sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Casa Aberta

O encontro de Grace O’Malley com a Rainha Elizabeth I

Existe em Howth, perto de Dublin, um vasto castelo que conhecido pelo nome de “Casa Aberta”. Aberta, a casa não está constantemente. Só durante as horas das refeições as janelas e as portas estão escancaradas e isso há quatro séculos.

A origem desse costume é dos mais curiosos. Há quatrocentos anos, Grace O’Malley, a célebre e temível mulher-pirata irlandesa, apresentou-se diante do castelo exigindo hospitalidade. Os donos do castelo evitaram acolher hóspede tão indesejável. Então Grace O’Malley rouba o filho dos castelões e lhes manda dizer que só restituiria o garoto sob uma condição: a de que para o futuro todas as portas e janelas do castelo, sem exceção, fossem abertas nas horas das refeições. Os proprietários do Howth — os Saint-Lawrence — foram obrigados, então, a aceitar o ultimato.

Desde então cumpriram escrupulosamente sua promessa. E a respeitaram tão bem que após sua morte o ultimo representante direto da família interditou, por testamento, a venda do castelo se o comprador não se conformasse com a tradição, comprometendo-se ainda exigir que a respeitassem seus herdeiros e todos os compradores eventuais.  A lenda pretende que o fantasma de Grace O’Malley aparece no castelo para fiscalizar o pacto.

A propósito do castelo de Howth se conta ainda outra lenda: no parque, próximo ao edifício, achava-se outrora um carvalho magnífico. Uma velha cigana que passou por ali declarou que o carvalho perderia um de seus galhos cada vez que morresse um membro da família  dos Saint-Lawrence. Coincidências? Sem dúvida. Mas a verdade é que a profecia se realizou plenamente. O carvalho mantinha apenas um galho e este tombou em 1898, no dia em que faleceu o ultimo Saint-Lawrence.

O velho tronco ainda existe, mas sem força para lançar novos ramos para o céu...


Fonte: Revista "Careta", de 17/12/1938.

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