terça-feira, 26 de abril de 2016

O Livro Mágico da Era Vitoriana


Imagens selecionadas a partir de um livro inglês de 1897, bem volumoso, intitulado simplesmente "Mágico", subintitulado como "Stage Illusions and Scientific Diversions, including Trick Photography", que inclui truques de fotografia (na verdade, fotografias misturadas com ilustrações), compilado e editado por Albert A. Hopkins.

Há uma excursão completa através de truques de mágica populares e ilusões do dia-a-dia daquelas diversões teatrais ou circenses bem estranhas da época da Rainha Vitória, incluindo ao longo do caminho muitos diagramas deliciosamente surreais e ilustrações bem fora do contexto, como truques "fotográficos" de decapitações.

Agora eu entendo o +Caveira Carlos, porque ele é dessa época bizarra ... ehehehe ... por isso "viaja na maionese" ainda, contando histórias e ficções de um tempo glorioso, para deleite e risos do leitor do século 21 que gosta desse tipo de curiosidade.

Coloquei aqui somente algumas imagens. Se quiserem ver todas, acessem o endereço abaixo.








Fonte: Illustrations from a Victorian book on Magic (1897).

Homem dos Feriados


Você vai chegar atrasado, disse ela. Ele se recostou na cadeira, cansado.

— Eu sei — respondeu ele.

Estavam na cozinha tomando café da manhã. David não havia comido muito. Na maior parte do tempo, bebera café preto e olhara para a toalha da mesa. Era estampada com linhas que lhe pareciam rodovias que se cruzavam. — E então? — disse ela.

Ele estremeceu e tirou os olhos da mesa.

— Sim — disse ele. — Está bem.

Ele continuou sentado.

— David – disse ela.

— Eu sei, eu sei — disse ele. — Vou me atrasar.

Não estava zangado. Não havia um pingo de ressentimento nele.

— É claro que vai — disse ela, passando manteiga em sua torrada. Espalhou também a consistente geleia de framboesa, mordeu um pedaço, e mastigou-o ruidosamente.

David se levantou e atravessou a cozinha. Na porta, parou e se virou. Olhou para a nuca da esposa.

— Por que não posso? — perguntou de novo.

— Porque não pode e pronto — disse ela.

— Mas por quê?

— Porque eles precisam de você — disse ela. — Porque pagam bem e você não poderia fazer outra coisa. Não é óbvio?

— Eles poderiam encontrar outra pessoa.

— Ah, pare com isso — disse ela. — Você sabe que não poderiam.

Ele cerrou os punhos.

— Por que devo ser o único? — perguntou ele.

Ela não respondeu. Ficou ali sentada, comendo sua torrada.

— Jean?

— Não há mais nada a dizer — respondeu, mastigando. Ela se virou.

— Agora, quer fazer o favor de ir? — disse. — Não deveria se atrasar hoje.

David sentiu um calafrio.

— Não — disse ele —, não hoje.

Saiu da cozinha e subiu a escada. Lá em cima, escovou os dentes, poliu os sapatos e colocou uma gravata. Antes das oito da manhã, estava novamente lá embaixo.

Entrou na cozinha.

— Até logo — disse.

Ela lhe ofereceu a face e ele a beijou.

— Tchau, querido — disse ela. — Tenha um... — parou abruptamente. — ... bom dia? — ele terminou a frase por ela.

— Obrigado — ele se virou —, terei um ótimo dia.

Há muito tempo parara de dirigir. Todas as manhãs, ia a pé até a estação ferroviária. Sequer gostava de pegar carona com alguém ou ir de ônibus. Na estação, ficava do lado de fora, na plataforma, esperando o trem. Não levava um jornal consigo. Nunca mais comprara um. Não gostava de ler os jornais.

— Bom dia, Garret.

Ele se virou e viu Henry Coulter, que também trabalhava na cidade. Coulter lhe deu uns tapinhas nas costas.

— Bom dia — disse David.

— Como vai? — perguntou Coulter.

— Bem. Obrigado.

— Que bom. Ansioso pelo 4 de julho?

David engoliu em seco.

— Bem... — começou ele.

— Quanto a mim, estou levando a família para o campo — disse Coulter.

— Nada de fogos de artifício mixurucas para nós. Meter todo mundo no carro e rodar até não vermos sinal algum do foguetório.

— Vai dirigindo? — perguntou David.

— Sim, senhor — respondeu Coulter. — Para o mais longe que pudermos.

Aquilo começou por si só. Não, pensou ele, agora não. Forçou-o a voltar para a escuridão. — ... negócio de publicidade — Coulter terminava a frase.

— O quê? — perguntou.

— Disse que acredito que as coisas vão bem no ramo da publicidade.

David pigarreou.

— Oh, sim — disse ele. — Muito bem.

Sempre se esquecia da mentira que contara a Coulter.

Quando o trem chegou, sentou-se no vagão de não fumantes, sabendo que Coulter sempre fumava um charuto no caminho. Não queria se sentar com Coulter. Não agora. Durante todo o trajeto para a cidade, ficou olhando pela janela. Principalmente, para a estrada e o tráfego. Mas, por um momento, enquanto o trem sacudia sobre uma ponte, olhou para a superfície do lago, lisa como um espelho. Quando voltou a erguer a cabeça, olhou para o sol.

Estava prestes a entrar no elevador quando parou.

— Sobe? — disse o homem com o uniforme grená. Ele olhou para David insistentemente.

— Sobe? — disse. Então, fechou as portas.

David ficou imóvel. As pessoas começaram a se agrupar em torno dele.

Num instante, ele se virou e abriu caminho entre elas, passando pela porta giratória. O calor abafado de julho o envolveu. Caminhou ao longo da calçada como um sonâmbulo.

No quarteirão seguinte, entrou em um bar. Lá dentro estava frio e escuro. Não havia clientes. Nem mesmo o barman estava visível. David afundou-se num compartimento reservado e tirou o chapéu. Inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos. Não conseguiria fazer. Simplesmente, não podia ir até seu escritório. Não importa o que Jean diga, não importa o que qualquer um diga. Apertou as mãos na beirada da mesa e espremeu-as até que os dedos perderem a cor. Simplesmente, não podia.

— Posso ajudá-lo? — uma voz perguntou.

David abriu os olhos. O barman estava no compartimento reservado, olhando para ele.

— Sim, humm... uma cerveja — disse ele.

Detestava cerveja, mas sabia que tinha de comprar algo para ter o privilégio de se sentar naquele lugar fresco e silencioso, sem ser perturbado. Não quis beber.

O barman trouxe a cerveja e David pagou por ela. Então, quando o homem foi embora, começou a girar lentamente o copo sobre o tampo da mesa.

Enquanto fazia isso, aquilo começou de novo. Com um choque, interrompeu-o.

— Não! — disse ele, brutalmente.

Num instante, levantou-se e deixou o bar. Passava das dez. E claro que isso não importava. Sabiam que ele sempre se atrasava. Sabiam que ele sempre tentava escapar daquilo e nunca conseguia.

Seu escritório ficava na parte de trás do conjunto, um pequeno cubículo mobiliado apenas com um tapete, um sofá e uma mesa pequena, sobre a qual havia lápis e papel branco. Era tudo que precisava. Já tivera uma secretária, mas não gostara da ideia de ela ficar sentada do lado de fora, ouvindo-o gritar.

Ninguém o viu entrar. Entrou por uma porta reservada. Uma vez lá dentro, trancou novamente a porta e, em seguida, tirou o paletó e largou-o sobre a mesa. O escritório estava abafado e ele o atravessou e abriu a janela.

Lá embaixo, a cidade em movimento. Contemplou-a. Quantos deles?, pensou.

Suspirando pesadamente, ele se virou. Bem, estava ali. Não havia sentido hesitar mais tempo. Já estava comprometido. O melhor a fazer era acabar logo com aquilo e ficar livre.

Baixou a persiana, caminhou até o sofá e se deitou. Irritou-se um pouco por não encontrar uma boa posição para a almofada na qual apoiou a cabeça, mas, depois, esticou-se e ficou quieto. Quase imediatamente, sentiu suas pernas ficando dormentes.

Começou.

Desta vez, não cortou. Corria por seu cérebro como gelo derretido. Avassalador como o vento invernal. Girava como redemoinhos de neve. Saltou, correu, cresceu e explodiu; sua mente foi tomada. Enrijeceu o corpo e começou a arfar, seu peito sacudido pela respiração, o coração violentamente disparado. Suas mãos se contraíram como garras brancas, apertando e arranhando o sofá. Tremia, gemia, se contorcia. Finalmente, ele gritou. E gritou por um longo tempo.

Quando acabou, permaneceu deitado no sofá, lânguido e imóvel, olhos vidrados como bolas de cristal, congelado. Quando teve condições, ergueu o braço e consultou o relógio de pulso. Quase duas da tarde.

Esforçou-se para ficar de pé. Seus ossos pesavam como chumbo, mas conseguiu se arrastar até sua mesa e sentar-se. Ali, pôs-se a escrever em uma folha de papel e, quando terminou, desabou sobre a mesa.

Completamente exaurido, mergulhou em um sono profundo.

Mais tarde, acordou e levou a folha de papel ao seu superior, que, examinando-a, assentiu.

— Quatrocentos e oitenta e seis, certo? — disse o superior. — Você tem certeza?

— Tenho certeza — disse David, calmamente. — Assisti a cada um.

Não mencionou que Coulter e sua família estavam entre eles.

— Tudo bem — disse o seu superior. — Agora, vejamos. Quatrocentos e cinquenta e dois em acidentes de carro, dezoito por afogamento, sete de insolação, três por causa dos fogos de artifício, e seis de causas diversas.

Como a garotinha queimada até a morte, David pensou. Como o menino que tomaria formicida. Como a mulher eletrocutada; ou o homem picado por uma cobra.

— Bem — disse o superior —, vamos dizer que foram... deixe-me ver, quatrocentos e cinquenta. Sempre é impressionante quando morrem mais pessoas do que prevemos.

— Claro — disse David.

A estatística saiu na primeira página de todos os jornais da tarde.

Enquanto David voltava para casa, o homem em frente a ele se virou para o vizinho e disse:

— O que eu gostaria de saber é como eles calculam isso?

David se levantou e foi sentar no final do vagão. Durante todo o percurso até sua estação, ficou concentrado no som das rodas do trem, pensando no próximo feriado.


"O Incrível Homem que Encolheu: e Outras Histórias" - Richard Matheson - Osasco, SP - Novo Século Editora, 2010.

As Profecias de São Malaquias


Um dos mais obscuros profetas da Idade Média, São Malaquias, um monge irlandês que se tornou arcebispo de Armagh e primaz da Irlanda por volta de 1132, morreu em 1148. Mas suas profecias, encontradas na forma de anotações, foram recolhidas e publicadas pelo Vaticano em 1595.

As profecias de São Malaquias foram colocadas na forma de um registro papal, projetado a partir do século 12, com um comentário sobre cada um dos novos papas ou o caráter de seu papado. Muitas das profecias foram consideradas surpreendentemente pertinentes. O registro termina com "Pedro, o Romano", em um tempo que, segundo os cálculos, deverá coincidir com o final deste século, ou com a chegada do terceiro milênio.

Entre Pedro e alguém que parece ser o papa Pio XI, haverá seis outros chefes do Vaticano. Durante o papado de Pedro, "a cidade das Sete Colinas será destruída, e o Respeitável Juiz julgará seu próprio povo".

A história profética do papado sempre foi muito comentada entre teólogos católicos. Seu conhecimento pode ter contribuído para a visão reportada pelo papa Pio X em 1909. Saindo de um transe, ele disse:

- O que vejo é terrível. Serei eu mesmo... ou meu sucessor... o papa sairá de Roma e, depois de ter deixado o Vaticano, terá de caminhar sobre os cadáveres de seus padres.

O tempo, naturalmente, dirá se as terríveis profecias de São Malaquias serão realizadas.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

As Crianças Perdidas


Uma mulher desesperada por encontrar seus filhos perdidos é capaz de fazer qualquer coisa. Vejamos o caso de Joanne Tomchik, de Nova York, que perdeu seus filhos, de 3 e 5 anos de idade, quando foram raptados pelo ex-marido em 1972.

Fora de si, Joanne procurou a ajuda da polícia e até chegou a contratar detetives particulares. Mas um ano e 6 mil dólares em honorários depois, ainda não havia nenhuma pista sobre o paradeiro do marido ou das crianças.

Então ela ouviu uma transmissão radiofônica sobre Percepção Extra-Sensorial e decidiu recorrer à ajuda de um médium. O grupo responsável pelo programa de rádio indicou-a à sra. Millie Cotant, que olhou fixamente algumas fotos das crianças e finalmente teve uma visão: um trailer e uma caminhonete azul-clara com placas da Carolina.

Aquilo foi suficiente para a sra. Joanne Tomchik. Ela notificou a polícia da Carolina do Norte e do Sul, enviando aos dois Estados fotos dos filhos e do ex-marido. Um mês depois, em Wilson, Carolina do Norte, Andrew Tomchik foi localizado, morando com as crianças em um estacionamento próprio para trailers. Ele estivera usando uma caminhonete azul-clara.

Tomchik foi considerado culpado por violar o direito de visita aos filhos, e a sra. Joanne Tomchik ficou feliz ao tê-los de volta ao lar.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Fluxo Mediúnico


Alguns especialistas acreditam que recebemos impressões mediúnicas continuamente durante o dia, mesmo que essas mensagens jamais entrem em nosso consciente. Essa idéia era simplesmente uma teoria, até os anos 60, quando E. Douglas Dean, um engenheiro eletricista de Nova Jersey, decidiu demonstrá-la.

Partindo de algumas pesquisas realizadas anteriormente na antiga Tchecoslováquia, Dean usou duas pessoas para seus experimentos. O primeiro sujeito, o "receptor", foi colocado sozinho em uma sala, os dedos presos a um aparelho para medir o fluxo sangüíneo no corpo. Enquanto isso, em uma outra sala, o "emissor" começou a trabalhar.

Ele - ou ela - estudava uma série da cartões em branco ou então com um nome escolhido a esmo. Em geral, um nome significativo para o emissor ou para o receptor. Dean esperava que, quando o emissor ficasse estimulado ao deparar com um nome emocionalmente significativo, o receptor também reagiria. Tal reação seria demonstrada no gráfico do aparelho, que indicaria um aumento nas pulsações.

A experiência foi bem-sucedida, mas não da forma esperada. O que aconteceu foi que o fluxo sangüíneo do receptor reagiu quando o emissor olhou para nomes significativos para seu companheiro de experimento. Parecia que o subconsciente do sujeito estava constantemente vigilante durante o teste, à procura de quaisquer mensagens que pudessem ser importantes. Embora os sujeitos não estivessem cientes de quando os sinais de PES eram recebidos, seus corpos sutilmente reagiam a eles.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

A Levitação do Faquir

Louis Jacolliot

A Meditação Transcendental ganhou grande notoriedade nos anos 70, quando líderes do movimento declararam que seus praticantes podiam levitar. Mas, a despeito de todas as afirmações nesse sentido, nem um único adepto da MT foi visto flutuando acima do solo.

Isso, no entanto, não significa que os poderes da mente não possam ajudar uma pessoa a desafiar a gravidade. Existem testemunhos de levitação humana em vários momentos da história cultural do Oriente e do Ocidente.

Um dos mais impressionantes relatos data do início da segunda metade do século 19 e foi feito por Louis Jacolliot, um juiz francês que viajou muito pelo Oriente. De acordo com Jacolliot, seu interesse pela ioga aumentou quando conheceu um faquir chamado Covindasamy, em 1866. Os dois homens começaram a realizar experimentos mediúnicos juntos, e um dia, antes do almoço, Covindasamy decidiu fazer uma surpreendente demonstração ao amigo.

Escreveu o juiz em seu livro "Occult Science in Indian and Among the Ancients":

“O iogue estava caminhando em direção à porta da varanda quando, obviamente, mudou de idéia. O faquir parou junto à porta que dava para a escada dos fundos e, cruzando os braços, levitou - ou pelo menos foi o que me pareceu - gradativamente, sem nenhum apoio visível, até chegar a 30 centímetros acima do solo. Pude determinar a altura exata, graças a um marco no qual fixei meus olhos durante o curto espaço de tempo em que o fenômeno durou. Atrás do faquir havia uma cortina de seda com listras vermelhas, douradas e brancas de igual largura, e notei que os pés do faquir chegaram a subir à altura da sexta listra. Quando vi que ele começava a levitar, procurei fixar minha atenção.”

De acordo com Jacolliot, o faquir permaneceu levitando durante cerca de dez minutos, em cinco dos quais pareceu não mover nenhum músculo.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz