segunda-feira, 4 de abril de 2016

Comunicação com os Mortos



Os que estão mortos nunca se foram: / Eles estão na sombra que se espessa. / Os mortos não estão sob a terra: / Eles estão na árvore que se agita, / Eles estão no tronco que geme, / Eles estão na água que corre, / Eles estão na água que dorme, / Eles estão na cabana, estão na multidão: / Os mortos não estão mortos.

Definição: A comunicação psíquica com seres humanos que já morreram.

O que os crentes dizem: A consciência humana sobrevive à morte. Algumas pessoas estão sintonizadas psiquicamente com outras dimensões e podem receber informações de almas que já "fizeram a travessia".

O que os céticos dizem: Morto é morto. Não há provas de que alguém no "além" já tenha falado o que quer que seja com alguém daqui.

Qualidade das provas existentes: Moderada.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Moderada.

No famoso seriado "A Sete Palmos", da HBO, os personagens conversam com os mortos o tempo todo. Contudo, ao contrário dos métodos utilizados por espiritualistas (tabuleiro Ouija, sessões espíritas, escrita automática etc.), os mortos do programa parecem seres humanos normais e conversam com os vivos em nossa linguagem oral padrão.

No entanto, TV é TV e a verdadeira comunicação com os mortos fica muito além de ponderações desse tipo. Os céticos discutiriam o uso do termo "verdadeira comunicação"; contudo, o contato com os mortos tem sido um elemento comum a quase todas as religiões e culturas da Terra — desde sociedades tribais primitivas tentando compreender a sabedoria de seus ancestrais até versões televisivas modernizadas de sessões espíritas mediúnicas.

Mas será que algo disso é verdade?

Usando uma técnica chamada de "leitura a frio", os que se autodenominam paranormais oferecem informações sobre pessoas amadas falecidas com uma precisão assustadora. O truque é prestar atenção às respostas das pessoas, perceber a linguagem corporal, escutar "às escondidas" e falar de modo vago sobre coisas que se aplicam a todos. Tão logo um paranormal acerta o "alvo" com algum detalhe específico ("Estou escutando um velho chamado Thomas …"), ele pode então enfeitar os detalhes (sem ser muito específico) até o sujeito acreditar de verdade que o paranormal está em contato com seu falecido pai, irmão ou esposa.

A maioria dos que dizem ser capazes de se comunicar com os mortos é charlatã. O mágico David Blaine demonstrou certa vez a técnica de leitura a frio no programa de Howard Stern (tal qual a velha técnica de pegar garotas) e sua performance ilustrou como é fácil dizer algo com o qual muitas pessoas concordariam de imediato. "Às vezes você se sente um peixe fora d'água". "Você finge felicidade muitas vezes, mesmo quando está sofrendo por dentro". "Você não se sente muito apreciado por seus colegas de trabalho e por sua família". "Ninguém o entende de verdade".

A leitura a frio é feita o tempo todo em sessões privadas, em feiras paranormais e noutros lugares, e muitos acreditam nela piamente.

No entanto, a leitura a frio não é a mesma coisa que uma verdadeira comunicação com os mortos.

Será que algumas pessoas conseguem realmente se comunicar com as almas do além?

John Edward é o último de uma longa linhagem de paranormais que dizem conversar com os mortos. Existem inúmeros artigos impressos e na internet "explicando" (embora "desmascarando" seja uma palavra melhor) como ele faz o que faz, e, ainda assim, há coisas que ele disse e fez que não são tão facilmente explicáveis como parte de um truque de mágica barato.

Eu confio em Larry King, assim como muitos outros. Creio que seu programa é sincero e legítimo. Acredito que as ligações recebidas no ar por ele não são pré-planejadas. E é por isso que sou ambivalente com relação a John Edward. Durante uma entrevista no "Larry King Live", em junho de 1998, Edward recebeu uma ligação de uma mulher cujo marido havia falecido. Eis aqui uma transcrição resumida da conversa:

Larry King: Oi.

Mulher: Sou Sherri. Perdi meu marido há cerca de um ano e meio.

John Edward: Ele está me dizendo… isso é estranho, mas você o enterrou com um maço de cigarros?

M: Enterrei.

JE: Ele está me dizendo… sei que isso vai soar estranho… era a marca errada?

M: Era.

LK: Espera um pouco, espera um pouco. Ele foi enterrado com um maço de cigarros de marca diferente da que fumava?

M: Foi.

LK: Como você viu isso?

JE: Eles me mostraram os cigarros e colocaram uma linha sobre eles, com um círculo vermelho em volta, tipo um sinal de "não fumar" e… só que eu senti que precisava reconhecer que os cigarros estavam lá.

LK: Então isso não pode ser só um palpite.

A mulher pareceu chocada com o fato de ele saber aquilo, mas confirmou ser verdade.

Seria a mulher uma cúmplice de John Edward? Será que o telefonema havia sido uma encenação?

E aí que entra minha confiança em Larry King. Não acredito que ele aceitasse participar de tamanha farsa.

E se não teve participação, então como Edward sabia aquilo? Coincidência? Os céticos dizem que sim; os crentes, que não.

Tal qual muitos dos outros tópicos deste livro, a aceitação ou negação de um fenômeno (especialmente este) depende totalmente de a pessoa acreditar ou não na existência da alma e na vida após a morte.

Eu acredito em ambos e estou disposto a crer que algumas pessoas conseguem, de fato, se comunicar com aqueles que já "fizeram a travessia". Não estou falando de charlatães que se tornaram peritos em leitura a frio. Estou falando de pessoas espiritualmente conscientes que tentam, e talvez consigam, se comunicar com aqueles que escaparam ao tumulto vital.

Isso é um erro? Talvez, mas estou bastante disposto a errar em favor de uma mente aberta.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

Escrita Canalizada e Automática




A ampulheta fora virada três vezes, e os grãos estavam pela metade, e o pássaro ainda pulava dentro da gaiola. Acho que a ampulheta já vinha sendo virada há anos, corretamente zerada a cada vez, e o pássaro vivera alguns deles cantando e outros lamentando. A boca da lareira bocejou sonolenta … — Patience Worth

Definição: A canalização (algumas vezes chamada de transe canalizado) é o processo pelo qual um espírito supostamente fala por intermédio de uma pessoa viva, conhecida como canalizador. A escrita automática é o processo pelo qual um espírito, durante a canalização, escreve uma prosa ou uma música que o canalizador então transcreve.

Algumas vezes a canalização e a escrita automática são consideradas produtos do subconsciente de alguém, mais uma ferramenta psicológica do que uma técnica paranormal. No entanto, a definição mais popular e amplamente aceita do termo em geral refere-se à canalização do espírito.

O que os crentes dizem: Os canalizadores são médiuns talentosos que usam sua consciência como um "receptor" para entidades espirituais transmitirem informações e sabedoria. Os canalizadores que trabalham com a escrita automática ou a composição recebem verdadeiras manifestações de arte de espíritos no além. Aqueles que canalizam grandes almas, como a de Mozart ou Shakespeare, deveriam ser valorizados, uma vez que o mundo está lucrando com manifestações artísticas até então desconhecidas desses grandes mestres.

O que os céticos dizem: Espíritos do além não se comunicam com ninguém. Toda e qualquer "sabedoria" supostamente canalizada nada mais é do que os pensamentos (ou, no caso da escrita automática, a prosa e a música) dos próprios canalizadores.

Qualidade das provas existentes: Inconclusiva.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Inconclusiva.

Notícia: Kevin Ryerson é um canalizador. Um dos espíritos que ele canaliza é de um amigo de Jesus chamado João. Um dos clientes de Ryerson é a atriz e escritora Shirley MacLaine. Segundo Ryerson, João lhe disse que Shirley criou o universo em parceria com Deus. Aparentemente, ela acredita que isso seja verdade.

Notícia: Em 1913, em St. Louis, no Missouri, uma entediada dona de casa de 30 anos chamada Pearl Curran começou a receber comunicações por meio de um tabuleiro Ouija de uma mulher chamada Patience Worth. Patience contou a Pearl que vivera no século XVII em uma fazenda em Dorsetshire, na Inglaterra, até imigrar para os Estados Unidos, onde posteriormente fora assassinada por índios. Não demorou muito para que a mulher britânica falecida há séculos começasse a ditar para Pearl Curran.

Por 25 anos, Patience supostamente ditou para Pearl mais de 400 mil palavras de ficção e poesia, inclusive cinco mil poemas, vários romances e uma peça. Grande parte deste trabalho foi publicada, e Patience Worth, escrevendo através de Pearl, tornou-se uma autora muito bem-sucedida. Seus romances históricos, principalmente "Telka" e "The Sorry Tale", foram aclamados pela crítica na época, e, na verdade, amplamente aceitos como trabalhos canalizados, até porque ninguém acreditava que a sra. Curran tivesse a inteligência, a educação ou o talento para produzir por conta própria tamanha quantidade de obras em estilos variados.

Hoje em dia, o trabalho de Worth não pode ser encontrado no mercado, embora ainda existam exemplares de edições esgotadas, mas estes são caros. Ela, porém, não possui mérito literário algum e, se ainda desperta interesse, é pela curiosidade em se ler algo que supostamente foi escrito por um espírito se comunicando com os vivos.

Notícia: Ludwig van Beethoven compôs nove sinfonias, hoje em dia universalmente consideradas o epítome do modelo sinfônico. No entanto, segundo a canalizadora britânica Rosemary Brown, Ludwig na verdade compôs um total de 11 sinfonias. O grande compositor ditou as sinfonias 10 e 11 para a sra. Brown depois de morto. Além de Beethoven, Rosemary diz ter recebido também composições originais de Brahms, Bach, Rachmaninov, Schubert, Grieg, Debussy, Chopin e Liszt, assim como de vários outros compositores.

Durante décadas de comunicações com esses grandes músicos, a sra. Brown recebeu mais de 400 obras, e, em sua maioria, elas acabaram sendo consideradas bastante similares ao estilo dos compositores a quem eram atribuídas, além de denotarem, segundo os especialistas, um nível de habilidade e inspiração muito superior às limitadas capacidades da sra. Brown.

Importante… ou imaginado?

Será que Rosemary Brown recebeu mesmo novas peças de compositores mortos?

Será que Pearl Curran recebeu de verdade romances e poesias de Patience Worth?

Ou será que Brown e Curran eram simplesmente mulheres cultas cujos subconscientes foram capazes de evocar habilidades normalmente inacessíveis a elas?

Acreditar ou não em canalização ou em escrita automática depende de uma pergunta chave que devemos fazer a nós mesmos: você acredita que a consciência sobrevive à morte?

Se a resposta for "não", então toda essa conversa de canalização e de receber mensagens e manifestações artísticas de pessoas mortas nada mais é do que pura fantasia ou delírio. O processo em si é chamado de automatismo, que significa a "suspensão da consciência em prol da expressão de ideias e sentimentos subconscientes".

Se, no entanto, a resposta for "sim", então a porta encontra-se escancarada, e filmes como "Ghost — Do outro lado da vida" e "O Sexto Sentido" são considerados representações ficcionais de fatos inacreditáveis, muito mais do que fantasias divertidas totalmente inverossímeis. Grandes poderes do além e possivelmente seres de outros planetas ou dimensões tornam-se os "autores" de sábias inspirações e de obras artísticas originais.

A ideia de a humanidade ser capaz de receber obras artísticas de grandes escritores e compositores mortos é excitante. E, aparentemente, algumas das músicas enviadas para Rosemary Brown por compositores mortos seguem o estilo original. Mas, a menos que algum manuscrito há muito perdido de alguém como Beethoven ou Bach seja desenterrado de algum arquivo poeirento, os cânones de um compositor falecido há tempos permanecem inalterados, não obstante todos os trabalhos canalizados.

Se refletirmos, o mais sábio é acreditar no último caso.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

Caçador de Vampiros? Não, é Sobrevivência!



Na terceira página do tabloide AM New York de 2 de julho de 2007, aparece, numa nota discreta, com título “Pássaro ‘vampiro’ atacado”, uma reportagem sobre um pavão agredido por um jovem. O tipo de notícia que passa despercebido por aqueles que não conhecem o drama de Jim, como chamaremos o rapaz para preservar seu anonimato, morador de Staten Island, NY, Ensino Médio recém-concluído.

Jim não é diferente de mim ou de você; lê X-Men e gosta de filmes de terror, quanto mais trash melhor. Recentemente, completou sua coleção de “A Hora do Pesadelo” e tem procurado no EBay e com colecionadores o raro filme dirigido James T. Flocker, “Ghosts The Still Walk”. Tem suas manias, seus hábitos, seus medos, como todos nós.

Porém, desde o começo deste ano, Jim acreditava que uma vampira o perseguia. Conheceu-a numa festa na casa dum amigo, conversaram pouco, sobre Igrejas Góticas e a invasão dos godos ao Império Romano, mas a menina deixou a festa com outro jovem, gótico como ela.

Ao interrogar colegas, descobriu seu nome e e-mail. Ele era tímido, por isto, muito mais fácil dizer o que pensava através da palavra escrita do que em diálogos, e logo a troca de mensagens eletrônicas esquentou.

No MSN, fizeram sexo virtual, mas Jim mal se aguentava para transar de verdade com Suzanne para, finalmente, aos dezessete anos, perder a virgindade.

Combinaram uma data, Jim emprestou o carro da mãe e, após buscar Suzanne em casa, dirigiu até uma área desabitada.

Beijos e amassos, mão dentro da calcinha, chupões no pescoço; Suzanne se interessava particularmente pelo pescoço. Chupava, chupava até doer. — Tenho outra coisa para você chupar... — Jim baixou o zíper da calça, lembrando-se da fala de algum vídeo pornô que vira na Internet. Não convenceu a menina, que continuava grudada em sua jugular. Constrangido, e talvez assustado, Jim tentou afastá- la, não conseguiu, sua mão, cheia de sangue. Apesar de sua fixação por filmes de terror, Jim era o tipo de pessoa que não podia ver sangue. Desde quando caiu de bicicleta, aos dez anos, e sofreu uma fratura exposta no fêmur, qualquer machucadinho com sangue era suficiente para fazê-lo desmaiar. Sangue na mão? Jim apagou.

Acordou sozinho, no banco do motorista. Torcicolo e zíper aberto. Sangue coagulado na gola da camiseta e na palma da mão. No retrovisor, dois buraquinhos na garganta. Suzanne era uma maldita vampira! Não havia conclusão mais óbvia.

Cortou relações com a menina, não respondia e-mails, não ia a festas nas quais sabia que ela estaria, instruiu sua mãe a dizer que ele estava doente, caso uma menina de cabelos lisos, delineador nos olhos, Ankh dependurada no peito e roupas pretas procurasse por ele.

Após um mês insistindo, Suzanne aparentemente desistiu de Jim.

No entanto, numa noite, após Jim haver assistido a uma reprise de “A Hora do Espanto”, filme escroto, mas divertido, ele teve a impressão de ouvir ruídos na janela. Abriu a cortina e só viu a copa das árvores, e, do outro lado da cerca, as luzes apagadas dos vizinhos que dormiam.

Não estava com sono; na Internet, procurou por fotos eróticas. Batia uma punheta quando novamente ouviu ruídos na janela. Ergueu os shorts do pijama e fiscalizou mais uma vez o que poderia estar acontecendo. Nada. Subiu a janela, enfiou a cabeça pra fora. Nada. Estendeu os braços para baixar a janela, quando um morcego, mocho, ou outra ave noturna, voou por baixo de seu sovaco e entrou no quarto.

Jim se apavorou. Não tinha medo de passarinhos, que isso! Mas levou um baita susto quando aquele bicho passou raspando por ele. Deixou a janela aberta e vasculhou o quarto. Acendeu a luz, mas não conseguiu encontrar a ave. Talvez fosse apenas uma corujinha, ou até mesmo uma mariposa. De mariposas não tinha medo, só nojo. Mas nada que o impedisse de dormir.

Preferia deixar a janela aberta, caso o bicho decidisse partir, mas fazia um pouco de frio naquela noite, por isto, foi obrigado a fechá-la, desligou o computador (o pinto já estava mole mesmo), apagou a luz e se deitou. Dormiu um sono leve, acordou várias vezes, sempre com a estranha sensação de estar sendo observado.

Num reflexo, cobriu-se com o lençol. Quando criança, tinha medo de que o monstro do armário saísse e pegasse seu pé. Não havia agonia maior do que cobrir a cabeça com o lençol, e descobrir os pés. Sempre o temor de que o bicho viesse e pegasse uma de suas partes. Jim se lembrou disto, encolhido debaixo do lençol.

Então, barulho de asas. A ave estava dentro de seu quarto, talvez o sobrevoando. Jim tremia, suava até. O bater de asas cessou, alguém estava no pé da cama, uma mão segurou o lençol e começou a puxá-lo. Jim lutou para se manter coberto, aquela frágil proteção contra o mal, 75% algodão, 25% poliéster, mas foi derrotado. O lençol lhe foi arrancado. Suzanne o observava, olhos em brasa, dentes afiados. A vampiresa avançou, detendo Jim, que se debatia, segurando-lhe com força desmedida. Dentes direto no pescoço; Jim perdeu a consciência.

Os amigos de Jim riram da cara dele quando ele lhes contou a história. — Culpa destas merdas de filme que você assiste — lhe responderam. E Jim nem poderia contar com o auxílio deles para matar a desgraçada da sanguessuga.

E, a cada dia que passava, Jim se tornava mais servo de Suzanne. O sangue que ela sugava dele, lhe enfraquecia a mente, lhe turvava o raciocínio. Como que hipnotizado, toda noite, ele abria a janela e permitia a entrada de Suzanne, que o dominaria, que o debilitaria. E ela sempre assumia formas diversas, morcego, coruja, um cão negro ou lobo, como da vez quando Jim foi acampar com amigos na floresta e, sozinho na mata, foi surpreendido por Suzanne, que nunca o deixava em paz.

A sensação de inescapabilidade, de que Suzanne só descansaria quando ele houvesse morrido, ou se tornado uma criatura repugnante como ela, fez com que ele assumisse uma postura de macho.

Abriu a janela, como o usual, e aguardou até que Suzanne, metamorfoseada em morcego, entrasse no quarto. Armado com um bastão de beisebol, passou a investir contra ela, acertando duros golpes e repelindo-a para fora.

— Agora sim vou lhe ensinar uma lição!

Jim correu para fora de casa e acompanhou do voo atordoado do morcego, que passou por cima do telhado de uma casa, desaparecendo na direção do Burger King. Ainda empunhando o bastão, Jim alcançou o estacionamento da lanchonete, viu um pavão e teve certeza de que Suzanne havia mudado de forma para enganá-lo.

Arrebentou o pavão, que não morreu, mas foi eutanasiado dias depois pelo Centro de Controle de Animais.

Felicia Finnegan, atendente do Burger King, apressou-se para fora.

— O que você está fazendo? — perguntou a Jim.

— Estou matando um vampiro! — Jim respondeu.

A polícia foi chamada, mas Jim, com medo da punição e de que ninguém, como ocorreu com seus amigos, acreditasse nele, fugiu.

Hoje à noite, descobri que Jim foi encontrado morto na floresta, feridas abertas no pescoço. Disseram ter sido presa dum raro morcego-vampiro. Mas quem acreditaria em mim se eu resolvesse contar a verdade?

E Suzanne está por aí, dançando nas festas de adolescentes, à procura por um novo namorado.

Nova York
02/07/2007


Fonte: Fantasmas, Vampiros, Demônios e histórias de outros Monstros — Henry Alfred Bugalho — Oficina Editora, 2013.

Contrata-se um Ghostwriter


Eleonor Schneider, diante da máquina de escrever, se preparou para redigir o livro da sua vida. Ler “São Bernardo” a encantou, a narrativa simples de Paulo Honório; refletiu que também deveria tentar. Mas ela não era nenhum Graciliano Ramos e, assim que a página em branco foi ajeitada, o peso das palavras oprimiu Eleonor. Não sabia o que dizer, nem como.

— Por que você não contrata um Ghostwriter? — Marieta, amiga de infância de Leonor, sugeriu.

— O que é isto?

— Algo comum nos Estados Unidos, amiga. “Escritor-fantasma”, em português, você paga alguém para colocar suas ideias no papel e, no final, quem recebe os créditos é você. Mais fácil, impossível.

Proposta tentadora. De fato, resolveria muitos problemas estruturais de sua narrativa, o primeiro deles: como colocar num livro setenta anos de história pessoal, três casamentos, uma viuvez, um filho morto em acidente de carro, uma filha doutora na Suíça, Eleonor sobrevivendo a um acidente de avião (com mais cinco outras pessoas).

Todas aquelas coisas, grandes ou triviais, que indivíduos comuns consideram imprescindíveis de serem escritas num livro, para o bem-geral da humanidade e da posteridade.

Por isto, na manhã seguinte, Eleonor anunciou no jornal:  “Contrata-se um Ghostwriter, para livro autobiográfico”.

Logo começaram os telefonemas e as visitas. Candidatos com currículos, constando as editoras com as quais trabalharam, catálogo de clientes satisfeitos, trechos de suas obras. Eleonor os avaliava como se selecionasse um quarto marido: não bastava ter ótimas qualificações, tinha de ser simpático, não podia ser feio (ser bonito não era imperioso, mas feio, nem pensar!), e com horários extremamente maleáveis, pois as melhores ideias de Eleonor ocorriam de madrugada, ou seja, disponibilidade para receber telefonemas às três ou quatro da manhã.

E tal pessoa só poderia ser Pietro della Fontana, vinte e tantos anos, olhar profundo, sorriso sincero e, de acordo com ele, pelo menos dois livros publicados na Itália. Apesar do português com sotaque, um conhecimento gramatical impecável; não trouxe currículo, mas apenas um pedaço de guardanapo, no qual, diante da própria Eleonor, redigiu um parágrafo, descrevendo-a.

A viúva se encantou com os adjetivos a ela atribuídos:

— Quando podemos começar, meu filho?

Três vezes por semana, Pietro vinha à casa de Eleonor, geralmente após a hora do jantar. Eles tomavam chá na sala de estar, Eleonor contava sua vida a Pietro, mostrando-lhe fotos esmaecidas, por vezes, algumas relíquias de família; este tomava notas de tudo, num caderninho velho com folhas amareladas. Riam juntos dos momentos pitorescos; choravam juntos dos trágicos.

— Estou tão feliz com minha escolha, Marieta! — Eleonor no telefone — O rapazinho é atencioso e dedicado. Amanhã, trará as primeiras páginas do que escreveu.

Mas Pietro della Fontana não cumpriu o prometido. Ao invés dum manuscrito, trouxe apenas o velho caderno de notas.

— Mas você prometeu, Pietro!

— Desculpe-me, Eleonor, eu deveria ter-lhe explicado o meu método de trabalho antes de começarmos. Você só terá acesso ao texto quando eu houver terminado. Então, revisaremos juntos e faremos as modificações.

— Mas você prometeu!

— Foi um deslize que não se repetirá.

A confiança de Eleonor nele foi abalada. No entanto, agora que os trabalhos já haviam começado, iriam até o fim.

Uma ideia brilhante despertou Eleonor, sobre como iniciar o próximo capítulo. Sentada na cama, discou o número de Pietro; ninguém atendeu.

— Atenda, Pietro! É importante — ela sussurrava. Secretária eletrônica.

— Pietro, aqui é Eleonor, ligue para mim o mais rápid... — não concluiu; tinha certeza de haver ouvido passos na escada. Desligou o telefone, vestiu o penhoar e abriu uma fresta na porta. Mesmo estando tudo escuro, uma sombra se lançava de baixo para cima, na escada, por causa do fraco abajur na sala. Eleonor teve medo. E se fosse um assaltante? Um estuprador (há quase uma década que ela não sabia o que era ter um homem dentro dela)? E se fosse um psicopata assassino em série?

Eleonor apagou a luz e correu para dentro do closet. Arfava. Coração na boca. O invasor mexeu na maçaneta, a porta do quarto se abriu, um vulto entrou e caminhou diretamente para o closet. Encostou a cabeça na porta.

— Eleonor, — murmurou — sou eu, você me chamou. Eu vim.

Os pelos da viúva se arrepiaram, conhecia a voz, mas, tomada pelo pânico, não raciocinava. Permaneceu em silêncio.

— Sou eu, Pietro... — a voz insistiu.

Poderia ser uma emboscada, uma armadilha. O bandido poderia tê-la espiado e investigado a todos com quem ela mantinha contato. Mas a voz era mesmo de Pietro.

Lentamente, ela abriu o closet.

Os olhos profundos do rapaz a fitavam, à distância dum palmo:

— O que você está fazendo dentro do armário, Eleonor? — ele riu.

— O que é que você está fazendo aqui em casa, a esta hora da madrugada? — a raiva da senhora era muito inferior ao medo — Saia daqui agora! Saia, saia, saia!

— Calma, Eleonor, eu trouxe alguns rascunhos para você dar uma olhada. Achei que não deveria deixá-la esperando.

— Não vou repetir, rapaz. Se você não for embora agora, serei obrigada a chamar a polícia.

Pietro trajou uma decepcionada expressão. Com um maço de papéis sob o braço, deu a volta e desapareceu escada abaixo.

Eleonor tremia, havia perdido o sono, tinha medo de descer e confirmar se Pietro havia realmente partido. Ficou sentada na beira da cama, abraçando-se, aguardando o sol nascer.

— História esquisita esta que você me contou, amiga — Marieta apoiava a cabeça no punho cerrado, pensativa.

— Vou cancelar o contrato com ele. Não quero mais saber de ele escrevendo minha história. Quem deu a ele direito de vir até minha casa, entrar sem ser convidado? Não quero mais saber.

— E se ele for perigoso, Eleonor? Ele pode querer se vingar de você. Talvez seja melhor você descobrir mais coisas sobre ele. Eu gostaria de conhecê-lo.

— Por favor, não me peça isto.

— Confie em mim, Eleonor. Você sabe como é minha intuição. Uma olhada neste rapaz e já vou saber se ele é de boa índole.

Eleonor aquiesceu. Ligou para Pietro e marcou um jantar, na casa dela, para aquela mesma noite.

— Ele já deve estar para chegar — Eleonor apertava as mãos, enquanto Marieta dispunha a mesa para três.

A hora combinada chegou e Pietro, sempre inacreditavelmente pontual, não apareceu.

— Algo deve ter acontecido — Marieta racionalizava — É apenas um atraso.

— Ele descobriu tudo. Percebeu que se tratava duma arapuca — o olhar de Eleonor saltava de janela em janela, temendo que alguém as estivesse observando.

Ficou tarde, e lá fora começava a chover.

— Ele não vem, amiga. E já está na minha hora. Cuide-se e, qualquer coisa, saiba que pode contar comigo — Marieta abraçou Eleonor e partiu.

Dez minutos depois, alguém bateu à porta. É Marieta, esqueceu-se da sua sacola de bordados, Eleonor pensou. Com a sacola em mãos, Eleonor atendeu a porta:

— Aqui está... — disse, sorridente, mas logo os dentes se esconderam, à porta estava Pietro.

— Desculpe-me o atraso, Eleonor — ele estava todo encharcado — Meu carro enguiçou. Tive de caminhar até aqui.

Sem convidá-lo a entrar, Eleonor sugeriu:

— Quer que eu ligue para um mecânico?

— Não precisa. Só preciso dum lugar para passar à noite. Amanhã, quando estiver dia, eu mesmo posso consertar o carro.

— Você não pode ficar aqui, Pietro. Sinto muito.

— Por que não, Eleonor? Nós nos tornamos tão íntimos nestas últimas semanas — havia algo de macabro neste “tão íntimos”.

Ele avançou e afastou Eleonor com o braço. Retirou o casaco e o dependurou no cabide.

— Posso dormir no sofá mesmo — ele retirou as botas, Eleonor estática, maçaneta da porta aberta numa das mãos, sacola com bordados na outra.

— Feche a porta, Eleonor, está vindo um vento gelado de fora. Ela obedeceu.

Mesmo se trancando no quarto, Eleonor não estava sossegada. A recordação da outra noite a inquietava, jurava estar ouvindo Pietro andando lá embaixo, emitindo grunhidos como se fosse um bicho, subindo a escada, respirando perto da fechadura, e descendo a escada novamente. Ela se cobriu com o lençol, era como se Pietro estivesse dentro do quarto, prestes a puxar o lençol e sussurrar:

— Você me chamou... Eu vim.

Outra noite insone. Eleonor se levantou e olhou pela janela: as árvores castigadas pelo vento e pela chuva oblíqua. Foi até a penteadeira e apanhou o porta-retratos no qual a foto de Teobaldo, seu finado esposo, sorria. Um tímido reconforto, fugidia segurança; viu-se no espelho, olheiras proeminentes, cabelos despenteados, e, atrás de si, quase invisível, quase uma névoa, a silhueta de Pietro. Num grito, quase um soluço, Eleonor se virou. Nada, apenas sua imaginação; delírios causados pela falta de sono.

Pietro já havia partido quando Eleonor deixou o quarto; na mesinha de centro, um bilhete.

Obrigado pelo teto. Vemo-nos em breve.

Aliviada, Eleonor tratou de ligar para Marieta, mas quem atendeu não foi ela; a voz era de alguém mais jovem:

— Eu gostaria de falar com Marieta. Aqui é a Eleonor.

— Ai, Eleonor, mamãe faleceu ontem à noite.

— Meu Deus, Renata, o que aconteceu?

— Ainda não sabemos... Eu a encontrei na cama.

— E ela sofreu? — Eleonor perguntou.

— Gostaria de dizer que teve uma morte tranquila, mas o rosto dela... Era como se estivesse com medo. Dizem que pode ter sido um ataque do coração. A funerária acabou de levá-la.

Eleonor chorava. Se soubesse que nunca mais veria a melhor amiga, não teria lhe dado apenas um abraço; beijaria-lhe a face e agradeceria por todos estes anos de companheirismo.

Devia fazer uma última visita a ela, a sós. Foi até o necrotério. No semblante, aquelas mesmas feições descritas pela filha como sendo de medo. O que Marieta tinha a temer? Ou era apenas um ataque cardíaco mesmo? Com o pretexto de apanhar as roupas para o velório, Eleonor obteve permissão de Renata para entrar na casa da morta.

Logo que abriu a porta, encontrou pegadas de lama, que desapareciam após poucos passos. Porém, ao contrário do esperado, havia pegadas de quatro pés, dois possivelmente de Marieta, dois, bem maiores, dum homem. Alguém havia estado com Marieta, naquela mesma noite chuvosa. As pegadas pequenas desapareciam antes; as grandes, seguiam até perto do sofá. Eleonor as acompanhou, então, avistou, sob uma poltrona, apenas a pontinha duma folha de papel.

Ela se abaixou e a puxou para fora. Era uma folha velha de papel, amarelecida, escrita com letra pequena e apressada, exatamente igual às folhas do caderno de Pietro, exatamente como a caligrafia dele. Eleonor leu o que estava escrito:

Capítulo 47

Marieta não percebeu que alguém a havia seguido. Por razões muito importantes, a queria morta; ela poderia ser um entrave na missão dele; poderia pôr tudo a perder.

Desesperada, com a certeza de que a morte de Marieta não havia sido natural, Eleonor correu para a delegacia mais perto.

Os policiais riram da hipótese dela, leram o pedaço de papel, especularam que poderia ser uma coincidência mórbida, mas, sob insistente pedido de Eleonor, aceitaram fazer uma busca da ficha criminal de Pietro della Fontana.

Nada, mas um escrivão ouviu o nome e comentou:

— Pietro della Fontana? Este cara deve estar usando um nome falso!

— Por quê? — o outro policial perguntou.

— Este é o nome dum famoso escritor italiano. Minha esposa está fazendo uma dissertação de mestrado sobre a obra dele. Morreu uns oitenta anos atrás, acho.

A constatação foi dura para Eleonor, ela não tinha o nome verdadeiro do criminoso, o telefone que ele havia dado a ela estava fora de área, a polícia nem acreditava no que ela dizia.

Foi embora da delegacia com a sensação de impunidade, de que não conseguiria justiçar a morte da amiga. Na saída, porém, se deparou com o escrivão, cuja mulher conhecia a obra de della Fontana.

Suplicou-lhe ajuda, entregou-lhe seu endereço e lhe pediu que solicitasse à esposa que mandasse para ela algumas informações sobre Pietro.

Marieta foi velada e sepultada. De luto, olhos inchados de tanto chorar, Eleonor, ao chegar em casa, apanhou a correspondência. Havia um gordo envelope. Nele, um maço de documentos sobre Pietro della Fontana. Fotos, fac-símiles de manuscritos, biografia, bibliografia. Tudo, desde a foto até a caligrafia, o Pietro, escrito italiano, morto em 1926, mestre do gênero fantástico e de terror, se assemelhava ao Pietro, o ghostwriter.

Eleonor se trancou no quarto, e leu linha por linha o material que tinha em mãos. Descobriu que Pietro havia se mudado da Itália para esta cidade, e a casa na qual faleceu ficava a poucas quadras da de Eleonor. Seu Pietro, o ghoswriter, era um rapaz muito esperto, estava tentando assustá-la, querendo se passar por um escritor morto, mas com qual intenção? Com qual propósito?

Ela adormeceu sobre os papéis, exausta pelas noites insones e pela vigília ao corpo da amiga. Mas despertou, calafrios na espinha e ouvindo alguém respirando, bem pertinho de seu ouvido.

— Você me chamou, Eleonor.... Eu vim.

Instintivamente, relembrando seus tempos de meninice, quando ela e a irmã rezavam juntas um Pai-Nosso, quando tinham medo de que o Saci viesse, durante os verões no sítio, Eleonor começou a rezar.

— Ainda falta um último capítulo, Eleonor. Depois, vou embora. Sim, o último capítulo era sobre ela.

Os vizinhos reclamavam dum tremendo mal-cheiro. Ligaram para as autoridades e descobriram que vinha da casa de Eleonor. O corpo se decompunha há mais de um mês. Excetuando a filha doutora, que não dava a mínima para a mãe, ela não tinha parentes vivos, mais nenhum amigo próximo, ninguém havia dado falta por ela. Foi encontrada na cama, rosto contorcido, como quem sofreu muito. Ataque do coração, disseram.

Sobre a mesa de jantar, um manuscrito, letra pequena e apressada, autoria de Pietro della Fontana. O investigador, que coincidentemente havia sido o mesmo a quem Eleonor havia recorrido, um mês atrás, resolveu dedicar alguma atenção ao caso.

Descobriu que Eleonor havia comprado este manuscrito num antiquário do Centro, pela bagatela de cem reais. Provavelmente, não conhecia o autor, mas deve ter se impressionado pela antiguidade do documento e, talvez, pelo valor histórico.

A escrita de Pietro era poderosa e, possivelmente impressionada pela narrativa de terror, deve ter tido alucinações; acreditado ter visto o autor, ter falado com ele, ter pedido a ele que escrevesse sua autobiografia. A obra adquirida por ela era desconhecida dos pesquisadores, muitos reputaram-na como apócrifa, mas foi incluída, posteriormente, no corpus do autor como obra póstuma.

O que o investigador jamais compreendeu, nem queimou os neurônios tentando compreender, foi a coincidência de nomes entre os personagens do livro com as pessoas da vida real — Eleonor, Marieta, o próprio Pietro —, mas, às vezes, a arte imita a vida, noutras, a vida imita a arte, concluiu.

Nova York
25/06/2007


Fonte: "Fantasmas, Vampiros, Demônios e histórias de outros Monstros" — Henry Alfred Bugalho — Oficina Editora, 2013.

Sonhos com Mortos


Muitas culturas desprovidas de tecnologias sofisticadas acreditam que podemos entrar em contato com os mortos durante nossos sonhos. Na realidade, alguns antropólogos sugerem que a crença na existência de vida após a morte tem raízes no fato de que sonhamos, muitas vezes, com amigos e parentes já falecidos. No entanto, novas pesquisas estão a indicar que alguns desses sonhos peculiares poderiam ser literalmente verdadeiros.

Vários casos que apontam nessa direção foram coletados por Helen Solen, de Portland, Oregon, que tem se mostrado particularmente interessada nas experiências oníricas de uma dona de casa, à qual ela dá o nome de Gwen. Os sonhos post-mortem de Gwen começaram em 1959, logo após a morte de sua mãe.

- Não me recordo bem se já sonhei com qualquer outra pessoa, viva ou morta - contou ela a Solen. - No entanto, fiquei muito abalada com a morte de minha mãe, que tinha apenas 49 anos. Muitas vezes, após seu falecimento, ela me procurava em sonho, especialmente quando eu estava perplexa, ou então perturbada.

Em pouco tempo, Gwen percebeu que podia pedir a ajuda da mãe em momentos de crise, e o fantasma respondia em seus sonhos. Certa noite, por exemplo, Gwen sonhou com uma sala cheia de caixões de defunto. A sugestão do estranho sonho era que o pai dela também estava prestes a morrer. Sua mãe apareceu-lhe nos sonhos naquela madrugada para confortá-la, e para explicar que ela ajudaria pessoalmente o velho a fazer a transição.

Dois dias mais tarde, o pai de Gwen teve de ser levado às pressas ao hospital, e os médicos avisaram que teriam de realizar delicada cirurgia no coração. Gwen deu permissão para que os médicos o operassem, porém o desenlace aconteceu dois dias depois.

A mãe de Gwen apareceu em sonho para dizer que naquela madrugada a crise finalmente chegaria ao fim. Gwen acordou logo depois e viu que eram 7 horas. Decorrido pouco tempo - precisamente às 7h10 -, recebeu um telefonema do hospital, avisando que seu pai falecera.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Enigma da Tumba de Tutancâmon Será Revelado

Busto de Nefertiti - A rainha é considerada um símbolo de beleza até hoje.

O ministro de Antiguidades do Egito, Mamduh al Damati, disse na quinta-feira (17/3/2016) que o enigma sobre a possibilidade de se encontrar os restos mortais da rainha Nefertiti na tumba do faraó Tutancâmon será resolvido “antes do final do ano”.

Em conversa com jornalistas, após uma conferência realizada no Cairo, o ministro afirmou que não tem dúvidas de que há “algo” por trás da câmara funerária de Tutancâmon – mas questiona a identidade de quem estaria nessa passagem. O egiptólogo britânico Nicholas Reeves defende a teoria de que Nefertiti, madrasta do faraó, esteja enterrada junto a ele.

“Não posso ter certeza de quem está por trás. Poderia ser Nefertiti, a rainha Meritaton (filha e mulher de Akenaton, pai de Tutancâmon) ou a mãe de Tutancâmon, Kiya”, assinalou o ministro, em declarações aos jornalistas depois de uma conferência realizada no Cairo.

Reeves, também presente na conferência, afirmou que acredita que o mausoléu de Tutancâmon tenha sido originalmente construído para Nefertiti e que a múmia da rainha está intocada em uma câmara secreta por mais de 3.000 anos.

Mistério de Nefertiti – A localização dos restos mortais de Nefertiti, que viveu entre 1380 a.C e 1345 a.C. e era conhecida por sua beleza, é um dos grandes desafios da arqueologia. Em 1922, o arqueólogo britânico Howard Carter descobriu o túmulo de Tutancâmon, filho do faraó Akhenaton, que foi casado com a rainha Nefertiti, intacto e em ótimo estado. A câmara, visitada por milhares de pessoas desde então, guarda mais de 5.000 artefatos, além da múmia e do sarcófago do faraó que morreu aos 19 anos. Mas a múmia de Nefertiti jamais foi encontrada.

Em artigo publicado no final de julho, Reeves, pesquisador da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, afirma que analisando imagens em 3D de alta resolução do complexo mortuário, notou que elas podem abrigar duas câmaras secretas que foram fechadas e camufladas. Uma delas guardaria a múmia de Nefertiti e a outra seria uma sala de armazenamento.

Os detalhes na parede foram confirmados nesta semana pelo governo egípcio. Reeves viajou ao Vale dos Reis, em Luxor, no fim de setembro para, junto com as autoridades egípcias, verificar sua hipótese.

Evidências – Após a conferência nesta quinta, Damati acrescentou que se deve “esperar de um a três meses” para a incerteza acabar, já que ainda falta “apresentar a proposta para obter a permissão do Comitê Permanente, as autorizações de segurança e depois realizar inspeções com um radar dentro do túmulo”.

Por sua vez, Reeves insistiu em sua teoria. De acordo com ele, são três evidências que indicam que Nefertiti está na câmara. Em primeiro lugar, a morfologia da câmara de Tutancâmon, que inclui um corredor em forma de “L” com uma curva para a direita, o que “normalmente é utilizado nas tumbas das rainhas”, disse Reeves. Em seguida, a cena achada atrás do muro norte da tumba, que é diferente e anterior às outras cenas da câmara de Tutancâmon, o que “parece identificar o proprietário do túmulo dessa rainha”. Como terceiro argumento, Reeves destacou que nessa cena podem ser vistas características que evidenciam que dois dos personagens representados são Nefertiti e seu enteado.

“Há uma pequena linha na comissura dos lábios que coincide com as características faciais de Nefertiti e, além disso, a figura do rei tem um pequeno duplo queixo, e o perfil de Tutancâmon é exatamente assim”, acrescentou o egiptólogo britânico.”Não encontrei nada que me tenha feito mudar de opinião, e encontramos mais informações que fazem com que pensemos que poderíamos estar no caminho certo. Só estou seguindo as pistas, que apontam que é Nefertiti, mas não posso ler o futuro. No entanto, as provas são suficientemente sólidas para mim. Acredito plenamente que algo está acontecendo.”

Independentemente de a pista de Reeves ser a certa – que é Nefertiti, Meritaton ou Kiya que supostamente está enterrada junto a Tutancâmon -, Damati destacou que a descoberta “será a mais importante do século” e que para os turistas “será algo único”.


Agência EFE

O Controle da Mente

Wolf Grigorevich Messing (1/9/1899 — 8/11/1974)

Wolf Messing, que morreu em 1974, foi sem dúvida o mais famoso médium da antiga União Soviética. Tornou-se conhecido pelas apresentações em teatros, durante as quais realizava comandos telepáticos sugeridos por pessoas da platéia. No entanto, aqueles que se tornaram seus amigos íntimos contavam histórias mais espetaculares, a maioria delas sobre o poder de controlar a mente de outra pessoa - mesmo a quilômetros de distância.

Uma dessas histórias foi narrada pelo dr. Alexander Lungin, cuja mãe foi secretária de Messing por vários anos. O caso ocorreu quando Lungin estava na Faculdade de Medicina de Moscou. Seu professor de anatomia, o catedrático Gravilov, antipatizara com ele desde o início e sempre o prevenia de que iria reprová-lo, mesmo levando em consideração a aplicação dele.

O dia do ajuste de contas veio quando Lungin precisou realizar os exames finais. Todo estudante precisava passar pela prova oral, aproximando-se da mesa onde estavam sentados vários examinadores. Um deles, então, começava com as perguntas.

Pouco antes da realização das provas, Gravilov disse a Lungin, com um sorriso diabólico nos lábios, que iria examiná-lo pessoalmente. Aterrorizado pela notícia, Lungin transmitiu seus temores à mãe, que telefonou para Messing e pediu-lhe que intercedesse. O médium, que morava a quilômetros de distância da escola, telefonou à sra. Lungin, confirmando que ajudaria seu filho.

Quando finalmente chegou a hora, Lungin caminhou em direção à banca examinadora, e Gravilov não disse uma palavra. Em vez disso, ele simplesmente limitou-se a ficar observando, enquanto Lungin era examinado por outro catedrático. O professor vingativo não fez nada, nem mesmo quando o outro examinador assinou a aprovação de Lungin.
Nem é preciso dizer que o estudante ficou feliz com esses eventos, porém o que aconteceu em seguida foi ainda mais estranho.

Lungin saiu da sala de aula e foi conversar com outros estudantes. O professor Gravilov saiu, alguns minutos mais tarde, para perguntar se ainda faltava alguém para fazer exame. Quando os alunos responderam que todos já haviam passado pela banca examinadora, ele olhou para o aluno que tanto desprezava.

- Lungin ainda não fez a prova - afirmou.

Quando os alunos explicaram que o colega já fizera o exame e fora aprovado, Gravilov ficou enraivecido.

- Como foi que ele passou? Não pode ser. Com quem fez o exame?

Quando o professor verificou os registros, ficou lívido e saiu dali às pressas. Lungin, de alguma forma, o derrotara - provavelmente com uma pequena ajuda de seu famoso amigo Messing.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Humanos Podem ter Convivido com Unicórnios

Desenho do unicórnio siberiano - Heinrich Harder/Wikipédia

Uma pesquisa publicada na terça-feira passada (29/03) pela Tomsk State University (TSU), do Cazaquistão, afirma que nossos ancestrais pré-históricos podem ter coexistido na Terra com unicórnios, há mais de 29 mil anos.

Mas se engana quem pensar que eram criaturas fofinhas parecidas com um cavalo. A espécie chamada de "unicórnio siberiano" ou "Elasmotherium sibiricum", na verdade, é um rinoceronte de chifre comprido.

Até o momento, acreditava-se que o unicórnio siberiano havia desaparecido há 350 mil anos, mas um estudo publicado no "American Journal of Applied Science" indica que o animal existiu por mais tempo, com base em um crânio bem preservado descoberto no Cazaquistão. Esses animais, provavelmente vegetarianos, pesavam até quatro toneladas e podiam medir dois metros de altura, por cinco metros de comprimento.

Segundo o estudo liderado pelo paleontólogo Andrey Shpanski, o habitat desses animais se estendia do rio Don ao leste do atual Cazaquistão.

Shpanski disse que deve realizar novos testes de datação por radiocarbono em outros fósseis descobertos da espécie, cuja idade estimada era de 50 mil a 100 mil anos.


Da AFP