quarta-feira, 20 de abril de 2016

Stambovsky Versus Ackley

A casa que originou o processo.

Stambovsky v. Ackley, vulgarmente conhecida como a "Decisão Ghostbusters", é um caso na Suprema Corte de Nova York, que considerou que uma casa, que o proprietário já havia anunciado ao público como assombrada por fantasmas, foi legalmente considerada assombrada, com o propósito de uma ação de rescisão interposta pelo comprador subsequente dessa propriedade.

Esse caso, pela sua originalidade, tem sido frequentemente impresso em livros sobre contratos e direito de propriedade e amplamente ensinado nas faculdades de direito dos EUA e é frequentemente citado por outros tribunais.

Em 1989, um homem chamado Jeffrey Stambovsky adquiriu uma casa em Nova Iorque que previamente havia sido ocupada por Helen Ackley e sua família, quem haviam relatado diversas histórias sobre a propriedade, inclusive chegando a ter os relatos publicados no Reader's Digest daqueles anos.

Stambovsky não se importava com as histórias e nem tampouco com os fantasmas que nunca viu, mas sua mulher estava aterrorizada, o que fez com que Stambovsky entrasse em um processo judicial contra Ackley para que devolvessem o dinheiro alegando representação fraudulenta.

E de forma totalmente inesperada, os juízes do caso reconheceram a casa como um lugar paranormal, já que Ackley havia feito publicidade sobre o fato e inclusive havia ganhado dinheiro com isso, mas não indicou esse pequeno detalhe no anúncio de venda do imóvel, o que seria omissão de informação.


Fontes: Wikipédia; Assombrado.com.br.

O Fantasma de Greenbrier


O Fantasma de Greenbrier é o nome normalmente dado ao alegado fantasma de uma jovem de Greenbrier Conty, West Virginia, nos Estados Unidos da América, que foi assassinada em 1897. Os eventos que se sucederam em volta desta assombração fariam com que se tornasse uma parte da História do Direito americano uma vez que o "testemunho de um fantasma" foi aceito como válido durante um julgamento.

Elva Zona Heaster, a vítima do assassinato, nasceu em Greenbrier County por volta de 1873. Não se sabe quase nada dos seus primeiros anos de vida, exceto que foi criada perto de Richlands e que teve uma criança ainda solteira em 1895.

Em Outubro de 1896, Zona conheceu um viajante chamado Erasmus Stribbling Trout Shue, também conhecido por Edward, que se tinha mudado para Greenbrier County em busca de uma nova vida e para trabalhar como ferreiro. Shue arranjou um emprego na loja de James Crookshanks e Zona conheceu-o pouco depois de ele ter chegado à cidade. Os dois se apaixonaram e casaram pouco depois, apesar de a mãe de Zona, Mary Jane Heaster, se ter mostrado contra o enlace que nunca tinha gostado de Shue.

O casal viveu pacificamente por um tempo, mas, a 23 de janeiro de 1897, o corpo de Zona foi descoberto na sua casa por um rapaz que tinha sido mandado por Shue à casa para fazer um recado. O rapaz encontrou Zona deitada ao lado da cama, esticada com os pés juntos e uma mão sobre o estômago. O rapaz fugiu da casa e foi contar o que tinha visto à mãe que chamou o médico e juiz de instrução local, George W. Knapp.

Knapp só chegou ao local uma hora depois, quando o marido já tinha colocado o corpo da esposa na cama, lavado e vestido com outra roupa, algo pouco comum, visto que a tarefa de lavar e vestir o cadáver era desempenhada por mulheres da comunidade. Apesar de tudo, Shue tinha vestido a esposa com um vestido de gola alta e colocado um véu sobre o seu rosto. Shue permaneceu junto ao corpo enquanto o Dr. Knapp o examinava, embalando a cabeça da esposa e a chorar. Knapp, reparando no desgosto do marido, fez apenas um breve exame ao corpo, reparando em algumas nódoas no pescoço. Quando tentou analisar estas nódoas com mais cuidado, Shue reagiu de forma tão violenta que Knapp terminou o exame e saiu da casa.

Inicialmente, a causa de morte avançada para Zona foi "desmaio fatal", sendo depois mudada para "parto". Zona tinha procurado a ajuda de Knapp para tratar de "problemas femininos" duas semanas antes da sua morte, mas não se sabe se estava grávida ou não.

Elva Zona Heaster Shue e a casa onde morava com o seu marido.
Os pais de Zona foram logo informados da sua morte e se diz que a sua mãe terá afirmado que "o demônio a matou" quando ouviu a notícia.

Zona foi enterrada a 24 de janeiro de 1897. Apesar de Shue ter inicialmente mostrado uma grande devoção ao corpo, mantendo-se constantemente ao lado do caixão aberto enquanto este era levado, o seu comportamento começou a levantar suspeitas pouco depois. Durante o velório, a sua aflição mudava constantemente, passando de uma tristeza profunda para uma energia incrível. Não deixou que ninguém se aproximasse do caixão, principalmente quando embalava a cabeça da esposa com uma almofada de um lado e um rolo de tecido do outro.

Quando lhe perguntaram o porquê de ter colocado estes objetos no caixão, respondeu que ajudariam a sua esposa a "descansar mais facilmente". Shue também atou um grande lenço ao pescoço do cadáver, dizendo entre lágrimas que "era o que a Zona gostava mais". Mesmo apesar de todas estas precauções, os presentes repararam que o pescoço estava pouco firme quando o cadáver estava sendo transportado para o cemitério.

A mãe da vítima, Mary Jane Heaster, estava convencida de que tinha sido o seu genro o culpado pela morte da filha. Depois do velório, Mary Jane retirou o lençol que cobria a filha do caixão e tentou entregá-lo ao marido, mas ele recusou-o. Reparando que este tinha um cheiro estranho, Mary Jane foi lavá-lo. A água da bacia ficou vermelha quando ela o colocou lá, o lençol ficou cor-de-rosa e a água limpa. A nódoa não saía e Mary Jane interpretou isso como um sinal de que a sua filha tinha sido assassinada. Começou a rezar e, todas as noites, durante quatro semanas, continuou a rezar, pedindo que a sua filha regressasse para explicar o que tinha acontecido.

Segundo uma lenda local, Zona apareceu à mãe num sonho quatro semanas depois do funeral, dizendo que Shue era um homem cruel que abusava dela e que a tinha atacado durante um acesso de raiva quando pensou que ela não tinha feito carne para o jantar, partindo-lhe o pescoço. Para provar o que dizia, o fantasma revirou a cabeça completamente até estar virada ao contrário.

O fantasma terá aparecido primeiro na forma de uma luz brilhante, tomando forma gradualmente e descendo a temperatura do quarto. Diz-se que teria visitado a sua mãe durante quatro noites seguidas.

Mary Jane Heaster contou a história que tinha ouvido do fantasma ao procurador local, John Alfred Preston e passou várias horas dentro do seu escritório, tentando convencê-lo a reabrir o processo sobre a morte da sua filha. Não se sabe se Preston terá acreditado na história do fantasma, mas teve dúvidas suficientes para mandar os seus delegados a casa de várias pessoas envolvidas no caso para voltar a ouvir os seus depoimentos, incluindo o Dr. Knapp. É provável que Preston tenha agido devido às pressões por parte de vários cidadãos da cidade que tinham começado a achar que Zona tinha sido assassinada.

Foi o próprio Preston que foi interrogar o Dr. Knapp que confessou não ter feito um exame completo ao corpo, o suficiente para justificar uma exumação e autópsia ao corpo. Um júri de averiguação foi formado pouco depois.

O corpo de Zona foi examinado a 22 de fevereiro de 1897, na escola local que tinha apenas uma sala. Shue tinha-se "queixado veementemente" desta reviravolta no caso, mas a lei o obrigou a estar presente durante a autópsia. Disse que sabia que seria preso, mas que ninguém iria conseguir provar a sua culpa.

A autópsia demorou três horas e descobriu-se que o pescoço de Zona estava, de fato, partido. Segundo o relatório, publicado a 9 de março de 1897, "descobriu-se que o pescoço estava partido e a traqueia esmagada. Havia marcas no pescoço que indicavam que a vítima tinha sido asfixiada. O pescoço estava deslocado entre a primeira e a segunda vértebra. Os ligamentos estavam rasgados e rotos. A traqueia tinha sido esmagada na parte da frente do pescoço."

Devido à força das provas e ao comportamento que demonstrou durante os inquéritos, Shue foi preso, acusado do ter assassinato da sua esposa.

Shue ficou em prisão preventiva enquanto se preparava o julgamento. Neste período começaram a surgir novas informações sobre o seu passado. Tinha sido casado duas vezes, da primeira tinha se divorciado e a sua esposa o acusava de grande crueldade, enquanto a sua segunda esposa tinha morrido sob circunstâncias misteriosas menos de um ano depois de se terem casado. Zona era a sua terceira esposa e Shue tinha referido uma vez o seu desejo de se vir a casar com sete mulheres. Enquanto estava preso falou abertamente deste desejo e disse aos jornalistas que tinha a certeza que seria libertado porque não havia provas suficientes para o incriminar.

O julgamento começou a 22 de junho de 1897 e Mary Jane Heaster era a testemunha chave de Preston, mas quando a questionou, referiu apenas os fatos conhecidos, sem mencionar as visitas que teria recebido do fantasma da sua filha. Talvez para fazer com que o testemunho de Mary Jane se tornasse incredível, o advogado de Shue questionou-a exaustivamente sobre o fantasma. Esta tática acabou por virar-se contra o advogado quando Mary Jane não mostrou qualquer insegurança ao contar a história, mesmo sob grande pressão.

Como tinha sido a defesa a introduzir o assunto do fantasma, o juiz teve dificuldade em convencer o júri a ignorar a história e muitas pessoas da comunidade pareciam acreditar nela. Como consequência, Shue foi considerado culpado do assassinato a 11 de julho e condenado a prisão perpétua. Formou-se uma multidão que tinha a intenção de o tirar à força dos seus guardas e enforcá-lo, mas foi dispersa pelo xerife antes de ter causado qualquer dano. Mais tarde quatro dos organizadores desta multidão seriam julgados.

Shue foi levado para a prisão estadual de West Virginia em Moundsville, onde ficou por três anos. Morreu a 13 de março de 1900, vítima de uma epidemia desconhecida e foi enterrado numa campa sem nome no cemitério local. Mary Jane nunca mais voltou a repetir a história do fantasma da sua filha e morreu em setembro de 1916. O fantasma de Zona também nunca voltou a ser visto.


Fontes: Wikipédia; The Greenbrier Ghost.

O Vigia Médium

Shoppers Drug Mart de Toronto, Canadá, 2007

Se você tiver uma tendência para cometer pequenos furtos, não se aproxime do Shoppers Drug Mart, no Canadá. Em vez de usarem complicados sistemas de segurança, a cadeia de lojas resolveu empregar um médium para detectar pessoas que costumam roubar pelo simples prazer de roubar - os cleptomaníacos -, e os funcionários afirmam que ele vale seu salário.

Na verdade, Reginald McHugh, o médium que exerce as funções de vigia, tem uma longa e destacada carreira. Um dia, enquanto esperava para conversar com repórteres da Mediavision, uma empresa cinematográfica que realizava um documentário sobre sua vida, McHugh de repente ficou inquieto. Embora estivesse sentado em uma sala sem janelas nos fundos da loja, ele exclamou:

- Esperem. Estou sentindo vibrações. Daqui a pouco uma mulher morena, usando um longo vestido cor de laranja entrará e roubará uma caixa azul com listras amarelas.

O médium transmitiu, imediatamente, suas impressões ao segurança da loja. Dez minutos depois, uma mulher indiana entrou na loja, usando um sári cor de laranja. O segurança percebeu quando ela colocou uma pequena caixa em sua bolsa e prontamente a deteve quando tentava sair. A caixa azul e amarela continha pastilhas expectorantes para a garganta.

A equipe de filmagem arrependeu-se de não ter captado o episódio. Assim, voltaram mais bem preparados no dia seguinte. Dessa vez, McHugh usava um microfone sob o colarinho da camisa e previu vários outros roubos na loja.

- Esse tipo de furto acontece muito rapidamente - diz Tony Bond, um dos sócios da empresa. - A menos que você saiba quem vai realizá-lo, é quase impossível de ser identificado. Somente com um golpe de sorte, com todos esses corredores e essas gôndolas, conseguiríamos pegar alguém com a mão na massa. E nós conseguimos pegá-los por diversas vezes.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Por Quanto Tempo os Dinossauros Sobreviveram?

Estatueta de granito de Granby, Colorado - 1920

De acordo com a opinião científica prevalecente, os dinossauros desapareceram há cerca de 80 milhões de anos, no período Cretáceo, e nunca mais foram vistos. Mas artefatos comparativamente modernos, encontrados em cinco locais diferentes, apresentam uma estranha semelhança com os dinossauros.

Serão embustes ou lembranças raciais de criaturas vivas, talvez enterrados no subconsciente coletivo de antigos artesãos? Ou será que os próprios dinossauros sobreviveram por muito mais tempo do que pensam os cientistas?

O primeiro indício de que os dinossauros podem ter sido um fenômeno relativamente recente emergiu em 1920, quando os trabalhadores da fazenda de William M. Chalmers, nas proximidades de Granby, Colorado, durante um trabalho de escavação, descobriram uma estatueta de granito pesando 33 quilos e com uma altura de 36 centímetros. A pedra, encontrada a uma profundidade de quase 2 metros, representava um ser humano estilizado e vinha adornada com o que parecia ser uma inscrição chinesa datando de, aproximadamente, 1000 a.C. O mais intrigante eram os dois animais entalhados nas laterais e atrás da pedra, semelhante a um brontossauro e a um mamute.

Embora tenham sido feitas fotos do objeto de vários ângulos, a pedra, conhecida como Granby Stone, acabou desaparecendo. Até mesmo o local onde ela foi encontrada desapareceu, submerso pelas águas da represa Granby.

Uma prova incomum veio à luz em 1925, quando arqueólogos da Universidade do Arizona, trabalhando em um forno de calcinação nos arredores de Tucson, descobriram uma espada pesada de folha larga e curta, com a gravação de um brontossauro. Outros artefatos encontrados no mesmo local apresentam inscrições em hebraico e em latim usado entre os anos 560 e 900. Não obstante muitos dos artefatos de Tucson terem sido descobertos por profissionais, persiste a controvérsia a respeito de sua autenticidade. No entanto, o bom senso sugere que a última coisa que algum impostor que quisesse ser levado a sério pudesse fazer seria gravar na lâmina de uma espada a figura de um dinossauro extinto.

Outra curiosa coleção de artefatos indefinidos pode ser encontrada na Igreja Maria Auxiliadora, em Cuenca, Equador, sob a guarda do padre Cario Crespi. As peças, em sua maioria placas, chegam às centenas, e foram levadas à igreja pelos índios jivaros, encontrados no Alto Amazonas, Equador e Peru, que as retiraram de cavernas na floresta. Algumas foram feitas de ouro; outras são, obviamente, imitações modernas, feitas de lata de azeite de oliva. Uma inacreditável variedade de formas e estilos está presente, inclusive ilustrações de dinossauros e motivos que parecem ser de origem assíria e egípcia. Antigas inscrições fenícias, líbias e celta-ibéricas também foram identificadas.

Se bem que os mastodontes, forma intermediária entre os primeiros elefantes e os tipos atuais, não devam ser incluídos no período Cretáceo dos dinossauros, acredita-se, de um modo geral, que eles tenham sido extintos antes que o homem tivesse desenvolvido alguma civilização identificável. No entanto, uma interessante descoberta do esqueleto de um mastodonte foi feita em Blue Lick Springs, Kentucky, em uma escavação feita a 3,5 metros abaixo da superfície. Quando os operários prosseguiram com as escavações, à procura de mais ossos, encontraram um pavimento de pedras assentadas, 90 centímetros abaixo de onde haviam achado o mastodonte.

As pedras de Ica, Peru.
Finalmente, em Ica, Peru, um museu de propriedade do dr. Javier Cabrera guarda quase 20 mil pedras encontradas no leito dos rios, todas intricadamente gravadas com pictogramas em arabescos que mostram diversas espécies de dinossauros e outros animais há muito extintos.

Parece que o brontossauro é, mais uma vez, o animal preferido pelos artistas. Além disso, as pedras de Ica são caracterizadas por um trabalho artístico que os embusteiros ocasionais teriam muita dificuldade em reproduzir. Detalhes artísticos precisos abundam. E a simples quantidade já levanta a questão de se saber por que alguém se daria tamanho trabalho para não receber nada em troca. Mais importante do que isso é que pedras similares já foram desenterradas de sepulturas da era pré-colombiana, situadas nas proximidades.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

A Propriedade Moses Day


Na movimentada Boston Road em Haverhill, Massachusetts, fica uma grandiosa casa colonial de doze cômodos do final do século XVII, conhecida pela Sociedade Histórica local como a Propriedade Moses Day. É uma das casas mais antigas na região e, por quatro anos, foi a casa que partilhei com Al (meu companheiro), minha mãe e meu tio Richard, que sofria de um caso grave de doença de Parkinson.

No dia em que comprei a propriedade, meu agente imobiliário - que alega ter visto a imagem fugidia de um fantasma da era colonial em uma cadeira de balanço do lado da lareira no quarto principal enquanto mostrava a casa a outro possível comprador - presenteou-me com uma dádiva de boas-vindas. Era um artigo de pesquisa maravilhosamente feito por um historiador local que catalogou em detalhes a história da Propriedade Moses Day, listando os nomes das pessoas que sabidamente viveram nela nos últimos trezentos anos. Incluía também a data de seus nascimentos e mortes.

Enquanto passava os olhos pelos inúmeros nomes dos antigos ocupantes da casa, não pude deixar de imaginar se os espíritos de alguma dessas pessoas poderia ainda estar habitando o lugar. Não foi muito depois de nos mudarmos para nosso novo lar que uma série de eventos incomuns e inexplicados começaram a ocorrer. Por alguma razão, muitos deles aconteciam no quarto principal, onde Al e eu dormíamos.

Certa vez, tarde da noite, o som lamentoso de uma criança chorando baixinho perturbou nosso sono. Parecia emanar de dentro da lareira do quarto principal, a qual, como as outras seis lareiras da casa, estava selada com tijolos por um número indeterminado de anos. Al e eu ouvimos esse choro sinistro em diversas ocasiões, apesar de só acontecer tarde da noite e parecia esperar até que tivéssemos adormecido. Algumas vezes, em vez do choro, ouvíamos uma voz sussurrante vinda da lareira, mas não importava quanta atenção prestávamos, nunca podíamos falar claramente o que ela estava dizendo.

O mistério da lareira assombrada do quarto principal despertou nossa imaginação e nos levou um dia a abri-la com um martelo para revelar quaisquer segredos sombrios e talvez centenários que lá se escondiam. Após derrubar os tijolos e olhar lá dentro, nossos olhos depararam-se com um amontoado de cinzas, ferrugem de chaminé e tijolos cobertos de creosoto, envolvido por teias de aranha grossas e cinzentas, em razão de décadas de pó acumulado.

Usando uma pá, começamos a limpar a lareira e ficamos perplexos quando encontramos um grande osso no meio da sujeira. De início pensamos que era humano, mas depois descobrimos que era, na verdade, o osso da perna traseira de um cachorro. Isso apenas levantou novas questões sobre o mistério. Onde estava o resto do esqueleto do cachorro? Por que razão um de seus ossos foi selado na lareira do quarto principal tanto tempo atrás? E seria o choro fantasmagórico que ouvíamos com frequência à noite, talvez de uma criança fantasma morta há muito tempo, um lamento pela perda de um animal de estimação muito amado no passado tão longínquo? Só pudemos imaginar.

Al e eu ouvíamos com frequência à noite o que parecia ser o som de passos vindos do sótão sobre nosso quarto e, uma tarde em que Al estava me ajudando a guardar as roupas lavadas, um aspirador de pó no outro lado do cômodo repentinamente ligou-se sozinho, dando-nos um enorme susto, para dizer o mínimo! Uma noite, quando estávamos dormindo no quarto principal, tive um sonho incomum e assustador. Era o tipo de sonho que parece tão real que é impossível não imaginar se não seria mais que um simples sonho.

No meu caso em particular, senti que algo sobrenatural estava usando meu sonho para comunicar-se comigo: sonhei que acordei sozinha no quarto, levantei-me da cama e desci as escadas até a sala de estar. A televisão estava ligada, mas não tinha som e, em frente a ela, eu vi Al levitando de costas no ar em algum tipo de transe, com seus olhos bem abertos. Como se alguém controlasse todos os meus movimentos, comecei a andar em direção à cozinha onde, no escuro, pude ver uma coisa escura e sem forma definida se materializar e em seguida começar a mover-se lentamente em minha direção. Tomada pelo terror, gritei e então despertei do sonho. Como no sonho, vi-me sozinha no quarto. Desci as escadas para encontrar Al e do corredor no fim delas pude ver a luz da televisão vinda da sala de estar, mas não havia som. O volume tinha sido diminuído totalmente ou estava tão baixo que mal podia ser ouvido.

Sentindo-me um pouco preocupada em virtude das similaridades entre o que acabara de experimentar no sonho e o que estava experimentando acordada, entrei na sala de estar, sem saber o que esperar. Encontrei Al no chão em frente à televisão. Ele estava dormindo e seu corpo estava na mesma posição, de costas. Então ouvi um estranho som vindo da cozinha e pensei se deveria investigar. Entretanto, meu medo de reencontrar a entidade sem forma e escura que vira antes em meu sonho era muito maior que minha curiosidade. Então, em vez de fazer isso, acordei Al e o levei de volta para a cama.

No ano seguinte, conforme a condição de meu tio Richard piorava e ele foi ficando cada vez mais frágil e fraco, uma onda de atividades do tipo de poltergeist começou em seu quarto. Cestas de roupa suja eram viradas no chão e gavetas pesadas cheias de roupas eram lançadas da penteadeira e acabavam do outro lado do quarto. Surgiu um pequeno buraco na parede e, como se estivesse sendo escavado aos poucos, ia crescendo a cada dia que passava até que tinha uns trinta centímetros de diâmetro. Acamado e progressivamente delirante, tio Richard não tinha forças para fazer tal coisa.

Ele começou a ver pessoas estranhas em seu quarto quando não havia ninguém com ele. E, certa vez, exigiu com raiva que minha mãe explicasse quem eram aquelas pessoas e por que ficavam entrando em seu quarto à noite, acordando-o. Ele contou-lhe que elas sussurravam e resmungavam coisas estranhas para ele de maneira ininteligível. Minha mãe achou que ele ficara louco. À noite podíamos ouvi-lo em seu quarto conversando com seus visitantes espectrais. Às vezes, ele tinha longas conversas com eles, contando piadas e rindo. E, às vezes, parecia-nos que ele estava falando de trás para frente ou em alguma língua estrangeira irreconhecível, que se diz ser uma das características comuns de quem está possuído. Em certas ocasiões, ele ficava bastante irado e ordenava-lhes que saíssem de seu quarto. Uma vez o ouvimos conversando com sua mãe, que morrera quinze anos antes.

Conforme a morte aproximava-se dele, a condição mental de tio Richard começou a deteriorar rapidamente, deixando o resto de nós incertos se as visitas noturnas que ele alegava estar recebendo não seriam nada além do resultado da demência causada por sua doença ou se eram espíritos reais dos mortos que vinham chamá-lo. Afinal de contas, estávamos mesmo vivendo em uma casa onde fenômenos paranormais foram presenciados em uma oportunidade ou outra por todos os membros da família. Mas, sem dúvida, uma das coisas mais estranhas e assustadoras que experimentamos com meu tio foi a noite em que minha mãe, Al e eu o escutamos sozinho em seu quarto falando em diferentes vozes, incluindo uma que parecia com a voz de uma mulher. Intrigados, nós três ficamos no pé da escada por um bom tempo e escutamos com atenção a conversa bizarra e ininteligível que estava acontecendo no escuro atrás da porta. Entretanto, quando as vozes começaram a falar simultaneamente, olhamos uns para os outros com horror e confusão estampados em nossos rostos.

Al sugeriu que subíssemos as escadas para checar como estava Richard, mas nenhum de nós se sentiu confortável para fazer isso naquele momento. Quando a conversa foi substituída por um silêncio espectral, nós três juntamos coragem suficiente para subir nas pontas dos pés até o quarto com uma lanterna. Encontramos tio Richard dormindo um sono solto em sua cama. Olhamos em volta, mas não parecia haver nada fora do lugar no quarto.

Na noite seguinte, quando fui dar ao tio Richard seu remédio, encontrei-o em sua cama com seus olhos encarando inexpressivamente e sua boca aberta e contorcida de forma assustadora. Sua pele estava pálida e fria e eu soube imediatamente que ele estava morto. A expressão em seu rosto era terrível. Parecia que ele literalmente morrera de tanto medo.

Cremamos o corpo do tio Richard e suas cinzas foram devolvidas a nós em uma pequena urna crematória, que coloquei sobre meu altar no sótão e rezei sobre ela. Não muito depois de sua morte, minha mãe teve uma experiência assustadora em seu quarto. Ela acordou uma noite e encontrou uma renda amarelada e em decomposição amarrada em volta de seu pescoço. Quando ela a mostrou a mim na manhã seguinte, recebi dela a impressão psíquica de que viera da mortalha de um corpo. Eu senti também que o corpo era de alguém que vivera na casa muito tempo atrás e cujo espírito nela remanescia. Como ou por que o pedaço de renda acabou aparecendo no quarto de minha mãe provavelmente nunca saberemos.

Al também foi alvo dos mortos sem descanso da Propriedade Moses Day em diversas ocasiões. Numa tarde, quando estava cortando a grama, ele foi atingido por diversas garrafas de vidro e latas de refrigerante jogadas por forças invisíveis. Noutra ocasião, enquanto varria as folhas no lado sul da casa, uma tela de uma das janelas do segundo andar se soltou e caiu no chão, quase acertando sua cabeça. Entretanto, esses ataques inexplicados e outros similares nunca assustaram muito o Al. Em vez disso, ele achava esses fenômenos muito fascinantes e, algumas vezes, até divertidos.

Uma noite, enquanto minha mãe e eu estávamos na cozinha discutindo por alguma coisa, fomos interrompidas por uma rápida sucessão de pancadas fortes. Pareciam vir do sótão, onde guardávamos as cinzas do tio Richard enquanto decidíamos o que fazer com elas. Subimos até o topo da escada do sótão para investigar, mas não conseguimos encontrar nenhuma explicação para as pancadas. Perguntamo-nos se poderia ser um sinal de que o espírito do tio Richard estava se sentindo incomodado com nossa discussão, ou se estava tentando nos dizer que não estava conseguindo descansar em razão de seus restos mortais esquecidos no sótão. Na primavera seguinte enterramos as cinzas de Richard em uma cova sem marca no terreno, e um sentimento de calma pareceu tomar toda a casa. Sentimos em nossos corações que o espírito de Richard finalmente conseguira descansar em paz.

Em dezembro de 1990, vendemos a Propriedade Moses Day e nos mudamos de volta para o San Fernando Valley, ao norte de Los Angeles. Ficamos lá por três anos até que tive uma perturbadora premonição que nos levou a mudar de volta para a região leste. Aproximadamente três semanas após deixarmos a Califórnia, um terremoto devastador atingiu o San Fernando Valley, registrando 6.7 na escala Richter.

"Em quase todas as famílias há registro de como alguém 'ouviu vozes que os outros não conseguiam ouvir', ou dos mortos falando em tom familiar. Daí a crença em fantasmas, assim que os homens começaram a preocupar-se com a morte ou a sentir falta dos que já partiram" - Charles Godfrey Leland.


Fonte: Guia das Bruxas sobre Fantasmas e o Sobrenatural - Gerina Dunwich - 2003, Madras Editora Ltda.