados.

Fontes: HypeScience; wikipédia.

Barba Ruiva

Khayr al-Din - gravura sec. XV
Khizr (ou Khayr al-Din) nasceu em 1470 e morreu em 1546, e era o famoso capitão Barba Ruiva (Barbarossa). Ele nasceu numa ilha de Lesbos, Grécia e comandava o navio com seu irmão mais velho, Arúj e seu outro irmão, Ishaq. Quando navegavem juntos, eles eram conhecidos como "Os Irmãos Barbossa".

Ele se tornou pirata mais temido do Mar Mediterrâneo, ele e seus companheiros cercavam e saqueavam os navios do Sultão Selim. Contrariado quanto a isso, Selim decidiu dar-lhe o poder sobre Argel. Alguns dizem que o que Khizr mais queria era conquistar cidades africanas.

Porém, houve um ataque ao navio deles, que resultou na morte de Ishaq e Arúj foi feito prisioneiro pelos invasores. O capitão Arúj escapou e conseguiu reencontrar Khizr. Algum tempo depois, após a morte de Arúj, sem ninguém para ajudá-lo a comandar o navio, ele não teve outra escolha, senão abandonar a pirataria. Desta foma, ele se uniu aos turcos, que lhe cederam reconhecimento como governador da Argélia e cadeiras no Conselho Nacional (Divã).

Nos anos seguintes, durante o governo de Solimão, o Magnífico, durante o esforço de integração das nações islâmicas, o califa o entrega o cargo de capitão dentro da Armada Otomana.

Neste período, o capitão genovês Andrea Doria, a mando do imperador Carlos V, executou diversos cercos à costa Otomana; no comando de diversos e sucessivos contra-ataques, Khizr conseguiu grande prestígio dentro das esferas militares otomanas. Em 1532 praticamente toda a costa ocidental do Mediterrâneo sofreu ataques coordenados por Khizr; a marinha da Sacra Liga estava acuada, enquanto Andrea Doria buscava uma reação.

Em 1534, Khizr é promovido ao cargo de comandante da armada otomana (Kaptan-i-Deria), tendo sido recebido por Solimão no Topkaki, além de ser nomeado Beyerbey do Norte da África e Sancak (governador) de Rodes e Eubéia.

Tendo o comando da Armada Otomana, Khizr promoveu diversas ações militares, que culminaram na esmagadora derrota da armada da Sacra Liga na Batalha de Preveza (1538), sob o comando de Andrea Doria, e que trouxe, como conseqüencia, a hegemonia otomana sobre o mediterrâneo pelos 33 anos que se seguiram.

Fonte: Wikipédia.

O tesouro dos piratas

O fabuloso tesouro dos piratas: escavações na Ilha de Oak em 1897.

Ao largo da costa da Nova Escócia, localiza-se a diminuta e irregular ilha de Oak. No entanto, inversamente proporcional a seu tamanho é o estranho enigma do que existe escondido debaixo da superfície ilusoriamente normal. Dizem que ali há um fabuloso tesouro de piratas, de valor incalculável. As descobertas de exploradores falam de uma possível tragédia e de um trabalho de engenharia realizado por quem quer que tenha escondido o tesouro, sem igual em sua engenhosidade quase sobrenatural.

Qualquer que seja o resultado final, o fato é que por quase duzentos anos a ilha de Oak frustrou todas as tentativas de desvendar seu segredo. Os primeiros a tentar foram Daniel McGinnis e dois amigos, que remaram pela baía Mahone desde o Canadá, em 1795. Em uma clareira no lado oriental arborizado da ilha, eles descobriram o guincho de um velho navio, pendurado em uma árvore solitária, na depressão. Intrigados, cavaram e descobriram a abertura de um túnel de 4 metros de largura. A uma profundidade de 3 metros, os rapazes localizaram a primeira das grossas plataformas de carvalho. Seis metros mais abaixo, encontraram uma segunda plataforma, e a 9 metros, uma terceira.

O trabalho de escavação naquela argila pedregosa exauriu os jovens caçadores de tesouros, tanto física quanto espiritualmente. Outros viriam substituí-los. O trabalho de escavação foi reiniciado em 1804, financiado por Simeon Lynds, abastado morador da Nova Escócia. Os homens contratados por Lynds encontraram mais cinco plataformas de carvalho - a profundidades que iam aumentando em intervalos de 3 metros -, três das quais haviam sido protegidas com resina de navio e fibras de coqueiros. A 27 metros, eles defrontaram com o que ficou conhecido como "a pedra dos números", onde alguns símbolos obscuros foram interpretados por alguém como significando "3 metros abaixo, 10 milhões de dólares estão enterrados".

Dois metros e meio abaixo da pedra dos números, o pé-de-cabra de um dos mineiros bateu em algo sólido, que os homens pensaram ser a arca de tesouro. Após o achado, os homens de Lynds resolveram interromper os trabalhos do dia. Na manhã seguinte, o túnel estava cheio de água a uma profundidade de quase 20 metros.

O buraco do tesouro levou Lynds à falência, assim como causou a ruína de todas as outras expedições similares. Com o passar dos anos, uma quantidade suficiente de provas foi retirada do buraco, inclusive fragmentos de correntes de ouro e indícios de câmaras onde estariam colocadas arcas de madeira, mantendo vivas a curiosidade e a ganância de caçadores de tesouros.

O mistério do buraco do tesouro aumentou ainda mais quando foram descobertos dois canais ligados ao túnel, nas profundidades de 34 e 45 metros. Resguardados por fibras de coqueiros, os dois canais levavam às praias da ilha, onde pareciam servir como esponjas, transportando a água do mar para o túnel principal, inundando-o para sempre. As fibras de coqueiros indicavam que os piratas do tesouro seriam originários do Pacífico Sul.

Caçadores de tesouros continuam a enterrar dinheiro no buraco, correndo risco de vida. Daniel Blankenship, ex-empreiteiro de Miami, dirige as escavações na ilha de Oak como representante da Triton Alliance Ltd., consórcio de 48 membros de ricos financiadores canadenses e americanos. Certa vez ele estava dentro do túnel, quando as proteções metálicas, que sustentavam as laterais 15 metros acima de sua cabeça, começaram a desabar. Os operários conseguiram retirá-lo do buraco poucos segundos antes do desmoronamento total.

Depois de já haver enterrado 3 milhões de dólares no local, Blankenship e a Triton resolveram seguir em frente. David Tobias, presidente da Triton, chegou a declarar:

- O que está em jogo agora é, provavelmente, a escavação mais profunda e mais cara já feita na América do Norte.

O novo plano implica a escavação de imenso túnel de aço e concreto, com largura de 18 a 21 metros e 60 metros de profundidade, que revelará, de uma vez por todas, o que existe no fundo do buraco do tesouro. Custo estimado? Dez milhões de dólares.

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Fonte: O Livro Dos Fenômenos Estranhos - Charles Berlitz

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O lobisomem botucatuense

Mito corrente dos mais populares em todo o território nacional, apresenta curiosas variantes em cada região. De São Paulo, a chamada “zona velha” figura entre as mais ricas em valores folclóricos. Ali, mais precisamente em Botucatu, fizemos estes apontamentos.

É o mais corrente em todo o município e, sem muitas variantes, nos municípios vizinhos de Bofete, Piramboia, Itatinga e Avaré. É igualmente conhecido nas cidades. Um dos primeiros ferroviários a residir em Botucatu, mais tarde aposentado e transferido para Sorocaba, referiu ali a Aloísio de Almeida seu encontro com um lobisomem urbano, à noite, na então rua do Comércio, próximo ao Bosque.

A única característica própria, neste caso, era de que ia o lobisomem muito vagarosamente, como se cansado. Possuía longas orelhas tatalantes, produzindo ruído semelhante ao de matracas e trazia aberta a boca.

Por três maneiras se pode tornar lobisomem: por sina, gosto e mordida. O destino marca inexoravelmente para o lobisomem o sétimo filho homem de um casal qualquer que por incúria ou descrença, não receba como padrinho ao irmão mais velho. Será lobisomem por gosto, e se o desejar, quem depois de vinte anos sentir atração irresistível pelo sangue, excrementos de galinha ou pelas andanças noturnas.

 O processo de encantamentos é comum. Encruzilhada. Sexta-feira. Meia-noite. Espojamento na areia. Nó nas mangas do paletó. A terceira forma é consequência das duas primeiras. Se um lobisomem de qualquer destas espécies morde a canela de um homem, este poderá ou não tornar-se por sua vez um lobisomem segundo o estado de pureza de sua alma. Se a vítima foi um cão e no mês de agosto, estará “louco”. Ficará “arejando” para o resto da vida se o fato ocorrer em qualquer outro mês.

E varia a hora de saída do lobisomem. Aquele que cumpre condenação do destino, já estará a vaguear pelas estradas desde as 10 horas. O voluntário, porém, requer a meia-noite. Câmara Cascudo, em sua Geografia dos mitos brasileiros, refere que já às 23 horas, o lobisomem está transformado. Mas a hora de se recolher é invariavelmente a mesma: duas da madrugada, imediatamente após o cantar dos galos.

Às vezes, o desencantamento ocorre naturalmente: depois de sete anos de fadário, se o infeliz não tiver cometido sacrilégio algum contra igreja ou atacado viúvas. Pode também ser provocado graças a um ligeiro ferimento a faca, atingindo-se, de preferência, as patas dianteiras.

O desencantamento poderá apresentar duas reações: se cumpria disposição do destino, agradece e cumula de bens o autor da façanha; se porém, tratava-se de um lobisomem voluntário, passará a odiar o intrometido contra quem tentará todas as vezes que lhe for possível, pois desde o momento do desencantamento, sua alma estará condenada à perdição. (Note-se aqui, a perfeita driscriminação das reações entre as duas formas de lobisomem. Geralmente, este prisma do mito não se encontra bem elucidado, confundindo-se seriamente os porques do proceder posterior do ex-licantropo).

São bem distintos o lobisomem rural e aquele urbano. Este é, de certa forma, ordeiro. Vive arredio, fugitivo do olhar humano. Vasculha os galinheiros à cata de excrementos recentes de aves de uma cor determinada, teme os cães e rodeia as cozinha sprocurando pela água de barrela que aprecia como sua melhor bebida.

Não é grande corredor e fica largo tempo à espreita das casas e coisas que lhe aptecem. (Talvez se deva ligar os detalhes da paciente espera e das visitas aos galinheiros ao fato de que antigamente, assim procediam os não raros raposões que abundavam pela zona, que a simplicidade da gente impressionável, facilmente identificou com o mito comum).

O lobisomem do campo é que parece condenado a tacar gente. (Qual a razão? Seria simples fato de que o campo, a mata, a treva e as longas extensões desabitadas sempre se prestaram melhor aos encantamentos? Ou o resíduo daquelas práticas sanguinárias que Klabund assinalou muito bem como praticadas pelos camponeses de toda a Europa, na Idade Média?). Possivelmente, também, influência do lobisomem italiano, o lupo mannaro, através de uma contribuição ao nosso folclore graças à larga massa de imigrantes fixados em nosso meio rural.

Bebe até saciar-se, porém sempre agoniado pela necessidade de sustar sua corrida. Quem se vê perseguido por ele encontra abrigo nos cemitérios ou pátios de capelas. Não teme símbolos individuais de proteção, nem exorcismos, mas uma cruz preparada com barba de bode e em seguida benta pela Quaresma mantém-no afastado de casa.

Os padres e, especialmente, a mãe do infeliz podem reconhecer seu drama, mesmo quando não no couro da fera. Moço que toda manhã de sábado (notem o dia da semana) amanhece sofrendo náuseas denuncia-se. Pior ainda se for magro, pálido, fastidioso, com só os olhos estranhamente luminosos.

Não ataca gente de seu sangue, mas, se casado, a esposa corre de contínuo risco. Somente pode salvar-se na fuga e nada a livrará da morte se alcançada e dominada por ele. (Influência, talvez e longínqua, do lobisomem gaúcho — um despeitado que paga o castigo de haver sido infiel com uma comadre da esposa).
Tamanho e forma? Aproxima-se mais de um perdigueiro médio. Cabeça sempre baixa, de ordinário trote regular, boca desmesuradamente aberta. E o característico infalível: enormes orelhas balouçantes, provocando o ruído que gera pavor e ao mesmo tempo serve como aviso.

Existem na mesma região paulista variações interessantes do e sobre o mito tão popular. Voltaremos para tratar delas.
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Fonte: NEVES, Guilherme Santos. “Folclore”. A Gazeta. Vitória, 07 de julho de 1963

Lobisomem


O mestre Luís da Câmara Cascudo, em seu Dicionário do folclore brasileiro, ao focalizar o verbete Lobisomem, nos diz da longevidade do mito universal, registrado, desde a mais remota antiguidade, por Plínio, o antigo, Heródoto, Plauto, Varrão, Santo Agostinho, Ovídio etc. etc. — mito que, — por universal — também se localizou na Península Ibérica, espantando a espanhóis e portugueses. De lá é que, certamente, nos veio, dentro das primeiras caravelas lusitanas.

De Portugal, cita o mestre um verso no Cancioneiro geral, de Garcia de Resende (1516), verso do poeta Álvaro de Brito Pestana: “Sois danado lobisomem…” Refer à crença lusa, segundo a qual o lobisomem é filho de comadre e compadre, ou de padrinho e afilhada. E pinta-lhe o retrato: “como homem: extremamente pálido, magro, macilento, de orelhas compridas e nariz levantado”; como animal, lobo, mas um lobo feio e mau, “um bicho grande, bezerro de alto porte, com imensas orelhas”.

O lobisomem continua a sua secular caminhada, o seu triste e sangrento fadário através do mundo. Está presente no folclore do Brasil e, da mesma forma, no folclore capixaba.

Por aqui, sabe e diz o povo que:

• o lobisome é bicho horrível, que carrega a gente;

• certas pessoas (homens, principalmente) viram lubisome às sextas-feiras de lua;

• quem entrar na igreja depois da meia-noite vira lubisome;

• o diabo, na noite de Sexta-feira Santa vira lubisome e vem para os quintais comer as galinhas, precisamente à meia-noite;

• nas sextas-feiras da Quaresma, não se deve deixar fora, expostas, as cascas de caranguejo (da torta); deve-se enterrá-las, para que não venha o lobisome lambê-las. Também corre, entre nós, esta crendice generalizada em todo o Brasil;

• Quem tem sete filhos seguidos (encarreirados), um deles ou o último será lubisome  (Crendice recolhida na Serra, em Santa Leopoldina e Vitória, mas, certo, corrente em quase todo o Espírito Santo).

Há, porém, um processo para evitar esse fado horrível: é o mais velho dos sete filhos ser o padrinho de batismo do último; com isso, desvia-se deste o destino terrível.

Já vi um lobisomem. Já o vi com estes olhos que a terra (breve) há de comer. Foi em Conceição da Barra. Guardei até o dia preciso: 1º de fevereiro de 1959. Feio, arrastando-se no chão, cabeça enorme e o corpo coberto de capim e estopa, o lobisomem que eu vi latia feito um cão danado, latidos surdos, ganidos como se ladrasse à lua. Na ocasião, alguns “marujos” assoviavam para ele, chamando-o ou atiçando-lhe a raiva, e também cantavam, ao som de pandeiros.

Evém, evém
Evém lubisome
Evém…


Aí o bicho beio mesmo, rastejando, “caçando” as pernas da gente, até que os mesmos “marujos” cantaram:

Evai, evai
Evai, lubisome
Evai…


E ele lá se foi, arrastando-se como viera, sob os risos, apupos e aplausos dos que presencíavamos a bela exibição do famoso Reis-de-boi de Santa (povoação pobrezinha, a quatro quilômetros de Conceição da Barra).
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Fonte: Jangada Brasil in: "Neves, Guilherme Santos. “Folclore”. A Gazeta. Vitória, 07 de julho de 1963".

Alimentação das almas

Nos sertões da Bahia, principalmente em Juazeiro, as cerimônias religiosas da Quaresma e Semana Santa não se restringem aos atos litúrgicos, celebrados nas igrejas pelos vigários da área. Entre os habitantes da zona rural, mantém-se viva uma manifestação do maior envolvimento místico: as cerimônias de alimentação das almas, uma maneira muito própria de rezar pelos seus mortos.

São quinze mulheres, em média. Algumas ainda crianças, não passam dos dez ou vinte anos. Cobertas por um lençol branco caminham lentamente pela caatinga, para o cemitério de Rodeadouro, um lugarejo no sertão sanfranciscano, próximo a Juazeiro. De longe, ouve-se um canto meloso, triste, lembrando o cantochão.

Esse espetáculo, raramente presenciado por pessoas estranhas, repete-se às quintas e sextas-feiras da Quaresma, no interior da Bahia. Ao lado de um outro, onde o misticismo do povo do interior atinge ao grotesco, quando homens se flagelam com chicotes de couro com pontas de metal, a “alimentação das almas”, é uma manifestação religiosa em extinção, mas que resiste desde o fim do século passado, em regiões da Chapada Diamantina, Monte Santo (no norte do estado) e nas margens do São Francisco.

À meia-noite, as “alimentadeiras” saem da capela de Rodeadouro para o cemitério, quatro quilômetros adiante, no meio da caatinga. As que seguem à frente do “cordão” conduzem velas acesas. No “cordão” apenas um homem: um rapaz que leva o “madeiro” — cruz feita de jatobá, de dois metros de altura. Na metade do caminho, a visão fantasmagórica, movendo-se lentamente em meio à escuridão, estanca. Uma voz estridente inicia uma ladainha ou um salmo. É o cântico iniciador da encomendação, ou alimentação, das almas.


A cerimônia lembra a via sacra. Divide-se, também, em estações. É o ruído da matraca — uma tábua de madeira com uma argola de arame grosso em cada lado, que produz um som seco quando agitada repentinamente — comanda um movimento brusco de genuflexão. A alimentadeira mais velha, dona do cordão entoa uma lauda. O coro responde rezando um padre nosso. Mais três laudas seguidas da oração, logo após todos cantam o senhor Deus. É a primeira estação.

Mais quarenta minutos de caminhada, a segunda estação é rezada e cantada, em cima de uns lagedões. A terceira estação já é no cemitério. Um cercado de 400 metros quadrados, com uma cruz caiada no centro. Já são duas horas da manhã, quando termina a última oração pela alma de diversas pessoas, antepassados, que foram enterrados ali. A procissão de retorno não é mais feita sob o comando da matraca, mas é acompanhada de cânticos lúgubres.

A alimentação das almas é uma manifestação religiosa que se repete nessas regiões, onde o envolvimento místico das populações chega, às vezes, a ser severamente combatido pelos párocos das freguesias mais próximas. Por isso, o cordão é fechado, não permitindo a participação de todo mundo. A dona do cordão recebe a incumbência da própria mãe, depois de preparada através dos anos. Essa herança perdura a cada geração. É a maneira própria de rezar pelas almas dos parentes e amigos, que a cada ano se realiza na Quaresma. Na Sexta-feira da Paixão, a cerimônia requer um toque de solenidade: todas as indumentárias e os lençóis que encobrem as alimentadeiras são utilizados especialmente para a ocasião.

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Fonte: Site Jangada Brasil in: "Alimentação das alma - Viver Bahia - Salvador, março de 1976".

Lenda da Gruta que Chora

"Gruta que Chora" - Praia de Sununga, Ubatuba-SP.
Contam lá nas bandas da Sununga (1) que há bastante tempo um moça muito bonita, de nome Marcelina, vivia com sua mãe na mais completa alegria. A jovem tinha a pele suavemente morena, olhos claros e cabelos negros, era belíssimo seu corpo de menina nova, graciosa como o quê.

De uma hora para outra, sem que nada acontecesse, Marcelina deixou-se cair prostrada em sua cama simples, sem vontade nenhuma, nem sorrir a bela moça queria. Sua mãe, Sinhá Anália, já havia percebido, não sem preocupação, que a menina estava diferente e parecia piorar conforme os dias se sucediam. Tentou de tudo, chás de ervas, banhos de folhas e flores, mas nada fazia efeito.

Sinhá Anália contava para as comadres o que estava acontecendo com sua menina e todos diziam que era problema de idade. Inconformada, perguntava à filha o que estava acontecendo, mas a menina era categórica, jurava que nada havia de errado e que comia pouco ou quase nada para não ficar gorda como umas mulheres que vira na cidade certa vez.

Não podia ser normal aquilo, Sinha Anália bem o sabia, ainda mais depois que virou rotina acordar durante a madrugada com os soluços da filha. Como pensasse que era tristeza, conteve ao máximo seu ímpeto de correr ao quarto de Marcelina para saber o que se passava. Até que não resistiu e surpreendeu a moça soluçando palavras desconexas, como se pedisse para alguém não partir. A garota estava sozinha no quarto!

Depois de ser flagrada pela mãe, não restou alternativa a não ser contar a verdade. Foi com perplexidade que a mulher ouviu palavra por palavra, tudo meio sem nexo, sobre a história do dragão que morava na Toca da Sununga. Todo mundo conhecia o caso na região e até mesmo evitava passar por aquelas bandas. Os pescadores nem se atreviam a chegar perto porque as ondas gigantes engoliam canoa, rede, tudo. As pessoas sabiam que o tal monstro existia, mas só Seu Antero tinha visto. Era um bicho horroroso, tinha metade do corpo de dragão e a outra metade era roliça, como uma cobra, e se rastejava no chão.

Pois bem, desde que Seu Antero falou do dragão que vivia na gruta, Marcelina não parou de pensar nele, com um misto de medo e curiosidade. Contou à mãe que de tanto pensar no bicho, ele foi lá ter com ela, entrou no quarto no meio da madrugada. Vendo o assombro de Sinhá Anália, tentou acalmar a mãe, já idosa, dizendo que ele ficou encolhido, tão pequeno, que parecia não fazer mal a ninguém, até que virou um homem. A mulher não podia crer no que estava ouvindo, era loucura da sua filha, teria que chamar um doutor, aquilo de mostro virar homem não era certo, ainda mais dentro de sua própria casa. Depois falou que tinha passado a noite embalada nos braços daquele lindo moço de olhos claros.

Mesmo depois de uma noite tão especial, a garota sentiu-se infeliz porque o moço partiu logo ao amanhecer, quando o galo cantou três vezes. Ela ficou no quarto chorando, sem disposição para nada, só pensava em esperar a noite chegar para receber a visita do amado. Agoniada, a mãe da jovem, só podia rezar para todos os santos que conhecia, até promessa fez.
   
Demorou muito tempo para aparecer um velho pobre, andarilho, batendo à porta de Sinha Anália em busca de um prato de comida. Ao entrar na casa, como faltasse assunto, a mulher foi logo narrando o drama de sua filha. Ouviu calado, inexpressivo, e ao fim do relato, disse já ter ouvido, bem longe dali, falar do monstro que atormentava a população daquele bairro. Por tal motivo ele estava lá, para expulsar aquela criatura do mal. Era uma espécie de mago e sabia como fazer isto.

Logo o bairro todo estava sabendo da vinda do ancião e na manhã seguinte todos se acotovelavam em frente à Toca da Sununga. Já no local, o pobre monge ergueu os braços e fez o sinal da cruz, acompanhado de todos que estavam lá, fez uma prece ao Senhor e espargiu sobre a pedra que forma a toca um pouco da água que carregava consigo. Para espanto dos presentes, imediatamente um trovão violento fez estremecer a terra, e o mar se agitou violentamente, avançando sobre a praia, chegando a bater nas rochas. Depois as águas recuaram e o mar abriu-se ao meio, bem em frente à toca, por onde o mostro passou, horripilante, rugindo, para se esconder definitivamente nas profundezas do oceano.

Ninguém mais até hora ouviu falar do dragão. Dizem que Marcelina viveu por muito tempo, acanhada e triste, porém bela como sempre fora!

“Hoje, quem se postar no interior da lendária gruta, perceberá cair lá de cima, das ranhuras da pedra, uma seqüência de pequeninas gotas que se infiltram na areia branca e fina que alcatifa o chão. Dizem alguns que são remanescentes gotas da água benta espargida pelo monge, que ainda caem a fim de que o dragão jamais possa voltar. Outros, porém, afirmam que são lágrimas de Marcelina, que lá voltou muitas vezes na esperança de que o dragão, feito moço bonito, ainda voltasse para ficar com ela a noite inteira até os albores da manhã!”.

(1) Praia da Sununga, localizada na parte Sul de Ubatuba-SP.
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Fonte: Lugares do Mundo.com in: "Ubatuba, lendas & outras histórias - Washington de Oliveira".

O vale das sete mortes

Ainda hoje são muitas as regiões inexploradas do globo, e não é de se excluir que próximo de outros teatros de mistérios tremendas destruições sejam trazidas à luz do sol. Na Índia não deveriam ser poucos, tendo em vista as abundantes referências que se encon­tram nos livros antigos; e uma dessas plagas alucinantes poderia ser identificada com o "vale das sete mortes", cuja localização é mantida secreta pelas autoridades de Nova Délhi, na tentativa de evitar que algum louco, seduzido pelas lendas que falam de imensos tesouros, se entregue a uma aventura quase sempre fatal, como aconteceu aos companheiros de um tal Dickford, há setenta anos.

Graham Dickford era um daqueles aventureiros que pululavam no século passado, procurando alcançar riqueza de qualquer maneira, arriscando mesmo a própria vida ou, até mesmo, a dos outros.

Os funcionários britânicos na índia souberam da existência desse aventureiro em 1892, quando foi recolhido em míseras condições nos arredores de uma cidadezinha, e imediatamente internado num hospital. Em frases entrecortadas, Dickford contou ter escapado de uma experiência pavorosa: junto com outros colegas do seu tipo, o aventureiro conseguira localizar um misterioso vale no coração da selva e nele penetrar. Alguns indianos tinham-lhes contado que lá havia um templo abarrotado de fabulosos tesouros; mas ao invés da sonhada montanha de ouro e pedras preciosas, encontraram uma série de indescritíveis horrores.

Todos os seus companheiros morreram e, embora Dickford tivesse conseguido escapar aquele inferno, tinha as horas contadas: uma violenta febre o sacudia em contínuos tremores, sobre a cabeça ferida não restara um só fio de cabelo e o corpo estava coberto por terríveis queimaduras. Narrou a aventura em delírio, entremeado por gritos desesperados, falando num "grande fogo voador", de "sombras da noite", "fantasmas que matam com o olhar". As várias tentativas de se obter um relato compreensível foram vãs: de hora em hora a narrativa se tornava mais confusa e, três dias após ter sido encontrado, o aventureiro morria de maneira horrível, gritando e agitando-se a ponto de pôr em fuga, aterrorizados, os enfermeiros indianos.

A história de Graham Dickford foi a primeira notícia sobre o vale infernal. Ninguém o levou a sério, até que, em 1906, uma expedição organizada pelas autoridades britânicas confirmou o relatório do desditoso caçador de tesouros — pagando, no entanto, com duas vítimas a incursão ao que foi definido como "um caldeirão de bruxas da natureza".

Naquele ermo mortal reúnem-se os representantes das mais venenosas espécies de serpentes que a Índia hospeda, e também os monstros do reino vegetal se agrupam num amontoado de inúmeras plantas venenosas. Sobre esse horrível vale corre o "grande fogo voador" que o chefe da outra expedição assim descreve: "É suficiente acender uma pequena chama para que a terra seja sacudida por um estrondo infernal e nasça uma labareda que salta de um extremo ao outro do vale".

Muito estranha foi a circunstância em que os dois exploradores ingleses perderam a vida: descendo num estreito "funil", começaram a fazer movimentos curiosos, desordenados, para em seguida tombar no chão. Os companheiros se precipitaram em seu socorro, mas só puderam recuperar os cadáveres, tendo que abandonar rapidamente o local por causa do aparecimento de sintomas de atordoamento e sufocação. Durante a noite tiveram pesadelos terríveis, e um sentimento de inexplicável mal-estar se manteve por muitos dias.

Em 1911, uma segunda expedição penetrou no vale. Dos sete homens que entraram (todos veteranos da selva, habituados a qualquer perigo), somente dois voltaram: chegando ao centro de um espaço situado entre baixas colinas, os outros cinco de repente começaram a rodar em círculo, como autômatos, surdos aos chamados dos companheiros que se mantiveram fora da zona. Em seguida, caíram fulminados.

Um grupo de caçadores veteranos e decididos, que oito anos mais tarde entrou no "vale das sete mortes", encontrou 17 esqueletos humanos. Nem essa expedição saiu intacta: três de seus componentes se atiraram, sem motivo aparente (até a alguns minutos estavam brincando e rindo com os outros), do topo de uma parede rochosa, indo espatifar-se sobre as rochas.

Alguns estudiosos acreditam poder explicar os sinistros fenômenos que se verificam no "caldeirão das bruxas", atribuindo-os a gases naturais, uns inflamáveis, outros capazes de bloquear os centros nervosos provocando colapsos mortais, e mencionando também jatos de vapor de ácido carbônico que, em um clima peculiar, favoreceriam o desenvolvimento de plantas venenosas e o aparecimento de serpentes.

"Coisas demais num espaço pequeno demais", dizia Einstein, embora não a esse respeito. Os argumentos expostos, de qualquer ma­neira, não são absolutamente satisfatórios, sem contar que os "fantasmas" de Dickford, que "matavam com o olhar", não encontram sequer uma simples tentativa de explicação.

Devemos tentar com a "teoria espacial"? Poderíamos então pensar numa série de assombrosos fenômenos provocados pelo emprego daquelas armas termonucleares e daqueles engenhos ainda mais poderosos, que as descrições dos antigos textos indianos permitem entrever... e voltar ao Vale da Morte americano, aos seus répteis rastejantes, lá onde nenhuma outra forma de vida poderia sobreviver, às suas árvores monstruosas, aos vapores irrespiráveis, às fantasmagóricas luzes que — segundo nos conta o Doutor Martin — "surgem de repente do chão, tomam formas que lembram, às vezes, as humanas, deslizam na noite, ora muito lentamente, ora como relâmpagos, serpeiam, erguem-se como chamas, artelhos, de colunas de fogo branco, arremessam-se contra o céu..."
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Fonte: KOLOSIMO, Peter - Antes dos Tempos Conhecidos -  Edições Melhoramentos - 4.a Edição  - 1968.

Uma experiência semelhante a morte


As opiniões certamente se dividem quando se trata de experiência semelhante à morte. Alguns estudiosos do assunto acreditam que é uma genuína previsão do mundo após a morte, enquanto outros acham que os sintomas não passam de alucinação. Poderá a realidade da experiência algum dia ser provada? Recentemente, foi feita uma tentativa por Kimberly Clark, assistente social do Harborview Medical Center, em Seattle, Washington.

A primeira experiência aconteceu enquanto Kimberly estava trabalhando com uma paciente chamada Maria, migrante que visitava parentes na cidade quando foi vítima de um ataque cardíaco. Ela sobreviveu à crise, porém sofreu um segundo chamado da morte enquanto se recuperava no hospital. Como estava assistida por sofisticada tecnologia hospitalar, Maria foi fácil e prontamente revivida. A assistente social visitou a paciente naquele mesmo dia. Ficou perplexa, quando ela declarou:

- Aconteceu algo muito estranho quando médicos e enfermeiras cuidavam de mim. Eu me vi olhando de cima, enquanto eles trabalhavam em meu corpo.

Pouco impressionada com a história, Kimberly imaginou que Maria tivesse ficado confusa em razão do sofrimento. Mas a assistente-social mostrou mais interesse quando a paciente disse que, enquanto estava flutuando fora de seu próprio corpo, ela "voou" até a ala norte do terceiro andar do prédio e viu um tênis.

- Ela precisava que alguma outra pessoa soubesse que o tênis estava realmente ali para validar a visão - afirmou Kimberly, que subiu ao terceiro andar à procura do tênis, emocionada e confusa. Finalmente - revelou a assistente social -, encontrei um aposento onde encostei meu rosto no vidro, olhei para baixo e vi o tênis.

Do ponto em que estava, não podia ver que o tênis estava desgastado do lado e que o cadarço se encontrava embaixo do calcanhar. Isso, além de outros detalhes não visíveis para mim, e que Maria só poderia tê-los visto se pudesse flutuar pelo lado de fora do prédio, tendo outra perspectiva em relação ao tênis. Peguei o tênis e levei-o para a migrante. Para mim, essa foi uma prova bastante concreta.

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Fonte: O Livro Dos Fenômenos Estranhos - Charles Berlitz

Dupla identidade

Kate, garota criada em Yorkshire, Inglaterra, sonhava em casar com "um oficial do Exército que usasse ternos de lã cinza e paletós de tweed, que tivesse bigode, fumasse cachimbo e dirigisse um carro esporte".

Na adolescência ela mudou para Toronto, onde conheceu um homem que correspondia perfeitamente àquela descrição. Seu nome era John Tidswell, oficial do Exército canadense e piloto amador de carros de corrida. Ele se divorciou da primeira mulher e casou com Kate em 24 de novembro de 1956. O casal teve três filhos - dois meninos e uma menina. O casamento deles parecia ser extremamente feliz.

Um dia, durante a última semana de julho de 1970, no entanto, John pegou sua chalupa para um passeio no lago Simcoe, a quase 60 quilômetros de casa. Ele não voltou. As equipes de busca e salvamento conseguiram encontrar a embarcação avariada, mas nenhum sinal de John Tidswell. No dia 8 de outubro de 1971, um tribunal declarou-o legalmente morto.

E as coisas ficaram nesse pé até alguns anos mais tarde, quando Kate Tidswell de repente começou a sonhar intensamente com o falecido marido. Os sonhos eram de tal forma perturbadores que em 1979 ela procurou um médium, em busca de explicação. O médium disse-lhe que John ainda estava vivo, morando em outro lugar e com o nome de "Halfyard".

Kate iniciou uma busca que a levou a percorrer treze Estados. Ela não encontrou o marido, porém seus sonhos e as palavras do médium deixaram-na convencida de que ele estava vivo em algum lugar.

Nesse ínterim, um homem de Denver chamado Robert Halfyard estava tendo problemas jurídicos. Ele ganhara uma viagem à Europa, mas, quando foi tirar o passaporte, as autoridades investigaram seus antecedentes e descobriram quem era realmente: John Tidswell. Arquitetara a própria morte e abandonara a família canadense para iniciar vida nova nos EUA.

A "viúva" do militar de pronto deixou de receber a pensão a que tinha direito. Sem perda de tempo, ela processou-o, exigindo o pagamento de 100 mil dólares de pensão alimentícia para ela e filhos.

Kate Tidswell declarou a alguns repórteres que estava tentando ver algum "lado bom" na situação.

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Fonte: O Livro Dos Fenômenos Estranhos - Charles Berlitz

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O fantasma sem cabeça


Um homem chamado Lakey, colono pioneiro da pequena cidade de McLeansboro, Illinois, foi encontrado morto. A cabeça dele fora decepada, aparentemente pelo machado que jazia junto à toca ao lado de seu corpo. Ninguém conseguia entender a razão do crime, pois, ao que tudo indicava, o homem não tinha inimigos entre os habitantes locais.

Um dia após o enterro, dois homens estavam cavalgando nas proximidades da cabana de Lakey, junto ao que atualmente é conhecido como riacho de Lakey. Eles provavelmente tinham ido pescar no rio Wabash. Passavam pela cabana, quando a noite caiu. Então, outro cavaleiro sem cabeça, montado em um grande cavalo preto, uniu-se a eles.

Mudos de susto, os homens cavalgaram apavorados, desceram pela margem e entraram no riacho. De repente, o misterioso cavaleiro mudou de direção, seguiu regato abaixo e pareceu desaparecer em uma poça de água próxima de um cruzamento.

A princípio temerosos de contar a história, os homens logo ficaram sabendo que outras pessoas tinham visto a mesma aparição. O caminho seguido pelo fantasma era sempre o mesmo. Ele se unia a cavaleiros que vinham do leste, virava perto do centro do riacho, e então desaparecia.

Hoje, uma ponte de concreto dá vazão a veículos motores sobre o mesmo local onde antigamente os cavaleiros vadeavam o riacho de Lakey. Os motoristas ainda não viram o fantasma sem cabeça, e o mistério da morte de Lakey jamais foi solucionado.


Fonte: O Livro Dos Fenômenos Estranhos - Charles Berlitz

A chamada da morta


Karl Uphoff, ex-músico de rock, acredita piamente que existe vida após a morte. O motivo: um telefonema da avó já falecida, recebido em 1969.

Karl estava com 18 anos quando sua avó materna morreu. Sempre houvera uma ligação muito estreita entre os dois, e quando a velha ficou surda, já nos últimos anos de vida, passou a solicitar a ajuda de Karl. Como nem sempre o rapaz estava em casa, ela adquirira o hábito de telefonar aos amigos dele para encontrá-lo. Como não conseguia nem ao menos ouvir se alguém atendia o telefone, ela simplesmente discava um número, esperava alguns momentos e então solicitava:

- O Karl está aí? Diga a ele para vir para casa logo, logo.

Ela repetia o recado algumas vezes e então desligava, passando para o próximo número da lista. No entanto, esses telefonemas terminaram, dois anos antes de sua morte, em 1969, quando a irmã de Karl passou a tomar conta da avó.

Dois dias após o falecimento, Karl decidiu fazer uma visita ao casal D'Alessio em Montclair, Nova Jersey, cujo filho, Peter, era seu amigo. Peter e Karl estavam no andar térreo da casa, conversando, quando o telefone do andar superior tocou. Os dois rapazes ouviram a sra. D'Alessio conversando impacientemente com a pessoa que ligara e tornando-se cada vez mais agitada. Karl ficou atônito quando ela o chamou.

- Uma velha está falando ao telefone - gritou. - A mulher está dizendo que é sua avó e que precisa de você. Só que ela repete a mesma coisa vezes sem conta.

Karl subiu correndo a escada e pegou o fone, porém não havia mais ninguém do outro lado da linha. Naquela noite, de volta para casa, ele recebeu uma série de telefonemas. Nunca havia ninguém do outro lado do fio quando tirava o fone do gancho.

O telefonema teria sido um trote? Essa possibilidade parecia extremamente duvidosa. Interrogado por um investigador, Karl declarou que nenhum de seus amigos tinha ciência das ligações que sua avó costumava fazer, e que os D'Alessio eram conhecidos recentes. Ele acrescentou também que fora visitá-los espontaneamente, e que ninguém sabia de seu paradeiro quando o telefonema foi feito.


Fonte: O Livro Dos Fenômenos Estranhos - Charles Berlitz